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In Uncategorized on 31 de Dezembro de 2014 by ronsoar

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Assim (não) se vê a influência da Língua Portuguesa – Renato Epifânio

In Defesa da Língua Portuguesa, Língua Portuguesa Internacional, O Mundo de Língua Portuguesa on 30 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , , , , , ,

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O presidente do Movimento Internacional Lusófono (MIL), Renato Epifânio, lançou críticas em opinião recentemente veiculada no jornal Público aos resultados de uma pesquisa sobre a influência mundial das línguas, conduzida por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês) dos EUA.

A pesquisa foi realizada mediante elaboração de mapas a partir de três grandes massas multilingues de dados: uma do Twitter, outra do Wikipédia e outra de uma lista de traduções literárias de livros impressos.

“Verificamos que a estrutura destas três redes globais de línguas está centrada na língua inglesa, como um eixo global, e ao redor de um punhado de línguas de um eixo intermediário, que inclui o espanhol, o alemão, o francês, o russo, o português e o chinês”, explicam os autores do estudo publicado em novembro de 2014 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos da América.

Renato Epifânio contesta os resultados desta investigação e alega que “muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão”, pois “estamos a falar de uma Língua com difusão na Europa, nas Américas, em África e na Ásia”.

O autor do artigo lamenta que, em virtude de muita divisão ainda reinante entre os países da Lusofonia no trato com a Língua comum e de muita relutância quanto ao princípio da gestão conjunta da Língua, “são os lusófonos os primeiros a não valorizar devidamente a sua cultura histórica”.

Mas ressalva que, em relação ao papel global da Língua Portuguesa, “o mais importante é essa capacidade ‘pontifícia’ (“construtora de pontes”) que a Língua e cultura portuguesa historicamente tiveram e que ainda hoje é reconhecida”.

Ventos da Lusofonia reproduz a seguir o artigo de opinião de Renato Epifânio, a criticar os resultados do estudo sobre o poder de influência das línguas no mundo. O artigo foi publicado na edição de 29 de dezembro de 2014 do jornal Público, de Portugal.  :::

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–– Assim (não) se vê a influência
da Língua Portuguesa ––

Renato Epifânio,
do jornal Público (Portugal)
29 de dezembro de 2014

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:::  Muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão.  :::

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Num interessante artigo publicado no dia 22 de dezembro (Influência de uma língua mede-se pela capacidade de ligar línguas diferentes), o jornal Público reproduz os dados essenciais de um estudo saído na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Neste, defende-se que “ao contrário do que se poderia pensar, a influência global de uma língua mede-se principalmente pelo seu nível de ligação com outras línguas, e, em particular, pela sua capacidade de mediar a comunicação entre línguas que de outra forma não conseguiriam ‘falar’ entre si”.

Surpreendentemente, porém, à luz dessa premissa, a Língua Portuguesa aparece numa posição “intermédia”, quando deveria aparecer numa posição mais cimeira.

Se a premissa é, como no artigo se enfatiza, a “capacidade de estabelecer pontes entre línguas associadas a culturas por vezes muito diferentes e afastadas do ponto de vista geográfico”, então muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão: falando só dos países de Língua oficial portuguesa, estamos a falar de uma Língua com difusão na Europa, nas Américas, em África e na Ásia.

Se contarmos, como devemos contar, com as várias diásporas lusófonas e com outras regiões que, historicamente, mantiveram laços com o espaço de Língua Portuguesa, essa difusão geográfica alarga-se ainda mais.

Manifestamente, contudo, isso não foi tido em conta neste estudo – o seu coautor português, Bruno Gonçalves, chega mesmo a manifestar a sua “surpresa” pela “ligação [da Língua Portuguesa] à língua malaia”. Como se na Malásia não existisse, ainda hoje, uma significativa comunidade lusófona, em grande parte residente no chamado “Bairro Português de Malaca”, que tem preservado essa ligação à Lusofonia, mesmo com poucos ou nenhuns apoios oficiais.

A este respeito, não pode deixar de ser referida a Associação Coração em Malaca, sediada em Portugal, que, através dos seus membros – desde logo, da sua Presidente, Luísa Timóteo – não se tem cansado de manter essa ponte, que já levou, inclusive, a que alguns membros dessa comunidade tivessem estado recentemente em Portugal.

Este exemplo é, de resto, multiplicável a muitos outros países, sendo que o mais importante nem é sequer isso: o mais importante é essa capacidade pontifícia (“construtora de pontes”) que a Língua e cultura portuguesa historicamente tiveram e que ainda hoje é reconhecida – nomeadamente, no mundo árabe.

Daí o papel que a Lusofonia poderia hoje ter à escala global na resolução de alguns conflitos, inclusive de cariz religioso. Enquanto cultura em que desde sempre conviveram as “três religiões do Livro” – judaísmo, cristianismo e islamismo –, a cultura lusófona poderia dar um importante contributo para a paz mundial.

Infelizmente, contudo – importa reconhecê-lo –, são os lusófonos os primeiros a não valorizar devidamente a sua cultura histórica. Não surpreende, por isso, que muitos não lusófonos não a conheçam e que surjam mesmo estudos internacionais que façam tábua rasa dessa nossa cultura. Assim (não) se vê a “influência da Língua Portuguesa”.  :::

EPIFÂNIO, Renato. Assim (não) se vê a influência da Língua Portuguesa.
Extraído do jornal Público – seção Opinião
Lisboa, Portugal.
Publicado em: 29 dez. 2014.

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Oportunidades e proximidade cultural atraem brasileiros para Angola

In Lusofonia e Diversidade, O Mundo de Língua Portuguesa on 29 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , ,

Michèlle Canes
da Agência Brasil
28 de dezembro de 2014

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Localizada na região ocidental da África, Angola tem 18 milhões de habitantes, de acordo com a embaixada do país no Brasil. Com a história marcada por uma longa guerra civil, os angolanos conheceram a paz em 2002 e precisaram reconstruir o país.

Apesar das dificuldades, muitos brasileiros veem o país como um lugar acolhedor e que oferece boas oportunidades. Hoje, aproximadamente 30 mil brasileiros vivem no país africano, segundo a Embaixada do Brasil em Luanda, capital angolana. O fator que mais atrai brasileiros é o trabalho.

“Hoje a gente tem pessoas em todas as áreas. Desde cabeleireiros, manicures a engenheiros, pessoal de música. Tudo. Fora a mão de obra mais específica para a construção civil, para a área do petróleo”, conta o fotógrafo Sérgio Guerra, que vive há 17 anos no país.

