Archive for the ‘Língua Portuguesa Internacional’ Category

Articles

Assim (não) se vê a influência da Língua Portuguesa – Renato Epifânio

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 30 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , , ,

.
O presidente do Movimento Internacional Lusófono (MIL), Renato Epifânio, lançou críticas em opinião recentemente veiculada no jornal Público aos resultados de uma pesquisa sobre a influência mundial das línguas, conduzida por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês) dos EUA.

A pesquisa foi realizada mediante elaboração de mapas a partir de três grandes massas multilingues de dados: uma do Twitter, outra do Wikipédia e outra de uma lista de traduções literárias de livros impressos.

“Verificamos que a estrutura destas três redes globais de línguas está centrada na língua inglesa, como um eixo global, e ao redor de um punhado de línguas de um eixo intermediário, que inclui o espanhol, o alemão, o francês, o russo, o português e o chinês”, explicam os autores do estudo publicado em novembro de 2014 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos da América.

Renato Epifânio contesta os resultados desta investigação e alega que “muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão”, pois “estamos a falar de uma Língua com difusão na Europa, nas Américas, em África e na Ásia”.

O autor do artigo lamenta que, em virtude de muita divisão ainda reinante entre os países da Lusofonia no trato com a Língua comum e de muita relutância quanto ao princípio da gestão conjunta da Língua, “são os lusófonos os primeiros a não valorizar devidamente a sua cultura histórica”.

Mas ressalva que, em relação ao papel global da Língua Portuguesa, “o mais importante é essa capacidade ‘pontifícia’ (“construtora de pontes”) que a Língua e cultura portuguesa historicamente tiveram e que ainda hoje é reconhecida”.

Ventos da Lusofonia reproduz a seguir o artigo de opinião de Renato Epifânio, a criticar os resultados do estudo sobre o poder de influência das línguas no mundo. O artigo foi publicado na edição de 29 de dezembro de 2014 do jornal Público, de Portugal.  :::

.
*              *             *

–– Assim (não) se vê a influência
da Língua Portuguesa ––

Renato Epifânio,
do jornal Público (Portugal)
29 de dezembro de 2014

.
:::  Muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão.  :::

.
Num interessante artigo publicado no dia 22 de dezembro (Influência de uma língua mede-se pela capacidade de ligar línguas diferentes), o jornal Público reproduz os dados essenciais de um estudo saído na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Neste, defende-se que “ao contrário do que se poderia pensar, a influência global de uma língua mede-se principalmente pelo seu nível de ligação com outras línguas, e, em particular, pela sua capacidade de mediar a comunicação entre línguas que de outra forma não conseguiriam ‘falar’ entre si”.

Surpreendentemente, porém, à luz dessa premissa, a Língua Portuguesa aparece numa posição “intermédia”, quando deveria aparecer numa posição mais cimeira.

Se a premissa é, como no artigo se enfatiza, a “capacidade de estabelecer pontes entre línguas associadas a culturas por vezes muito diferentes e afastadas do ponto de vista geográfico”, então muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão: falando só dos países de Língua oficial portuguesa, estamos a falar de uma Língua com difusão na Europa, nas Américas, em África e na Ásia.

Se contarmos, como devemos contar, com as várias diásporas lusófonas e com outras regiões que, historicamente, mantiveram laços com o espaço de Língua Portuguesa, essa difusão geográfica alarga-se ainda mais.

Manifestamente, contudo, isso não foi tido em conta neste estudo – o seu coautor português, Bruno Gonçalves, chega mesmo a manifestar a sua “surpresa” pela “ligação [da Língua Portuguesa] à língua malaia”. Como se na Malásia não existisse, ainda hoje, uma significativa comunidade lusófona, em grande parte residente no chamado “Bairro Português de Malaca”, que tem preservado essa ligação à Lusofonia, mesmo com poucos ou nenhuns apoios oficiais.

A este respeito, não pode deixar de ser referida a Associação Coração em Malaca, sediada em Portugal, que, através dos seus membros – desde logo, da sua Presidente, Luísa Timóteo – não se tem cansado de manter essa ponte, que já levou, inclusive, a que alguns membros dessa comunidade tivessem estado recentemente em Portugal.

Este exemplo é, de resto, multiplicável a muitos outros países, sendo que o mais importante nem é sequer isso: o mais importante é essa capacidade pontifícia (“construtora de pontes”) que a Língua e cultura portuguesa historicamente tiveram e que ainda hoje é reconhecida – nomeadamente, no mundo árabe.

Daí o papel que a Lusofonia poderia hoje ter à escala global na resolução de alguns conflitos, inclusive de cariz religioso. Enquanto cultura em que desde sempre conviveram as “três religiões do Livro” – judaísmo, cristianismo e islamismo –, a cultura lusófona poderia dar um importante contributo para a paz mundial.

Infelizmente, contudo – importa reconhecê-lo –, são os lusófonos os primeiros a não valorizar devidamente a sua cultura histórica. Não surpreende, por isso, que muitos não lusófonos não a conheçam e que surjam mesmo estudos internacionais que façam tábua rasa dessa nossa cultura. Assim (não) se vê a “influência da Língua Portuguesa”.  :::

EPIFÂNIO, Renato. Assim (não) se vê a influência da Língua Portuguesa.
Extraído do jornal Público – seção Opinião
Lisboa, Portugal.
Publicado em: 29 dez. 2014.