“Inicialmente foi o trabalho que me atraiu. Aqui, a gente consegue entender a sociedade [angolana], as demandas da população.” Sérgio viajou por todo o país e conheceu pessoas e realidades diferentes durante o período de guerra civil. “E isso foi me aproximando do país, da cultura, das pessoas. Eu, que já vinha da Bahia, com uma referência de África muito forte, só fui confirmando essa estreiteza de afinidades.”

–– “Grande significado e respeito” para o professor em Angola ––
O professor e especialista em marketing [análise de mercados] Cláudio de Holanda Santos também foi a Angola para trabalhar, e acabou se apaixonando pelo país. Em Angola há 12 anos, ele conta que chegou logo depois do fim dos conflitos para trabalhar como coordenador de um projeto de reinserção social de ex-militares por meio de formação profissional. O projeto, que contava com o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ajudou na formação de 38 mil ex-militares.

O resultado do trabalho rendeu novas oportunidades, e o administrador ajudou também a fundar a Escola Nacional de Administração, um trabalho conjunto com o governo local e a Fundação Getúlio Vargas [do Brasil].

Ele lembra que um dos pontos que chamam a atenção, mesmo depois de tanto tempo, é o interesse da população angolana pelo desenvolvimento. “Aqui, uma necessidade deles é aprender. O professor passa a ter um papel com grande significado e respeito. Isso me deixou apaixonado, e é a razão de estar aqui até hoje.”

Cláudio também destaca a aposta do país no investimento em educação. “Eles sabem que não basta ter informação: é importante ter o conhecimento. Muitos estrangeiros estão explorando várias áreas, e o angolano precisava ter condições de tocar o seu país. Por isso, eles estão mandando vários jovens angolanos para toda parte do mundo para aprender.”

–– “Tem muita coisa parecida” ––
A cultura, as belas praias e a alegria do povo são pontos de destaque entre as semelhanças entre o Brasil e Angola. Milena Vieira chegou ao país há sete anos para prestar assessoria na área de saúde.

Hoje, a enfermeira virou empresária. “Eu não tive dificuldade nenhuma de adaptação. Morei na Bahia e no Rio de Janeiro, e vejo que aqui, na capital, tem muita coisa parecida. Quando eu estou no Rio de Janeiro, até brinco dizendo que parece que estou em Luanda. Tem muita coisa parecida.”

Por ser um país em reconstrução, as oportunidades surgem a todo o momento. “Eu via que faltava tudo no país. Tinha muita coisa a ser trabalhada. E me chamou a atenção uma vez que eu precisei fazer um carimbo, e o custo era muito alto”, conta Milena. A necessidade virou negócio. Hoje ela vende carimbos e chaves.

–– Cidades inteiras a ser construídas do zero ––
Cláudio destaca que, com o acordo de paz de 2002, o país passou a ter que construir tudo que havia sido destruído pela guerra. “Estão começando as indústrias agora. Estão começando os serviços agora. Tudo está começando.”

A área de construção é uma das que mais chamam a atenção. Sérgio diz que o nível de crescimento do país é grande e que, nos últimos sete anos, novas cidades foram construídas do zero. “São cidades inteiras com edifícios e estrutura urbana, todas feitas nos últimos oito anos, sete anos. São essas possibilidades que dão oportunidades aos brasileiros e às empresas brasileiras.”

–– Angola ainda tem muito a crescer ––
Apesar das oportunidades, as dificuldades ainda são muitas. Brasileiros que vivem no país ressaltam que é possível perceber a melhora na estrutura de Angola, mas que ainda há muito a ser feito. “Problemas básicos. Ninguém consegue se livrar dos geradores, dos problemas com água. Ainda temos muitos problemas com abastecimento”, afirma Sérgio Guerra.

Custo de vida alto, falta de lazer, engarrafamentos e problemas sociais decorrentes da guerra também são constantes na vida dos angolanos. Para os brasileiros, o país ainda tem muito a crescer.

“Viemos com um objetivo: é trabalho mesmo. Ninguém vem para cá desfrutar das belezas naturais, infelizmente, ainda. E acredito que essas coisas devem mudar. Mudou muito. Cinco anos atrás, não tínhamos nada, e mudou bastante. A tendência é que fique melhor com o passar dos anos”, diz Milena.

“Hoje é um país muito diferente daquele que eu conheci. É um país que tem estabilidade econômica, a inflação está controlada, o país tem comprometimento com a institucionalidade, o que abre muitas possibilidades de trabalho e de relações internacionais”, enfatiza Guerra.  :::

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CANES, Michèlle. Oportunidades e proximidade cultural atraem brasileiros para Angola.
Extraído da Agência Brasil.
Publicado em: 28 dez. 2014.

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Língua comum e trabalho fazem angolanos virem para o Brasil

In Lusofonia e Diversidade, O Mundo de Língua Portuguesa on 28 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , ,

Isabela Vieira
da Agência Brasil
26 de dezembro de 2014

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Rio de Janeiro — Bilongo Lando Domingos, 32 anos, é cabeleireiro e há 13 anos mora no Rio de Janeiro. Angelina Sissa João, 26 anos, é estudante e desembarcou há dois anos na cidade para estudar marketing [análise de mercados]. Cabingano Manuel é jornalista, com especialização em administração, e chegou há quatro anos para trabalhar como correspondente de uma emissora de TV. Todos são angolanos e escolheram o Brasil em busca de melhores condições de vida e de oportunidades profissionais.

De acordo com o Ministério da Justiça brasileiro, vivem no Brasil cerca de 12,5 mil angolanos, sendo 3,7 mil residentes. Boa parte chegou ao Rio e a São Paulo durante a guerra civil naquele país, entre 1990 e o início de 2000, quando o Brasil concedia refúgio àqueles que deixavam o país. É o caso de Bilongo, que saiu de Luanda, capital de Angola, para não ser recrutado.

“Eu queria muito sair. O país estava em guerra, e nós, jovens, naquela época com 16 e 17 anos, com porte físico, éramos alvo, no sentido de que as Forças Armadas do país precisavam de jovens para poder lutar, e eu não queria isso. Aquela guerra não valia a pena”, contou Bilongo, que hoje é cabeleireiro especializado em cortes masculinos estilizados, no centro da capital fluminense.

Ele escolheu o Brasil pela Língua e pela proximidade cultural. “Os brasileiros têm muito respeito por nós, se identificam com a música, as cores, o jeito de ser”, lista.