Articles

Armando Guebuza defende Fundo Bibliográfico e maior acesso ao livro em Moçambique

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 27 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , ,

Da Agência Lusa e da AIM – Agência de Informação de Moçambique

.
Em 22 de dezembro de 2014, o presidente da República de Moçambique, Armado Guebuza, esteve presente à tomada de posse do novo presidente e do novo vice-presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa (FBLP) de Moçambique, Nataniel Ngomane e Gilberto Matusse, respectivamente.

O governante considerou que é necessário criar formas para garantir maior acesso ao livro no país, e recordou que a leitura é um “instrumento de transmissão do conhecimento”.

“O livro deve ocupar setor de destaque no vosso imaginário, procurando, deste modo, formas de garantir seu acesso a um crescente número de cidadãos e assegurar a sua permanente valorização como mecanismo de transmissão de conhecimento”, disse Armando Guebuza.

O chefe de Estado moçambicano defendeu a colaboração entre as instituições responsáveis pela educação e cultura, como forma de assegurar resultados na disseminação do gosto pela leitura entre os moçambicanos.

Nataniel Ngomane era diretor da Escola de Comunicação e Artes, da Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, e foi nomeado para o cargo de presidente do FBLP pelo presidente Armando Guebuza, após este ter exonerado Lourenço do Rosário do cargo de comando da instituição.

O FBLP foi criado em 1988 em Moçambique para a promoção, o ensino e a divulgação de obras literárias em Língua Portuguesa e para o incentivo à leitura. O órgão inicialmente envolveu apenas Portugal e Moçambique, mas tornou-se, dois anos mais tarde, uma instituição focada em todos os PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).  :::

.
–– Extraído da Agência Lusa e da AIM – Agência de Informação de Moçambique ––

Articles

“Vapear”, “vaporar”… Como dizer ‘vape’ em português?

In Defesa da Língua Portuguesa,Enriquecimento da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional on 22 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência Lusa e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

.
Em meados de novembro, a equipa de linguistas dos Dicionários Oxford – responsáveis pela pesquisa e elaboração de um dos mais renomados dicionários da língua inglesa – escolheu vape como a Palavra do Ano da Língua Inglesa de 2014.

De acordo com o Dicionário Oxford, os primeiros registros escritos de vape datam de 2009. A palavra, classificada como verbo, é uma abreviação de vapour ou de vaporize, significando “inalar e exalar vapor produzido por cigarro eletrónico ou dispositivo similar”.

Os cigarros eletrónicos (chamados em inglês também como personal vaporizer) são dispositivos com formato semelhante ao de cigarro e que funcionam com pilhas elétricas. Não contêm tabaco, mas contêm nicotina extraída da planta do tabaco. E não geram fumaça no ar, mas liberam um aerosol semelhante a um “vapor”: daí a origem do termo escolhido, inclusive para diferenciá-lo de fumar um cigarro convencional, com tabaco.

A palavra inglesa vape pode ser usada tanto como substantivo quanto como verbo, de acordo com postagem do blogue dos Dicionários Oxford. A definição de vape ficou registada nos dicionários de referência para a lexicografia nos Estados Unidos em agosto de 2014.

Derivado de vape, apareceram também o termo inglês vaping como o ato de “aspirar o vapor produzido por cigarros eletrónicos”, e o termo vaper, designando o “utilizador de cigarros eletrónicos”, como atesta o arquivo Buzzword, do Dicionário MacMillan. Todos estes vocábulos ganharam destaque na imprensa e nas redes digitais de língua inglesa em 2013, ganhando rápido uso corrente em âmbito internacional.

Levando-se em conta a vitalidade das línguas e a necessidade de encontrar nomes para designar novos conceitos, quais seriam os termos recomendados para, neste caso, traduzir vape para a Língua Portuguesa?

–– Aspirando da língua espanhola ––
Para traduzir vape para o português, a consultora do sítio Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, Sara Mourato, defende como termo possível a forma verbal “vapear“, inspirada no espanhol vapear.

O sítio da Fundação do Espanhol Urgente (Fundéu) faz também a observação de que, seguindo a norma espanhola, em vez de vapear, recomenda-se o verbo vaporear que já aparecia dicionarizada na língua castelhana com o sentido de “exalar vapores”, podendo daí abranger o significado de “exalar o vapor produzido por cigarros eletrónicos”.

–– “Vapear”, “vaporar”… ––
Voltando ao português, pergunta-se: que forma usar? Para Sara Mourato, isto “muito dependerá da popularidade deste processo de (não) fumar e do uso das suas denominações” – embora o conceito de vape, para um cigarro eletrónico que exala “vapor”, seja diferente do de “fumar”, para um cigarro com tabaco que exala fumaça.

Além de “vapear”, inspirado no espanhol, há a recomendação da especialista para se usar em português o verbo “vaporar“.

“O espanhol vaporear encontra o correspondente português ‘vaporar‘, que, ainda assim, é um bom candidato a designar esta moda, porque já há muito se encontra registado nos dicionários, na acepção de ‘exalar (vapores, fragrâncias etc.); recender'”, diz a consultora, usando o exemplo do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

Os primeiros registos de “vaporar” na Língua Portuguesa vêm do século XVI, diretamente do latim vaporare, e o termo já se encontrava como verbete dos primeiros grandes dicionários de Língua Portuguesa: o de Morais Silva e o de Caldas Aulete.

–– “Vapeador”, “vaporador”, “caneta vaporadora”… ––
“Quanto à tradução do vaper, é aceitável a forma ‘vapeador‘, mais uma vez com base em ‘vapear‘, mas, estando ‘vaporar‘ disponível, porque não ‘vaporador‘?” A especialista do Ciberdúvidas não recomenda o uso de “vaporizar”, nem de “vaporizador”, que fazem referência não ao “fumante”, mas ao aparelho, que converte líquido em “vapor”.