Angelina Sissa veio em busca de qualificação profissional. Incentivada por parentes que estudaram no Rio e voltaram para Angola, ela se matriculou em marketing. “O Brasil tem mais experiência nessa área.” Há dois anos ela estuda em uma universidade particular e mora na Tijuca, na Zona Norte [da Cidade do Rio de Janeiro]. Para Angelina, a escolha pelo Brasil também se deve à proximidade cultural.

“O ambiente aqui é próximo ao de Angola: a maneira de ser [dos brasileiros] não foge muito [do que é em Angola]. São pessoas abertas, que gostam de conversar, simpáticas”, destacou.

Cabingano Manuel chegou para fazer mestrado em comunicação e cursar pós-graduação em administração. De correspondente internacional no continente americano, ele foi alçado a representante da Televisão Pública de Angola (TPA). Jornalista, revelou que conheceu o Brasil dando palestras na Bahia e há quatro anos resolveu vir para morar com a família. “Minha decisão de vir foi primeiramente acadêmica, só depois disso vieram as outras coisas [o trabalho]”, disse.

Manuel também assegura que as semelhanças entre a cultura brasileira e a angolana foram determinantes em sua decisão. “É muito mais prático reencontrar-me, adaptar-me ao Brasil do que a Portugal ou a outro país: as ruas, as pessoas, os hábitos e costumes são muito parecidos aos de Angola e, particularmente, aos de Luanda”, revelou. Entre seus programas favoritos de fim de semana, estão caminhar na Praia de Copacabana e visitar pontos turísticos.

–– “O acolhimento pelo Brasil deu certo” ––
A facilidade de se comunicar – os dois países têm a Língua Portuguesa como idioma oficial – ajudou a atrair os imigrantes, diz Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) –(*)–. Por causa da guerra, o Brasil chegou a receber cerca de 1,7 mil angolanos e, durante muitos anos, eles foram o maior grupo de refugiados no país.

“Essa população [de refugiados no Brasil] foi diminuindo. Hoje, os angolanos são o terceiro maior grupo, entre os cerca de 7,2 mil refugiados, de 80 nacionalidades. A maioria é formada de pessoas vindas da Síria [1,2 mil] e da Colômbia [1 mil]”, informou Godinho. O número de angolanos com refúgio – que atualmente está em 873 – tende a cair mais, uma vez que eles têm trocado essa condição pela residência.

O porta-voz da ACNUR conta que, com o fim da concessão de refúgio, o Brasil fez um programa de repatriação para permitir a volta dos refugiados ao país africano, mas que nenhum angolano se inscreveu. “É um sinal de que o Brasil cumpriu bem seu papel de receber, de fornecer meios para reconstruir a vida e se integrar”, avaliou. “O acolhimento pelo país deu certo.”  :::

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–– Nota: ––
–(*)–  O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) é o órgão das Nações Unidas encarregado de garantir proteção e segurança a refugiados e expatriados de todo o mundo. A sede do órgão localiza-se em Genebra, Suíça, e é presidido pelo antigo primeiro-ministro da República Portuguesa, António Guterres.

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VIEIRA, Isabela. Facilidade com Língua e vagas de trabalho fazem angolanos virem para o Brasil.
Extraído da Agência Brasil.
Publicado em: 26 dez. 2014.

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Armando Guebuza defende Fundo Bibliográfico e maior acesso ao livro em Moçambique

In Defesa da Língua Portuguesa, Língua Portuguesa Internacional, O Mundo de Língua Portuguesa on 27 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , , , ,

Da Agência Lusa e da AIM – Agência de Informação de Moçambique

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Em 22 de dezembro de 2014, o presidente da República de Moçambique, Armado Guebuza, esteve presente à tomada de posse do novo presidente e do novo vice-presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa (FBLP) de Moçambique, Nataniel Ngomane e Gilberto Matusse, respectivamente.

O governante considerou que é necessário criar formas para garantir maior acesso ao livro no país, e recordou que a leitura é um “instrumento de transmissão do conhecimento”.

“O livro deve ocupar setor de destaque no vosso imaginário, procurando, deste modo, formas de garantir seu acesso a um crescente número de cidadãos e assegurar a sua permanente valorização como mecanismo de transmissão de conhecimento”, disse Armando Guebuza.

O chefe de Estado moçambicano defendeu a colaboração entre as instituições responsáveis pela educação e cultura, como forma de assegurar resultados na disseminação do gosto pela leitura entre os moçambicanos.

Nataniel Ngomane era diretor da Escola de Comunicação e Artes, da Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, e foi nomeado para o cargo de presidente do FBLP pelo presidente Armando Guebuza, após este ter exonerado Lourenço do Rosário do cargo de comando da instituição.

O FBLP foi criado em 1988 em Moçambique para a promoção, o ensino e a divulgação de obras literárias em Língua Portuguesa e para o incentivo à leitura. O órgão inicialmente envolveu apenas Portugal e Moçambique, mas tornou-se, dois anos mais tarde, uma instituição focada em todos os PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).  :::

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–– Extraído da Agência Lusa e da AIM – Agência de Informação de Moçambique ––

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Universidade brasileira que integra povos de Língua Portuguesa forma sua primeira turma

In Lusofonia e Diversidade, O Mundo de Língua Portuguesa on 26 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , ,

Da Rede Brasil Atual e da Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab)
18 de dezembro de 2014

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Em 12 de dezembro de 2014, a Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), formou 57 estudantes da turma “Luís Inácio Lula da Silva” de seu curso de Bacharelado em Humanidades.

A solenidade, realizada no Campus das Auroras, entre os municípios de Redenção e Acarape, no Ceará (nordeste do Brasil), é repleta de significado: é a primeira formatura da primeira universidade brasileira que em entre suas diretrizes estabelecer, na educação superior, um link [vínculo] entre o Brasil e os países de Língua Portuguesa: em especial os africanos. Sem contar a cooperação internacional Sul-Sul, de maneira colaborativa, solidária, para a formação de quadros e a produção de conhecimento por meio do intercâmbio acadêmico entre estudantes e professores.

“Hoje estou esperando o melhor. Suspiro de alívio, de tranquilidade, de ter conseguido a primeira etapa, que era fazer o bacharelado. Mas não posso falar disso sem falar da minha família, da minha origem, a gente tem que falar de onde vem. Eu venho de Cabo Verde, de uma família humilde, que não tem tradição de escolaridade. Basicamente sou o primeiro a ter um curso, e isso é motivo de orgulho para mim mesmo e minha família”, afirmou o estudante Carlos Santos, de 26 anos.

–– Lula da Silva em carta: “Aposta na integração com a África” ––
Homenageado como patrono externo da turma e emprestando o nome a ela, o ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva não pôde acompanhar a cerimônia, contudo, enviou carta de saudação à reitora da Unilab e aos formandos, que foi lida na solenidade.

“A Unilab nasceu de um sonho e se transformou numa extraordinária realidade”, afirma o ex-presidente, dizendo que a instituição expressa a iniciativa do Brasil de apostar na integração com a África. “Apostar, confiar e acreditar na centralidade estratégica que tem para o Brasil a integração econômica, social, cultural e educacional com os países africanos, particularmente com aqueles que compartilhamos a mesma Língua e uma mesma história de lutas.”

–– Conclusão de graduação: uma ruptura emancipatória ––
Em sua mensagem aos formandos, a reitora Nilma Lino Gomes falou da origem humilde. “Muitos dos nossos bacharéis aqui formados representam a primeira geração a cursar o ensino superior na sua família. E para nós que viemos de famílias pobres, com trajetórias de luta por direitos e por inserção social, a conclusão de uma graduação significa muito”, disse.

De acordo com a reitora, a formatura representa a conquista de um direito. “Para as famílias pobres do Brasil, continente africano e Timor-Leste – e eu venho de uma família com estas características –, cursar o ensino superior não é simplesmente a ordem natural das coisas, o caminho posterior ao Ensino Médio. Significa a ruptura com uma história de desigualdade e exclusão. Significa a nossa presença em um espaço e tempo que não foi pensado para os pobres e coletivos sociais diversos, mas, sim, para as elites”, frisou.

A reitora destacou ainda o desafio do projeto da Unilab. Citando o português Boaventura de Sousa Santos – professor de Economia da Universidade de Coimbra –, disse que o projeto acadêmico da Unilab é emancipatório, que busca “formar sujeitos e mentes inconformistas e rebeldes diante da injustiça, das desigualdades, do racismo e de toda forma de discriminação”.

Entre os integrantes da mesa de cerimônia, estavam o vice-reitor, Fernando Afonso Ferreira, o secretário de Educação Superior, do Ministério da Educação do Brasil, Paulo Speller, e a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do mesmo ministério, Macaé Maria dos Santos.

Também assistiram à cerimônia delegações da Universidade Lúrio, de Nampula, e da Universidade Pedagógica, de Maputo, ambas de Moçambique; da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), de Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil; e da Universidade Católica de Pernambuco.  :::

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–– Extraído da Rede Brasil Atual e da Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) ––

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Influência de uma língua mede-se pela capacidade de ligar línguas distantes

In Defesa da Língua Portuguesa, Lusofonia e Diversidade on 25 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , , , , ,

Ana Gerschenfeld,
do jornal Público (Lisboa, Portugal)
22 de dezembro de 2014

:::  Nem o número de falantes, nem a riqueza económica são o que mais condiciona a influência de uma dada língua a nível global: conclui estudo com participação portuguesa.  :::

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Está a pensar em aprender chinês (ou melhor, mandarim) ou a aconselhar os seus filhos a optarem por essa segunda língua estrangeira? É certo que, quando olhamos para o astronómico número de pessoas que fala hoje chinês – e para o crescente poderio económico da China –, temos tendência para pensar que, a par (ou talvez em vez) do inglês, o chinês é que será a língua do futuro.

Porém, a acreditar nas conclusões de um estudo realizado por uma equipa internacional, entre os quais um cientista português, essa escolha poderá não ser a mais acertada… A língua franca do futuro poderá ser outra – e as mais importantes no ranking [classificação] mundial também poderão ser outras.

Os resultados, publicados na última edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), mostram que, ao contrário do que se poderia pensar, influência global de uma língua mede-se principalmente pelo seu nível de ligação com outras línguas. E em particular, pela sua capacidade de mediar a comunicação entre línguas que de outra forma não conseguiriam “falar” entre si.

A questão reside em saber, no fundo, como avaliar a influência de uma língua na cultura global. Ora, até aqui, os parâmetros utilizados têm sido, justamente, o número de pessoas que falam uma dada língua e o nível económico dessas pessoas.

Mas agora, estes cientistas decidiram avaliar esse poderio linguístico com outra bitola: mapeando as redes de ligações entre as diferentes línguas do mundo. E concluem que, muito mais do que ao peso da demografia ou da riqueza – que obviamente também contribuem para o poderio das diversas línguas –, o sucesso global de uma língua deve-se sobretudo ao número e à força dessas ligações.

Mais: o que define a influência global de uma língua, argumentam os autores, é a sua capacidade de estabelecer pontes entre línguas associadas a culturas por vezes muito diferentes e afastadas do ponto de vista geográfico.

“O chinês – ou mandarim para ser mais preciso –, apesar de ter um grande número de falantes, é uma língua relativamente periférica, ou seja é uma língua que está isolada sobre si mesma e não interage com as restantes”, explicou ao Público Bruno Gonçalves, coautor português do artigo, a trabalhar na Universidade de Aix-Marseille (França).

“Ou seja, o chinês é útil na China, mas está longe de ser uma língua falada frequentemente noutros países ou regiões. Isto deve-se tanto à sua complexidade – que dificulta a aprendizagem – quanto ao tamanho da China – que facilita o isolamento cultural, visto poderem ser autossuficientes.”

–– Twitter, Wikipédia & Companhia ––
Para determinar as ligações existentes entre as línguas e avaliar a sua força, os cientistas – liderados por César Hidalgo e incluindo Steven Pinker – ambos do célebre Media Lab do Massachusetts Institute of Technology [o Instituto de Tecnologia de Massachusetts] ou MIT, EUA) – construíram três mapas diferentes a partir de três grandes massas de dados, respectivamente provenientes do Twitter, da Wikipédia e de traduções literárias.

No caso do Twitter – explica em comunicado o MIT –, o critério de ligação entre duas línguas era que o autor de um tweet [as micropostagens do Twitter] na sua própria língua (a primeira) também tivesse produzido pelo menos três tweets na segunda língua. Os dados representavam assim 17 milhões de tweets produzidos em 73 línguas por cerca de 280 milhões de utilizadores deste serviço online [em linha].

Quanto à força da ligação entre duas línguas, era medida pelo número de utilizadores desse “par” de línguas. Essencialmente, “a força de ligação entre as diversas línguas é dada pelo número de pessoas bilingues”, diz-nos Bruno Gonçalves.