Com base na dica da consultora, sugere-se aqui ainda uma tradução para vape pen, que é um dos tipos de cigarro eletrónico, com formato assemelhado ao de uma caneta: pode ser “caneta vaporadora” ou “caneta vaporizadora“.  :::

.
–– Extraído da Agência Lusa e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa ––

Articles

Língua Portuguesa integrada ao ensino oficial nas escolas da Itália

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional on 21 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) e da Embaixada da República Portuguesa em Roma (Itália)

.
A partir do ano letivo de 2015-2016, a Língua Portuguesa estará integrada aos planos curriculares oficiais das escolas italianas. Duas universidades da Itália estão a organizar o processo de seleção destinado a preparar duas dezenas de professores para o ensino de Português Língua Estrangeira no país.

Através dos exames locais, em que são avaliadas as habilidades de comunicação escrita e oral em Língua Portuguesa, 20 futuros professores de português estarão integrados nos quadros escolares.

Os selecionados frequentarão um curso com disciplinas específicas para o ensino escolar da Língua Portuguesa.

–– Processo regionalizado de seleção de professores ––
A seleção e a formação dos novos professores de Língua Portuguesa estão a cargo da Libera Università degli Studi Internazionali, de Roma, e da Universidade Ca’ Foscari, de Veneza.

Cada uma das universidades cuidará da formação de 10 professores aprovados pela seleção, cujo processo é regionalizado. A universidade romana selecionará professores das regiões do Centro-Sul da Itália, e a instituição veneziana escolherá e treinará professores do Norte do país.

A integração do ensino de Língua Portuguesa ao currículo do ensino na Itália foi fixada pelo Decreto nº. 312, do Ministério da Instrução, da Universidade e da Pesquisa, da República Italiana, lançado em 16 de maio de 2014.

A prova preliminar de seleção nacional foi feita no mês de julho de 2014, com perguntas de escolha múltipla, que podem ser consultadas neste ficheiro descarregável do Ministério da Instrução, da Universidade e da Pesquisa, do governo italiano. Foram aprovadas no teste 13 pessoas em Roma e nove em Veneza.

Com esta iniciativa, “será possível ao Ministério da Educação italiano proceder à abertura de disciplinas desta área nos vários institutos escolares, catalisando a disseminação da Língua Portuguesa em Itália e legitimando a sua importância como Língua estrangeira no ensino italiano”, afirma um comunicado do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.  :::

.
–– Extraído do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) e da Embaixada da República Portuguesa em Roma (Itália) ––

Articles

Curso de tradução das Línguas Portuguesa e chinesa dos Institutos Politécnicos de Leiria e de Macau

In Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 20 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , ,

Da Agência Lusa
20 de dezembro de 2014

.
O Instituto Politécnico de Leiria (IPL) e o Instituto Politécnico de Macau (IPM) promovem em parceria há oito anos o Curso de Tradução e Interpretação Português-Chinês e Chinês-Português.

Esse curso especial de tradução já formou 114 tradutores e intérpretes, sendo 44 licenciados portugueses e 70 chineses, colocados em empresas privadas e instituições governamentais, dando-lhes habilidades de comunicação tanto na Língua Portuguesa quanto no chinês mandarim: a versão oficial adotada pela República Popular da China.

Iniciado em 2006, o Curso de Tradução e Interpretação Português-Chinês e Chinês-Português funciona em paralelo nas duas instituições: o primeiro e quarto ano no país de origem dos alunos e os dois anos intermédios em Portugal, para os chineses, e na China, para os portugueses.

“Essa é uma das mais-valias: potenciar a formação num contexto de imersão linguística”, disse à Agência Lusa a professora da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do IPL, Inês Conde, coordenadora do curso.

De acordo com Inês Conde, empresas privadas da área da tradução em Portugal, Brasil e Angola, órgãos de comunicação social da Região Administrativa Especial de Macau, universidades e entidades representantes do governo da República Portuguesa na China estão entre os organismos que têm garantido saídas profissionais aos alunos.

–– Diferenças de métodos de ensino de línguas ––
Durante as aulas, todos os alunos portugueses e chineses sentem as diferenças nas metodologias de ensino – conforme é praticado em Portugal ou na China –, embora Inês Conde sublinhe ser “mais difícil” aos alunos chineses assimilarem o método português do que o contrário.

“Os professores portugueses usam muito as estratégias criativas ou espontâneas de escrita ou produção oral, e os alunos chineses estão habituados a um sistema de mais memorização, repetição até de conteúdos e de estruturas gramaticais. Eles têm muita facilidade em estudar a gramática e sentem mais dificuldade na produção oral espontânea, sem preparação prévia”, explicou.

Já os portugueses, continuou, embora em geral adorem a experiência de estudar em Pequim e de sentir a “pulsão” da capital do país mais populoso do mundo – “o mar de gente que pulsa em Pequim todos os dias” –, relatam as diferenças encontradas na metodologia chinesa, “um tipo de ensino que requer muita disciplina, muito estudo, muito trabalho, muito treino linguístico”.

O feedback [retorno] que o Instituto Politécnico de Leiria tem dos responsáveis do seu congénere de Macau – com quem a parceria permitiu desenvolver uma “relação muito próxima com docentes e funcionários, quase familiar” – é o de que os alunos portugueses que ali demandam “são muito bons a aprender línguas estrangeiras”.

–– Alunos chineses são “muito respeitadores” e os portugueses, “mais informais” ––
No relacionamento com os professores, os alunos macaenses oriundos do Politécnico de Macau “têm uma relação muito cordial e muito formal”, principalmente no início do ano letivo. “Depois percebem que podem estar um pouco mais à vontade, mas são muito respeitadores, muito bem comportados nas aulas, respondem muito bem às solicitações dos docentes”, refere Inês Conde.

Os portugueses, esses, são mais informais, denotam “algumas características típicas” do país de origem, “nem sempre respeitam as horas de entrada nas aulas”, assinala, com um sorriso, a coordenadora do curso.

“Temos alunos que já falam chinês quase sem as marcas da sua origem, da sua língua materna. Têm-nos dito que trabalham e vão ao encontro das exigências que lhes são feitas na aprendizagem do mandarim”, frisou.

No regresso a Leiria, no quarto ano do curso, os professores de chinês destacados na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais “ficam muito contentes por perceberem que houve uma evolução enorme nos dois anos que passaram na China, e o trabalho que é feito já é de grande complexidade”.

No último ano os estudantes trabalham géneros textuais legais, administrativos, relacionados com a economia ou com a literatura “e conseguem atingir bons resultados”, manifestados, depois, nos estágios profissionais que se realizam no segundo semestre do quarto ano. “Fazem tradução de chinês para português e, se lhes pedirem, também de português para chinês”, revela.  :::

.
–– Extraído da Agência Lusa ––

Articles

A Língua Portuguesa resiste no Mercado Vermelho de Macau

In Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 19 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência Lusa
17 de dezembro de 2014

:::  Na esquina da Almirante Lacerda, todo o pescado é conhecido pelo seu nome português.  :::

.
No Mercado Vermelho, o mais icónico de Macau, a língua chinesa é rainha, mas ainda há quem recorra ao português para atrair clientes.

“Batata, tomate, cebola, alface, agrião, brócolos, couve-flor”, enumera Ana Wong, 56 anos, enquanto aponta, um a um, os legumes na sua banca.

Há mais de 30 anos que a vendedora tem o seu negócio no mercado – um dos mais antigos da cidade, estabelecido em 1936, e o único classificado como património cultural de Macau.

O seu português, que hoje não vai muito além dos nomes dos legumes e dos preços, aprendeu-o em aulas noturnas, que frequentou antes da transferência de administração [ocorrida em dezembro de 1999], quando, aos vinte e poucos anos, se mudou de Zhongshan, na China, para Macau.

“Tinha de aprender português porque contactava com os portugueses que iam fazer compras. Se não aprendesse, era difícil”, explica, com o auxílio de um tradutor. “Falo um bocadinho, mas não falo muito bem”, desculpa-se.

Antes de 1999, os clientes que dominavam o idioma eram “muitos”, mas agora são só “dois ou três”. Ainda assim, denota uma nova tendência: Depois da transferência, “muitos portugueses foram para Portugal. Mas agora é diferente: agora muitos vivem em Macau”.

Ao contrário do que acontecia no passado, já “surgem alguns portugueses que pedem os legumes em chinês”, apesar de maioritariamente serem “portugueses de lá casados com macaenses”. “Mas também há muitos portugueses que chegam a Macau e não querem falar chinês”, lamenta.

O negócio de família já correu melhor, diz, culpando o aumento do custo de vida que faz com que o rendimento, de mais de 20 mil patacas [ou 2 mil euros], “não dê para nada”.

Os preços dos legumes também subiram significativamente desde 1999, admite, com destaque para as batatas e hortaliças. “A hortaliça custava duas ou três patacas [20 ou 30 cêntimos], agora custa 16 ou 18 patacas o cate [1,6 ou 1,8 euros por 600 gramas]”, conta.

–– “Amigo, quer peixe?” ––
No andar de cima do mercado, na zona do peixe, fica a banca de Leong Chi Pong. Não há rosto ocidental que o vendedor de 59 anos deixe passar sem tentar a sorte. “Amigo, quer peixe?”, diz, em jeito de cumprimento.

Foi também de Zhongshan que veio, há mais de 30 anos, para Macau, com 26 anos. “Tinha de trabalhar. Por isso vim vender peixe”, resume.

O idioma aprendeu-o com os clientes. “Os portugueses vinham comprar, precisavam de sardinhas ou perguntavam ‘Tem salmão?’. Foi assim que aprendi”, conta.

O português pode falhar em conversas mais gerais, mas, no que toca ao pescado, Leong Chi Pong não erra uma. “Salmão, corvina, lula, choco, polvo, cabeça, filete”, enumera, sorridente, emoldurado pelos icónicos candeeiros vermelhos, típicos dos mercados chineses, que pendem sobre a sua banca.

Os clientes portugueses habituais já não são tantos como antes, apenas “três ou quatro”, mas conhece-os pelo nome, como “o Manel e o Branco”. São também seus clientes os chefs do restaurante do Instituto de Formação Turística.

Satisfeito com a profissão que escolheu, explica como usa ainda o pouco português que domina para ensinar aos clientes a confecionar os produtos. “Assado, caldeirada, forno”, exemplifica.

Lamenta que hoje haja menos portugueses a visitar o mercado, em comparação com os que havia há 15 anos. “Os portugueses têm mais o hábito do convívio quando compram, conversam mais, têm mais amizade”, comenta.