No caso da Wikipédia, o critério era semelhante: os “editores” daquela megaciberenciclopédia eram retidos para análise quando tinham editado artigos na sua língua-mãe e noutras línguas. O conjunto final continha 2,2 milhões de tais editores.

–– A lista de traduções literárias da UNESCO ––
Por último, para gerar os dados de base relativos à tradução literária, os cientistas utilizaram o chamado Index Translationum da UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] – um catálogo de 2,2 milhões de traduções de livros em mais de mil línguas, publicadas entre 1979 e 2011. Aqui, a força da ligação entre duas línguas era determinada pelo número de traduções que existiam de uma para a outra.

Para obter as redes, os cientistas utilizaram, lê-se no artigo da PNAS, um algoritmo semelhante ao que o motor de pesquisa da Google utiliza para fazer o ranking das páginas da Web nas suas listagens de resultados de pesquisa. Esse algoritmo utiliza o número e a qualidade dos links [enlaces ou hiperligações] que apontam para um dado site [sítio de Internet] como estimativa da importância desse site.

–– Duas listas de personalidades e de suas publicações ––
Por outro lado, para validar os seus mapas de forma independente, os cientistas recorreram a mais dois conjuntos de dados que ligam pessoas famosas e difusão linguística: uma lista (obtida anteriormente por César Hidalgo) de 11.340 pessoas que tinham artigos acerca delas na Wikipédia escritos em mais de 26 línguas; e uma outra lista, publicada num livro da autoria do politólogo norte-americano Charles Murray, das 4.002 pessoas mais citadas em 167 obras de referência (de enciclopédias a inquéritos) publicadas à escala mundial.

Resultados? Os três mapas das redes linguísticas não eram idênticas – o que era de esperar, uma vez que o grupo de “autores” utilizado para cada um dos mapeamentos era diferente: no caso do Twitter, representava uma parcela dos internautas bilingues; no caso da Wikipédia, uma mistura de curiosos e especialistas (poliglotas) de um tema; e, no caso da base de dados da UNESCO, obras literárias de fama internacional.

“Por exemplo”, lê-se no mesmo comunicado, “na rede da Wikipédia, o alemão é muito mais central do que o espanhol, enquanto o contrário se verifica na rede gerada a partir do Twitter.”

Da mesma forma – e pela mesma razão –, a rede derivada dos dados da UNESCO estava mais em linha com a lista de famosos de Murray, cujos elementos proveem das artes e das ciências. Pelo seu lado, as redes derivadas do Twitter e da Wikipédia correspondiam melhor à lista de famosos estabelecida pelo coautor César Hidalgo com base na Wikipédia, que é mais inclusiva, uma vez que contém famosos das mais variadas profissões, da música pop ao desporto.

Mas mesmo assim, fosse qual fosse a lista de celebridades considerada, havia sempre pelo menos um dos mapas que conseguia prever de forma mais fiável a composição dessa lista com base na “centralidade” da língua na rede correspondente do que no PIB [Produto Interno Bruto] ou no número de falantes associados.

–– Línguas do futuro? ––
Uma coisa é certa: no topo da influência global está atualmente o inglês. Com 1500 milhões de falantes e um elevado rendimento per capita, os novos resultados também confirmam esta língua como a mais capaz de ligar outras línguas entre si – o que aliás já todos sabíamos.

Quanto ao chinês (com mais de 1.600 milhões de falantes) ou o árabe (500 milhões de falantes), apesar de estas línguas serem mais faladas do que línguas como o português (290 milhões), o francês (200 milhões), o alemão (185 milhões), ou o italiano (70 milhões), ambas surgem nos resultados como mais periféricas, menos centrais do que este conjunto de línguas europeias.

De facto, a seguir ao inglês, as línguas mais centrais a nível global são o francês, o alemão, o espanhol, o italiano e o russo (nessa ordem, com os três últimos no mesmo patamar). E, no “círculo” seguinte, encontram-se, entre outras, o holandês (com apenas 27 milhões de falantes), o português, o sueco (com dez milhões) e o dinamarquês (com seis milhões).

“O português é uma Língua intermédia”, explica ainda Bruno Gonçalves. “Porque, apesar de estar difundida pelo mundo e ter ligações a línguas mais distantes, tanto geográfica como linguisticamente, não tem a importância global de uma língua como o inglês tem atualmente ou como o francês teve em décadas passadas.”

“Para mim, o resultado mais surpreendente em relação ao português foi a sua ligação à língua malaia e ao finlandês, que são visíveis nas redes derivadas do Twitter e da Wikipédia”, acrescenta Bruno Gonçalves.

–– “Cultura e língua estão ligadas” ––
Seja como for, todas estas línguas medianamente periféricas – e muito menos faladas do que o chinês ou o árabe – revelam-se, nos três mapas, mais centrais do que o chinês ou o árabe (os diversos mapas estão acessíveis no site do projeto).

E em particular, no mapa derivado do Twitter, o português e o espanhol são as línguas indo-europeias mais centrais a seguir ao inglês – enquanto as línguas “sino-tibetanas” como o chinês se tornam praticamente irrelevantes.

Poder-se-á objetar que estes dados estão enviesados, dado que consideram populações não representativas da totalidade da população humana – e que portanto não representam a influência real de cada língua. A isso, César Hidalgo responde no mesmo comunicado: “Quero dizer claramente que este estudo não é sobre línguas globais. As três redes são representativas de elites. Mas, ao mesmo tempo, essas elites são os motores da transferência de informação entre culturas.”

“O que estes resultados demonstram é que a cultura e a língua estão intrinsecamente ligadas, e que promover uma é promover a outra”, frisa Bruno Gonçalves.

–– Quanto ao português? E haverá uma nova Língua franca? ––
Como preservar o português? “Através de medidas que aumentem o número de estrangeiros que falam a nossa Língua – promoção de aulas de português para estrangeiros, etc. – ou que difundam a cultura portuguesa, como a tradução de livros de autores nacionais para outras línguas”, responde-nos o cientista.

E qual será a língua franca do futuro?, perguntámos. “Será provavelmente uma mistura de línguas. O inglês manterá o seu domínio, mas acho que não corremos o risco de ter uma única língua global que elimine as outras.”  :::

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GERSCHENFELD, Ana. Influência de uma língua mede-se pela capacidade de ligar línguas distantes.
Extraído do jornal Público – Lisboa, Portugal.
Publicado em: 22 dez. 2014.