Também na sua seção, os preços têm subido “muito”, o que gera reclamações. “De vez em quando as pessoas queixam-se. Dizem :’Vende tão caro’. Mas não é minha culpa, é do fornecedor”, justifica, tentando por uma última vez perguntar: “Não quer peixe?”.  :::

.
–– Extraído da Agência Lusa ––

Articles

Japão: vencedores do Concurso de Eloquência recebem bolsa para estudar em Portugal

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional on 18 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal)
16 de dezembro de 2014

.
A Universidade de Estudos Estrangeiros de Quioto realizou a 32 ª edição do Concurso de Eloquência de Língua Portuguesa para estudantes universitários japoneses. O evento conta com o apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, que concede bolsas de estudo aos estudantes vencedores.

Apresentaram-se a concurso 17 estudantes japoneses representando os Departamentos de Português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Quioto, da Universidade de Estudos Estrangeiros de Tóquio, da Universidade Kanda de Estudos Internacionais, da Universidade de Osaka e da Universidade de Tenri.

As provas realizaram-se a 29 de novembro de 2014 e foram constituídas por um discurso memorizado sobre um tema de livre escolha e uma entrevista, ambos realizados em Língua Portuguesa.

Os vencedores das duas primeiras universidades classificadas – de Quioto e de Osaka – terão a oportunidade de estudar em Portugal no próximo ano letivo com as bolsas de estudo concedidas pelo Camões, IP.

Este concurso é um dos eventos académicos mais importantes no que respeita ao ensino e à divulgação da Língua Portuguesa no Japão.

.
–– Extraído do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) ––

Articles

Palavra do Ano de 2014 reacende polémica dos estrangeirismos no Português

In Defesa da Língua Portuguesa,Enriquecimento da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional on 15 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: ,

Da Agência Lusa e da Porto Editora

.
A Porto Editora promove pela sexta vez o concurso virtual da “Palavra do Ano”. A equipa de linguistas do Departamento de Dicionários da Língua Portuguesa da Porto Editora selecionou as dez palavras a serem votadas pelo público através da Internet como a “Palavra do Ano” de 2014. O anúncio da palavra vencedora ocorrerá em janeiro de 2015.

O objetivo do concurso na Internet é “enaltecer o património da Língua Portuguesa, sublinhando a importância das palavras e dos seus diferentes sentidos no nosso quotidiano”.

A seleção das palavras pela Porto Editora faz retomar um ponto polémico quanto ao léxico da Língua Portuguesa: pode uma palavra estrangeira, sem adaptações gráficas e de pronúncia, ser escolhida como símbolo da Língua Portuguesa?

Em comunicado, a Porto Editora afirma que a lista de palavras foi feita “com base em critérios de frequência de uso e de relevância assumida quer através dos meios de comunicação social e das redes sociais, quer da utilização dos dicionários da Porto Editora”, inclusive nas versões em linha (online) e para a Internet móvel (mobile).

Declara no mesmo comunicado que as dez palavras selecionadas – divulgadas em 1 de dezembro de 2014 – remetem assuntos de política, saúde, a guerra, hábitos sociais e estratégias de comunicação. Embora haja palavras de uso muito comum e costumeiro da Língua, há também as neologias, em que aparecem regionalismos e até uma palavra inglesa.

As dez palavras candidatas são “banco”, “basqueiro”, “cibervadiagem”, “corrupção”, “ébola”, “legionela”, “gamificação”, “jihadismo”, “selfie” e “xurdir”.

–– “Basqueiro” e “xurdir”: regionalismos do norte de Portugal ––
A palavra “basqueiro” aparece na lista, pois “surpreendeu a opinião pública quando foi utilizada pelo atual ministro da Economia num debate parlamentar”, usada em novembro pelo ministro António Pires de Lima na Assembleia da República, o Parlamento português: “‘Que basqueiro!’, como se diz no norte [de Portugal]. ‘Basqueiro’ é um termo utilizado na gíria do Porto, que eu aprendi quando vivi no Porto”, disse na mesma ocasião, explicando que a palavra é sinónima de “frenesim”.

Outro regionalismo que aparece na lista é “xurdir”, usada na região de Trás-os-Montes: “Talvez pelas circunstâncias socioeconómicas que o país atravessa, ou pela riqueza da Língua Portuguesa, verificou-se este ano um aumento significativo da utilização desta palavra, que significa ‘lutar pela vida; mourejar’.”

–– “Ébola” e “legionela”: surtos e infecções ––
A palavra “ébola” fez grande presença na mídia devido ao surto do vírus a atingir notadamente a África Ocidental, em países como Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria. “Tornou-se uma das preocupações das entidades públicas e das populações durante todo o ano”, refere a Porto Editora no comunicado.

Uma forte candidata é a palavra “legionela”, devido ao “inesperado surto” de infecções em Portugal causadas por bactérias do gênero Legionella, o que “fez com que o uso deste vocábulo se tornasse generalizado”.

–– “Banco” e “corrupção”: palavras corriqueiras da Língua ––
Na lista também aparecem palavras de uso corriqueiro da Língua Portuguesa. Os linguistas justificam a inclusão da palavra “banco” por “toda a polémica em torno da situação de uma conhecida instituição bancária, que colocou este vocábulo no centro do nosso quotidiano, levando ao aparecimento de expressões como ‘banco bom’ e ‘banco mau'”.

Outra palavra comum da Língua incluída na lista foi “corrupção”, pois ao longo do ano “foram sendo conhecidos vários casos de suspeita de corrupção em vários sectores da sociedade, envolvendo inclusive entidades e personalidades públicas”.

–– “Gamificação”, “jihadismo”: hibridismos ––
Há na lista hibridismos: palavras portuguesas derivadas de um termo de língua estrangeira. É o caso de “gamificação”. Para a equipa do concurso, “cada vez mais e em inúmeros contextos – educação, saúde, política, etc. – se faz uso de técnicas características de videojogos para resolver problemas práticos ou consciencializar ou motivar um público específico para um determinado assunto, uma estratégia que tem o nome de gamificação”.

O termo “gamificação” é um aportuguesamento do inglês gamification (derivada de game, “jogo”). Para o mesmo sentido em português, há também o termo “ludificação”.

A palavra “jihadismo” é derivada do árabe jihad, em referência à ação de grupos armados, notadamente os que se declaram de fé islâmica. “O afirmar do jihadismo no Iraque e na Síria, através da utilização dos média e das novas plataformas como formas de propaganda à escala global, colocou este movimento no topo da agenda mediática”, explica a Porto Editora.

–– Vida digital, “cibervadiagem” e o polémico “selfie ––
Há termos ligados à informática e à vida digital. A inclusão de “cibervadiagem”, ou o ócio em meio a trabalhos via Internet, explica-se pelo facto de a “utilização de plataformas digitais, como as redes sociais, com fins lúdicos durante o exercício de funções profissionais, ser cada vez mais frequente e um fenómeno que começa a ser objeto de análise jurídica”.

Porém, o mais polémico termo incluído na lista é a palavra inglesa “selfie” (derivada de self-portrait), que pode ser traduzida em português como “autorretrato” ou “autofoto”. Assim a Porto Editora justifica sua inclusão: “mais do que uma moda, mais do que uma tendência, as selfies fazem parte do nosso dia a dia, com presença constante nas redes sociais”.

A votação da “Palavra do Ano” 2014 será através do sítio de Internet Infopédia.pt e ocorre “até ao último segundo” de 31 de dezembro de 2014.

Nas edições anteriores, as palavras escolhidas foram “esmiuçar” em 2009, “vuvuzela” em 2010, “austeridade” (2011), “entroikado” em 2012 e “bombeiro” em 2013.  :::

.
–– Extraído da Agência Lusa e da Porto Editora ––

Articles

A diversidade nas palavras e sotaques de uma Língua cada vez mais integrada

In Língua Portuguesa Internacional,Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 13 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , , ,

.
A Língua Portuguesa é dos poucos idiomas que têm caráter internacional e uso oficial nos cinco continentes. Abrange vasta área geográfica ao redor do mundo e convive com as mais diversas realidades culturais.

Desde o período das Grandes Navegações portuguesas dos séculos XV e XVI, a Língua Portuguesa foi levada para os locais mais remotos do mundo e serviu como canal de comunicação entre culturas distintas. O resultado disso é o facto de ser enriquecida com grande vocabulário e sotaques diversos que dão características locais à Língua em cada região onde é falada.

E, por conseguinte, a “Língua filha ilustre do Latim” fortalece a sua identidade transcultural, como uma Língua de expressão mundial. Mas, ainda assim, é importante que iniciativas sejam dadas para a sua expansão, como o Acordo Ortográfico de 1990 que uniformiza as regras de escrita da Língua Portuguesa em todo o mundo.

A implantação do Acordo permitirá a troca entre os países de materiais escritos na mesma Língua e facilitará o aprendizado da Língua no exterior e a sua adoção por organismos internacionais.

A seguir, uma reportagem da Agência Brasil sobre a variedade do vocabulário da Língua Portuguesa, os aspectos locais que a Língua assume em cada país e a importância da promoção do ensino da Língua e das novas regras internacionais de ortografia.  :::

.
*              *             *
–– Regionalismos distinguem português brasileiro do africano ––

Da Agência Brasil

:::  Termos e modo de falar dos países de Língua Portuguesa apresentam variações e enriquecem o idioma tornando-o mais diversificado.  :::

.
Camba? Kumbu? Kota? Você pode não saber, mas essas são palavras da língua portuguesa faladas em Angola, país da costa sudoeste da África colonizado por portugueses. Esses são termos usados para designar, respectivamente, “amigo”, “dinheiro” e “pessoa mais velha e respeitável”, e são uma pequena amostra de como a Língua Portuguesa tem variações que podem torná-la incompreensível até mesmo para seus falantes.

Há também casos de palavras que existem no português brasileiro e que podem gerar confusão em uma conversa com um angolano. “Geleira”, por exemplo, que no Brasil significa uma grande massa de gelo formada em lugares frios, em Angola, significa “geladeira”.

Angola é apenas um dos oito países –(1)– de Língua Portuguesa espalhados pelo globo. Além do Brasil, de Portugal e de Angola, o português é a Língua nacional de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, São Tomé e Príncipe e do Timor-Leste, localizado no arquipélago indonésio, entre a Ásia e a Oceania.

Cada lugar tem um falar distinto, que torna o português, assim como outras línguas globais, um idioma rico e diversificado. Em alguns países, o português apresenta variações de sotaque e vocabulário, como é o caso das diferenças na forma de se expressar dos falantes do Nordeste, Sul e Sudeste do país [do Brasil].

O escritor e linguista Marcos Bagno, professor do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, explica que a Língua Portuguesa foi levada para vários lugares do mundo por meio das conquistas marítimas de Portugal. Aos poucos, essa Língua foi assumindo características próprias em cada comunidade.