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Lusófona e chinesa, Macau após 15 anos da transferência à China

In Lusofonia e Diversidade, O Mundo de Língua Portuguesa on 24 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , ,

Da Agência Lusa e da Rádio China Internacional

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Quando a China assumiu o governo de Macau, “havia algumas incertezas quanto ao futuro, mas o desenvolvimento desta Região Administrativa Especial ultrapassou em muito o que as pessoas imaginavam”, disse recentemente um jornalista em transmissão da Televisão Central da China (CCTV), em uma reportagem em direto de Macau.

Desde o “regresso de Macau à Pátria”, como se diz na China, a região teve impressionante desenvolvimento económico, a ponto de o território tornar-se a “capital mundial do jogo”, à frente de Las Vegas. Há 15 anos, “o Lisboa era o melhor e o maior casino de Macau; hoje é o mais pequeno”, salientou o jornal de língua inglesa China Daily.

O legado dos cinco séculos de presença portuguesa é visto em sua herança arquitetónica, como o Farol da Guia, o mais antigo de toda a China, e o Centro Histórico de Macau, com as ruínas da Catedral de São Paulo e o Largo do Senado, classificado como Património Mundial pela UNESCO em 2005.

“Com as suas ruas antigas, áreas residenciais, construções religiosas, arquitetura portuguesa e chinesa, o Centro Histórico de Macau constitui um testemunho único do encontro entre o Oriente e o Ocidente”, assinala o Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista da China.

O passado português convive com as marcas da modernidade pós-transferência: Macau conta com a Torre Panorâmica e com uma rede de 20 quilómetros do Metro Ligeiro, da Península de Macau até Cotai. E em 2016, terá uma gigantesca ponte de 50 quilómetros de extensão sobre a Riviera das Pérolas a ligar Macau, Hong Kong e Zhuhai (na região de Cantão).

“O espírito de ‘Amar Macau, Amar a China’ tem sido a chave do rápido desenvolvimento de Macau nos últimos quinze anos”, proclamou o Diário do Povo.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, concorda: “Nos últimos quinze anos, Macau desenvolveu boas relações com os países de Língua Portuguesa e desempenhou um papel positivo na ligação da China aos países de Língua Portuguesa”, disse ele à Agência Lusa.

“China e Portugal lidaram corretamente com o regresso de Macau [à administração chinesa], através de consultas e negociações em pé de igualdade”, disse ele. Afirmou ainda que a transferência de poderes no território constitui “um marco memorável na História” das relações luso-chinesas.

–– “Um país, dois sistemas” ––
Macau (Ao Men, em chinês) foi integrado na Republica Popular da China no dia 20 de dezembro de 1999, segundo a mesma formula adotada dois anos antes no antigo território britânico de Hong Kong: “um país, dois sistemas”.

Segundo essa fórmula “um país, dois sistemas”, exceto nas áreas de defesa nacional e relações externas, a cargo do Governo central em Pequim, Macau goza de “um alto grau de autonomia”, “é governado por pessoas de Macau”. E o português mantém-se como Língua oficial, a par do chinês.

Desde a transferência da soberania à China, ocorrida em dezembro em 1999, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita de Macau passou de 12,3 mil para 71,2 mil euros, sendo hoje “o segundo mais elevado da Ásia e o quarto do mundo”, realçam os responsáveis chineses.

O rendimento mensal médio em Macau triplicou, para 15 mil patacas (1.500 euros) – cerca de o dobro de Pequim – e o desemprego baixou para 1,6%, referiu um órgão da imprensa chinesa.

Na China, o PIB per capita ronda os 5,7 mil euros e mesmo em Pequim, uma das cidades do país com melhor nível de vida, o salário médio não chega a 6.000 iuanes (800 euros).

“Gosto muito da cidade. Macau é um local especial. Gosto da mistura cultural e arquitetônica”, disse José Matias, nascido em Portugal e que vive na cidade do sul da China. “Gosto da cultura, da comida e dos costumes chineses. Gosto da presença portuguesa e lusófona. Gosto de Macau também pelos bons amigos que fiz aqui.”

E não só fez amigos como casou-se com uma chinesa local e tem dois filhos. “Macau é a minha casa. A segunda casa que se tornou primeira.”, disse Matias, ao repetir o verbo “gostar”, expressando sua paixão por Macau, chinesa e lusófona.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa e da Rádio China Internacional ––

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“Vapear”, “vaporar”… Como dizer ‘vape’ em português?

In Defesa da Língua Portuguesa, Enriquecimento da Língua Portuguesa, Língua Portuguesa Internacional on 22 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência Lusa e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

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Em meados de novembro, a equipa de linguistas dos Dicionários Oxford – responsáveis pela pesquisa e elaboração de um dos mais renomados dicionários da língua inglesa – escolheu vape como a Palavra do Ano da Língua Inglesa de 2014.

De acordo com o Dicionário Oxford, os primeiros registros escritos de vape datam de 2009. A palavra, classificada como verbo, é uma abreviação de vapour ou de vaporize, significando “inalar e exalar vapor produzido por cigarro eletrónico ou dispositivo similar”.

Os cigarros eletrónicos (chamados em inglês também como personal vaporizer) são dispositivos com formato semelhante ao de cigarro e que funcionam com pilhas elétricas. Não contêm tabaco, mas contêm nicotina extraída da planta do tabaco. E não geram fumaça no ar, mas liberam um aerosol semelhante a um “vapor”: daí a origem do termo escolhido, inclusive para diferenciá-lo de fumar um cigarro convencional, com tabaco.

A palavra inglesa vape pode ser usada tanto como substantivo quanto como verbo, de acordo com postagem do blogue dos Dicionários Oxford. A definição de vape ficou registada nos dicionários de referência para a lexicografia nos Estados Unidos em agosto de 2014.

Derivado de vape, apareceram também o termo inglês vaping como o ato de “aspirar o vapor produzido por cigarros eletrónicos”, e o termo vaper, designando o “utilizador de cigarros eletrónicos”, como atesta o arquivo Buzzword, do Dicionário MacMillan. Todos estes vocábulos ganharam destaque na imprensa e nas redes digitais de língua inglesa em 2013, ganhando rápido uso corrente em âmbito internacional.

Levando-se em conta a vitalidade das línguas e a necessidade de encontrar nomes para designar novos conceitos, quais seriam os termos recomendados para, neste caso, traduzir vape para a Língua Portuguesa?

–– Aspirando da língua espanhola ––
Para traduzir vape para o português, a consultora do sítio Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, Sara Mourato, defende como termo possível a forma verbal “vapear“, inspirada no espanhol vapear.