“O que ainda nos mantém mais ou menos em contato fácil é a Língua escrita formal, que é mais conservadora e tenta neutralizar as diferenças entre os modos de falar característicos de cada país”, destacou. “Faço parte de um grupo cada vez maior de pesquisadores que afirmam que, sim, o português brasileiro é uma Língua diferente do português europeu, depois de mais de 500 anos de divergência.”

–– Acordo Ortográfico e expansão da Língua no mundo ––
Recentemente, houve um movimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para aproximar a escrita desses países. O resultado foi a assinatura de um Acordo internacional para a implantação de uma ortografia unificada –(2)–. Todos os oito países assinaram e sete deles já ratificaram o documento. Apenas em Angola, o Acordo encontra barreiras políticas.

Segundo o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Gilvan Müller de Oliveira, que foi diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) da CPLP por quatro anos (entre 2010 e 2014), o Acordo Ortográfico, o aumento do fluxo de pessoas entre esses países e a expansão do sistema educacional dos países da África e do Timor-Leste deverão ajudar no crescimento do número de falantes.

“Nesses países, uma parte muito grande da população não é falante do português. Eles falam outras línguas. Em Moçambique hoje, 50% da população não falam português. O português passa por um período de crescimento importante, porque finalmente esses países terminaram suas guerras civis, o sistema de ensino foi reestruturado e também os meios de comunicação. Pela previsão das Nações Unidas, todos os cidadãos falarão português nesses países a partir de 2050”, disse Müller.  :::

.
*              *             *

–– Notas: ––
–(1)–  Atualmente, são nove os países que tem como Língua oficial o português: em 2011, a Guiné Equatorial adotou o português como uma das Línguas oficiais ao lado do espanhol e do francês.

–(2)–  Trata-se do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que foi elaborado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990 e que unifica as regras de escrita da Língua em todo o mundo.

.
–– Extraído da Agência Brasil ––

Articles

IV Congresso da AILP em Macau: o Português na Ásia e seu caráter de “Língua-legião”

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 9 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , ,

Da AILP – Associação Internacional de Linguística do Português e do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa

.
Entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2014, realizou-se em Macau, no sul da China, o IV Congresso da Associação Internacional de Linguística do Português (AILP). O evento foi realizado no Departamento de Português da Universidade de Macau, no novo câmpus da instituição, situado na Ilha da Montanha (ou Hengqin, em seu nome chinês).

Um dos grandes objetivos do Congresso da AILP é investigar a presença da Língua Portuguesa na Ásia nos chamados “ambientes de superdiversidade”, com o fim do contexto colonial e o surgimento do conceito de Lusofonia.

O evento reuniu cerca de 150 linguistas, professores de português, pesquisadores e diretores de institutos de Língua Portuguesa dos mais variados países da Ásia, que abordaram sobre o ensino e a promoção da Língua no continente.

–– O Português como uma “Língua-legião” ––
O congresso também destacou o português como uma Língua pluricêntrica. O comunicado oficial da AILP na Internet sublinhou que “a onda mais recente de investigações socioculturais em e sobre a língua portuguesa, desenvolvidas na Ásia especialmente na Universidade de Macau, tem evidenciado novas marcas e tonalidades que evidenciam o português como uma Língua transnacional”.

“É insustentável falar em línguas puras, homogéneas, associáveis a um povo específico e faladas, com exclusividade, em um território circunscrito”, prossegue o comunicado, explicando o que é a “superdiversidade da Língua Portuguesa”.

“Assim, o que sobretudo precisa ser sublinhado é a ideia de uma Língua-legião: porque são muitas as Línguas Portuguesas. E como vêm sendo faladas por sujeitos com heranças linguísticas e culturais imprevisíveis, na Ásia e em outros espaços, vão sendo alimentadas, (re)criadas, e, assim, vão se manifestando saudáveis, mestiças, carregadas com as contradições dos seus falantes”, conclui o texto da AILP.

–– “Como está a Língua Portuguesa na Ásia?” ––
“Este congresso foi pensado para refletir a Língua Portuguesa na Ásia, porque sabe-se muito pouco sobre a região. À exceção de Macau, que é uma referência para toda a Ásia, sabemos muito pouco sobre o que acontece na Indonésia ou Malásia”, declarou no comunicado de abertura do evento o presidente da AILP e professor da Universidade de Macau, Roberval Teixeira e Silva.

“Como a perspectiva dos Países de Língua Portuguesa é cada vez mais promissora em termos mundiais, a Língua vai aparecendo e brotando em mais espaços”, explicou o docente, ao realçar a importância de se saber o “é que está acontecer com a Língua Portuguesa? Como é que funciona e que tipo de imagem existe sobre ela?”

–– Documentos em defesa do Português na Ásia ––
O congresso lançou um movimento inicial para gerar um documento direcionado às instituições de ensino e de pesquisa, públicas e privadas, em apoio às investigações sobre a Língua Portuguesa em seus mais variados usos na Ásia.

“Queríamos trazer pesquisadores de cada país para fazer um documento, que fosse útil para embaixadas, consulados, governos, instituições de fomento, no sentido de apoiar mais iniciativas ligadas à Língua Portuguesa, não apenas em termos de pesquisa, mas também em atividades culturais”, destacou Roberval Teixeira e Silva.

Entre as metas da AILP nesse sentido, pretende-se promover um encontro de líderes asiáticos envolvidos com a Língua Portuguesa, para a elaboração de um documento oficial em português nos diferentes países do continente. Será ainda lançado um livro a reunir as palestras dos especialistas asiáticos presentes ao congresso, cujo título provisório é o tema do evento: A Língua Portuguesa na Ásia sob a Perspectiva da Superdiversidade: Ensino, Pesquisa e Difusão.