O sítio da Fundação do Espanhol Urgente (Fundéu) faz também a observação de que, seguindo a norma espanhola, em vez de vapear, recomenda-se o verbo vaporear que já aparecia dicionarizada na língua castelhana com o sentido de “exalar vapores”, podendo daí abranger o significado de “exalar o vapor produzido por cigarros eletrónicos”.

–– “Vapear”, “vaporar”… ––
Voltando ao português, pergunta-se: que forma usar? Para Sara Mourato, isto “muito dependerá da popularidade deste processo de (não) fumar e do uso das suas denominações” – embora o conceito de vape, para um cigarro eletrónico que exala “vapor”, seja diferente do de “fumar”, para um cigarro com tabaco que exala fumaça.

Além de “vapear”, inspirado no espanhol, há a recomendação da especialista para se usar em português o verbo “vaporar“.

“O espanhol vaporear encontra o correspondente português ‘vaporar‘, que, ainda assim, é um bom candidato a designar esta moda, porque já há muito se encontra registado nos dicionários, na acepção de ‘exalar (vapores, fragrâncias etc.); recender'”, diz a consultora, usando o exemplo do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

Os primeiros registos de “vaporar” na Língua Portuguesa vêm do século XVI, diretamente do latim vaporare, e o termo já se encontrava como verbete dos primeiros grandes dicionários de Língua Portuguesa: o de Morais Silva e o de Caldas Aulete.

–– “Vapeador”, “vaporador”, “caneta vaporadora”… ––
“Quanto à tradução do vaper, é aceitável a forma ‘vapeador‘, mais uma vez com base em ‘vapear‘, mas, estando ‘vaporar‘ disponível, porque não ‘vaporador‘?” A especialista do Ciberdúvidas não recomenda o uso de “vaporizar”, nem de “vaporizador”, que fazem referência não ao “fumante”, mas ao aparelho, que converte líquido em “vapor”.

Com base na dica da consultora, sugere-se aqui ainda uma tradução para vape pen, que é um dos tipos de cigarro eletrónico, com formato assemelhado ao de uma caneta: pode ser “caneta vaporadora” ou “caneta vaporizadora“.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa ––

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Língua Portuguesa integrada ao ensino oficial nas escolas da Itália

In Defesa da Língua Portuguesa, Língua Portuguesa Internacional on 21 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , ,

Do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) e da Embaixada da República Portuguesa em Roma (Itália)

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A partir do ano letivo de 2015-2016, a Língua Portuguesa estará integrada aos planos curriculares oficiais das escolas italianas. Duas universidades da Itália estão a organizar o processo de seleção destinado a preparar duas dezenas de professores para o ensino de Português Língua Estrangeira no país.

Através dos exames locais, em que são avaliadas as habilidades de comunicação escrita e oral em Língua Portuguesa, 20 futuros professores de português estarão integrados nos quadros escolares.

Os selecionados frequentarão um curso com disciplinas específicas para o ensino escolar da Língua Portuguesa.

–– Processo regionalizado de seleção de professores ––
A seleção e a formação dos novos professores de Língua Portuguesa estão a cargo da Libera Università degli Studi Internazionali, de Roma, e da Universidade Ca’ Foscari, de Veneza.

Cada uma das universidades cuidará da formação de 10 professores aprovados pela seleção, cujo processo é regionalizado. A universidade romana selecionará professores das regiões do Centro-Sul da Itália, e a instituição veneziana escolherá e treinará professores do Norte do país.

A integração do ensino de Língua Portuguesa ao currículo do ensino na Itália foi fixada pelo Decreto nº. 312, do Ministério da Instrução, da Universidade e da Pesquisa, da República Italiana, lançado em 16 de maio de 2014.

A prova preliminar de seleção nacional foi feita no mês de julho de 2014, com perguntas de escolha múltipla, que podem ser consultadas neste ficheiro descarregável do Ministério da Instrução, da Universidade e da Pesquisa, do governo italiano. Foram aprovadas no teste 13 pessoas em Roma e nove em Veneza.

Com esta iniciativa, “será possível ao Ministério da Educação italiano proceder à abertura de disciplinas desta área nos vários institutos escolares, catalisando a disseminação da Língua Portuguesa em Itália e legitimando a sua importância como Língua estrangeira no ensino italiano”, afirma um comunicado do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.  :::

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–– Extraído do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) e da Embaixada da República Portuguesa em Roma (Itália) ––

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Curso de tradução das Línguas Portuguesa e chinesa dos Institutos Politécnicos de Leiria e de Macau

In Língua Portuguesa Internacional, O Mundo de Língua Portuguesa on 20 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , , , ,

Da Agência Lusa
20 de dezembro de 2014

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O Instituto Politécnico de Leiria (IPL) e o Instituto Politécnico de Macau (IPM) promovem em parceria há oito anos o Curso de Tradução e Interpretação Português-Chinês e Chinês-Português.

Esse curso especial de tradução já formou 114 tradutores e intérpretes, sendo 44 licenciados portugueses e 70 chineses, colocados em empresas privadas e instituições governamentais, dando-lhes habilidades de comunicação tanto na Língua Portuguesa quanto no chinês mandarim: a versão oficial adotada pela República Popular da China.

Iniciado em 2006, o Curso de Tradução e Interpretação Português-Chinês e Chinês-Português funciona em paralelo nas duas instituições: o primeiro e quarto ano no país de origem dos alunos e os dois anos intermédios em Portugal, para os chineses, e na China, para os portugueses.

“Essa é uma das mais-valias: potenciar a formação num contexto de imersão linguística”, disse à Agência Lusa a professora da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do IPL, Inês Conde, coordenadora do curso.

De acordo com Inês Conde, empresas privadas da área da tradução em Portugal, Brasil e Angola, órgãos de comunicação social da Região Administrativa Especial de Macau, universidades e entidades representantes do governo da República Portuguesa na China estão entre os organismos que têm garantido saídas profissionais aos alunos.

–– Diferenças de métodos de ensino de línguas ––
Durante as aulas, todos os alunos portugueses e chineses sentem as diferenças nas metodologias de ensino – conforme é praticado em Portugal ou na China –, embora Inês Conde sublinhe ser “mais difícil” aos alunos chineses assimilarem o método português do que o contrário.

“Os professores portugueses usam muito as estratégias criativas ou espontâneas de escrita ou produção oral, e os alunos chineses estão habituados a um sistema de mais memorização, repetição até de conteúdos e de estruturas gramaticais. Eles têm muita facilidade em estudar a gramática e sentem mais dificuldade na produção oral espontânea, sem preparação prévia”, explicou.