–– Sobre a AILP ––
A Associação Internacional de Linguística do Português (AILP), sem fins lucrativos e de caráter científico e de promoção cultural, foi criada em 2001 pelos esforços conjuntos da Associação Brasileira de Linguística e da Associação Portuguesa de Linguística.

Seus congressos anteriores foram realizados na Universidade de Lisboa, em 2003, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2007, e na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, Brasil, em 2010.

O IV Congresso da AILP, na Universidade de Macau, contou também com os apoios do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), da Fundação Oriente (de Macau, China) e da Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira (SIPLE).  :::

.
–– Extraído da AILP – Associação Internacional de Linguística do Português e do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa ––

Articles

Jorge Sampaio: CPLP “podia aproveitar melhor” vantagem de ter uma Língua comum

In Língua Portuguesa Internacional,Lusofonia e Diversidade on 8 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência Lusa
4 de dezembro de 2014

.
O antigo Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, esteve presente na sessão de abertura da Conferência da Aliança Progressista, que decorreu em Lisboa nos dias 4 e 5 de dezembro de 2014.

Jorge Sampaio considerou que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) “podia aproveitar melhor” o fato de ter uma Língua comum, defendendo mais políticas concertadas de cooperação para o desenvolvimento.

“Na CPLP, podemos aproveitar melhor o fato de termos uma Língua comum, com a revitalização destes fóruns em torno de uma agenda forte com prioridades comuns, da Língua aos oceanos, da cooperação à investigação, e isso podia ser portador de mudanças reais na vida de milhares ou milhões de pessoas”, disse o ex-presidente da República Portuguesa entre 1996 e 2006.

Para o antigo chefe de Estado português, a complementaridade de recursos, de instrumentos e de capacidades que existe no espaço da CPLP e de outros organismos similares obriga a “políticas concertadas de cooperação para o desenvolvimento movidas pela luta contra as desigualdades e que garantam que os jovens consigam ter acesso a mais oportunidades”, sendo crucial o desenvolvimento de “um novo paradigma da cooperação”.

Em sua intervenção, Jorge Sampaio passou em revista algumas das suas reflexões sobre o desenvolvimento e os grandes problemas que o mundo enfrenta, sublinhando a importância da “cooperação regional, onde há tanto por fazer”, e da apreensão que sente com a falta de solidariedade não só entre as gerações, mas também entre os mais ricos e os mais pobres.

A este propósito, salientou que os 85 multimilionários apontados pela organização internacional de ação social Oxfam detêm o mesmo valor que os 50% mais pobres da população mundial, o que significa – disse ele – que “85 pessoas têm os mesmos recursos que os 3,5 mil milhões de pessoas”.  :::

.
–– Extraído da Agência Lusa ––

Articles

EUA: Universidade de Massachusetts em Lowell terá licenciatura em Língua Portuguesa

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional on 7 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Da Agência Lusa e da rede TVI (Portugal)
6 de dezembro de 2014

.
A Universidade de Massachusetts em Lowell, no nordeste dos EUA, quer lançar uma licenciatura em Língua Portuguesa. Durante os próximos três anos, a instituição universitária norte-americana vai receber uma série de professores convidados nacionais com o objetivo de ajudar a construir o curso.

De acordo com a universidade, o programa de estudos vai ser inaugurado na primavera de 2015 com Ana Valdez, investigadora do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que está a realizar um pós-doutoramento na Universidade de Yale e já lecionou na Universidade Brown (do Estado de Rhode Island) e na Universidade Colúmbia de Nova York.

A professora portuguesa vai dar início ao projeto com uma disciplina intitulada “A Primeira Globalização: os Portugueses e a Era dos Descobrimentos”, que ilustrará “a história de Portugal e o seu papel no primeiro movimento mundial de globalização, com a expansão da Península Ibérica para África, as Américas e a Ásia, incluindo a chegada dos primeiros europeus ao Japão em 1543”.

Além disso, o programa de Língua Portuguesa daquela universidade norte-americana vai ainda oferecer aos alunos três cursos de línguas no segundo semestre e um curso de estudos de cinema lusófono.

–– Universidade tem Centro de Estudos Portugueses e Culturais ––
Recorde-se que, neste outono de 2014, a Universidade de Massachussets deu já início a um programa de escritores residentes na Universidade com participação portuguesa. A escritora e jornalista lusa Filipa Melo foi a primeira autora escolhida, tendo, em novembro, dado uma palestra com o tema “Whitman e Pessoa, Irmãos no Universo”.

O novo programa de estudos portugueses é possível graças ao apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e do Centro Saab-Pedroso para os Estudos Portugueses e Culturais, adianta a universidade.

O Centro Pedroso-Saab para Estudos Portugueses e Culturais, dirigido pelo professor Frank F. Sousa, foi criado em Massachusetts no ano passado e com a contribuição de Luís Pedroso e do casal Mark Saab e Elisia Saab, empresários de origem portuguesa que doaram cerca de 850 mil dólares (660 mil euros) para o projeto.

O centro de estudos tem parcerias com as universidades de Lisboa e de Braga e permite aos alunos da Universidade de Massachusetts em Lowell frequentarem aulas de português ou fazerem trabalhos de investigação em parceria com as universidades portuguesas, nomeadamente nas áreas da nanotecnologia e das tecnologias amigas do ambiente.  :::

.
–– Extraído da Agência Lusa e da rede TVI (Portugal) ––