Já os portugueses, continuou, embora em geral adorem a experiência de estudar em Pequim e de sentir a “pulsão” da capital do país mais populoso do mundo – “o mar de gente que pulsa em Pequim todos os dias” –, relatam as diferenças encontradas na metodologia chinesa, “um tipo de ensino que requer muita disciplina, muito estudo, muito trabalho, muito treino linguístico”.

O feedback [retorno] que o Instituto Politécnico de Leiria tem dos responsáveis do seu congénere de Macau – com quem a parceria permitiu desenvolver uma “relação muito próxima com docentes e funcionários, quase familiar” – é o de que os alunos portugueses que ali demandam “são muito bons a aprender línguas estrangeiras”.

–– Alunos chineses são “muito respeitadores” e os portugueses, “mais informais” ––
No relacionamento com os professores, os alunos macaenses oriundos do Politécnico de Macau “têm uma relação muito cordial e muito formal”, principalmente no início do ano letivo. “Depois percebem que podem estar um pouco mais à vontade, mas são muito respeitadores, muito bem comportados nas aulas, respondem muito bem às solicitações dos docentes”, refere Inês Conde.

Os portugueses, esses, são mais informais, denotam “algumas características típicas” do país de origem, “nem sempre respeitam as horas de entrada nas aulas”, assinala, com um sorriso, a coordenadora do curso.

“Temos alunos que já falam chinês quase sem as marcas da sua origem, da sua língua materna. Têm-nos dito que trabalham e vão ao encontro das exigências que lhes são feitas na aprendizagem do mandarim”, frisou.

No regresso a Leiria, no quarto ano do curso, os professores de chinês destacados na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais “ficam muito contentes por perceberem que houve uma evolução enorme nos dois anos que passaram na China, e o trabalho que é feito já é de grande complexidade”.

No último ano os estudantes trabalham géneros textuais legais, administrativos, relacionados com a economia ou com a literatura “e conseguem atingir bons resultados”, manifestados, depois, nos estágios profissionais que se realizam no segundo semestre do quarto ano. “Fazem tradução de chinês para português e, se lhes pedirem, também de português para chinês”, revela.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa ––

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A Língua Portuguesa resiste no Mercado Vermelho de Macau

In Língua Portuguesa Internacional, O Mundo de Língua Portuguesa on 19 de Dezembro de 2014 by ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência Lusa
17 de dezembro de 2014

:::  Na esquina da Almirante Lacerda, todo o pescado é conhecido pelo seu nome português.  :::

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No Mercado Vermelho, o mais icónico de Macau, a língua chinesa é rainha, mas ainda há quem recorra ao português para atrair clientes.

“Batata, tomate, cebola, alface, agrião, brócolos, couve-flor”, enumera Ana Wong, 56 anos, enquanto aponta, um a um, os legumes na sua banca.

Há mais de 30 anos que a vendedora tem o seu negócio no mercado – um dos mais antigos da cidade, estabelecido em 1936, e o único classificado como património cultural de Macau.

O seu português, que hoje não vai muito além dos nomes dos legumes e dos preços, aprendeu-o em aulas noturnas, que frequentou antes da transferência de administração [ocorrida em dezembro de 1999], quando, aos vinte e poucos anos, se mudou de Zhongshan, na China, para Macau.

“Tinha de aprender português porque contactava com os portugueses que iam fazer compras. Se não aprendesse, era difícil”, explica, com o auxílio de um tradutor. “Falo um bocadinho, mas não falo muito bem”, desculpa-se.

Antes de 1999, os clientes que dominavam o idioma eram “muitos”, mas agora são só “dois ou três”. Ainda assim, denota uma nova tendência: Depois da transferência, “muitos portugueses foram para Portugal. Mas agora é diferente: agora muitos vivem em Macau”.

Ao contrário do que acontecia no passado, já “surgem alguns portugueses que pedem os legumes em chinês”, apesar de maioritariamente serem “portugueses de lá casados com macaenses”. “Mas também há muitos portugueses que chegam a Macau e não querem falar chinês”, lamenta.

O negócio de família já correu melhor, diz, culpando o aumento do custo de vida que faz com que o rendimento, de mais de 20 mil patacas [ou 2 mil euros], “não dê para nada”.

Os preços dos legumes também subiram significativamente desde 1999, admite, com destaque para as batatas e hortaliças. “A hortaliça custava duas ou três patacas [20 ou 30 cêntimos], agora custa 16 ou 18 patacas o cate [1,6 ou 1,8 euros por 600 gramas]”, conta.

–– “Amigo, quer peixe?” ––
No andar de cima do mercado, na zona do peixe, fica a banca de Leong Chi Pong. Não há rosto ocidental que o vendedor de 59 anos deixe passar sem tentar a sorte. “Amigo, quer peixe?”, diz, em jeito de cumprimento.

Foi também de Zhongshan que veio, há mais de 30 anos, para Macau, com 26 anos. “Tinha de trabalhar. Por isso vim vender peixe”, resume.

O idioma aprendeu-o com os clientes. “Os portugueses vinham comprar, precisavam de sardinhas ou perguntavam ‘Tem salmão?’. Foi assim que aprendi”, conta.

O português pode falhar em conversas mais gerais, mas, no que toca ao pescado, Leong Chi Pong não erra uma. “Salmão, corvina, lula, choco, polvo, cabeça, filete”, enumera, sorridente, emoldurado pelos icónicos candeeiros vermelhos, típicos dos mercados chineses, que pendem sobre a sua banca.

Os clientes portugueses habituais já não são tantos como antes, apenas “três ou quatro”, mas conhece-os pelo nome, como “o Manel e o Branco”. São também seus clientes os chefs do restaurante do Instituto de Formação Turística.

Satisfeito com a profissão que escolheu, explica como usa ainda o pouco português que domina para ensinar aos clientes a confecionar os produtos. “Assado, caldeirada, forno”, exemplifica.

Lamenta que hoje haja menos portugueses a visitar o mercado, em comparação com os que havia há 15 anos. “Os portugueses têm mais o hábito do convívio quando compram, conversam mais, têm mais amizade”, comenta.

Também na sua seção, os preços têm subido “muito”, o que gera reclamações. “De vez em quando as pessoas queixam-se. Dizem :’Vende tão caro’. Mas não é minha culpa, é do fornecedor”, justifica, tentando por uma última vez perguntar: “Não quer peixe?”.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa ––