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Armando Guebuza defende Fundo Bibliográfico e maior acesso ao livro em Moçambique

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 27 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , ,

Da Agência Lusa e da AIM – Agência de Informação de Moçambique

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Em 22 de dezembro de 2014, o presidente da República de Moçambique, Armado Guebuza, esteve presente à tomada de posse do novo presidente e do novo vice-presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa (FBLP) de Moçambique, Nataniel Ngomane e Gilberto Matusse, respectivamente.

O governante considerou que é necessário criar formas para garantir maior acesso ao livro no país, e recordou que a leitura é um “instrumento de transmissão do conhecimento”.

“O livro deve ocupar setor de destaque no vosso imaginário, procurando, deste modo, formas de garantir seu acesso a um crescente número de cidadãos e assegurar a sua permanente valorização como mecanismo de transmissão de conhecimento”, disse Armando Guebuza.

O chefe de Estado moçambicano defendeu a colaboração entre as instituições responsáveis pela educação e cultura, como forma de assegurar resultados na disseminação do gosto pela leitura entre os moçambicanos.

Nataniel Ngomane era diretor da Escola de Comunicação e Artes, da Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, e foi nomeado para o cargo de presidente do FBLP pelo presidente Armando Guebuza, após este ter exonerado Lourenço do Rosário do cargo de comando da instituição.

O FBLP foi criado em 1988 em Moçambique para a promoção, o ensino e a divulgação de obras literárias em Língua Portuguesa e para o incentivo à leitura. O órgão inicialmente envolveu apenas Portugal e Moçambique, mas tornou-se, dois anos mais tarde, uma instituição focada em todos os PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).  :::

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–– Extraído da Agência Lusa e da AIM – Agência de Informação de Moçambique ––

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Universidade brasileira que integra povos de Língua Portuguesa forma sua primeira turma

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 26 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Da Rede Brasil Atual e da Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab)
18 de dezembro de 2014

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Em 12 de dezembro de 2014, a Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), formou 57 estudantes da turma “Luís Inácio Lula da Silva” de seu curso de Bacharelado em Humanidades.

A solenidade, realizada no Campus das Auroras, entre os municípios de Redenção e Acarape, no Ceará (nordeste do Brasil), é repleta de significado: é a primeira formatura da primeira universidade brasileira que em entre suas diretrizes estabelecer, na educação superior, um link [vínculo] entre o Brasil e os países de Língua Portuguesa: em especial os africanos. Sem contar a cooperação internacional Sul-Sul, de maneira colaborativa, solidária, para a formação de quadros e a produção de conhecimento por meio do intercâmbio acadêmico entre estudantes e professores.

“Hoje estou esperando o melhor. Suspiro de alívio, de tranquilidade, de ter conseguido a primeira etapa, que era fazer o bacharelado. Mas não posso falar disso sem falar da minha família, da minha origem, a gente tem que falar de onde vem. Eu venho de Cabo Verde, de uma família humilde, que não tem tradição de escolaridade. Basicamente sou o primeiro a ter um curso, e isso é motivo de orgulho para mim mesmo e minha família”, afirmou o estudante Carlos Santos, de 26 anos.

–– Lula da Silva em carta: “Aposta na integração com a África” ––
Homenageado como patrono externo da turma e emprestando o nome a ela, o ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva não pôde acompanhar a cerimônia, contudo, enviou carta de saudação à reitora da Unilab e aos formandos, que foi lida na solenidade.

“A Unilab nasceu de um sonho e se transformou numa extraordinária realidade”, afirma o ex-presidente, dizendo que a instituição expressa a iniciativa do Brasil de apostar na integração com a África. “Apostar, confiar e acreditar na centralidade estratégica que tem para o Brasil a integração econômica, social, cultural e educacional com os países africanos, particularmente com aqueles que compartilhamos a mesma Língua e uma mesma história de lutas.”

–– Conclusão de graduação: uma ruptura emancipatória ––
Em sua mensagem aos formandos, a reitora Nilma Lino Gomes falou da origem humilde. “Muitos dos nossos bacharéis aqui formados representam a primeira geração a cursar o ensino superior na sua família. E para nós que viemos de famílias pobres, com trajetórias de luta por direitos e por inserção social, a conclusão de uma graduação significa muito”, disse.

De acordo com a reitora, a formatura representa a conquista de um direito. “Para as famílias pobres do Brasil, continente africano e Timor-Leste – e eu venho de uma família com estas características –, cursar o ensino superior não é simplesmente a ordem natural das coisas, o caminho posterior ao Ensino Médio. Significa a ruptura com uma história de desigualdade e exclusão. Significa a nossa presença em um espaço e tempo que não foi pensado para os pobres e coletivos sociais diversos, mas, sim, para as elites”, frisou.

A reitora destacou ainda o desafio do projeto da Unilab. Citando o português Boaventura de Sousa Santos – professor de Economia da Universidade de Coimbra –, disse que o projeto acadêmico da Unilab é emancipatório, que busca “formar sujeitos e mentes inconformistas e rebeldes diante da injustiça, das desigualdades, do racismo e de toda forma de discriminação”.

Entre os integrantes da mesa de cerimônia, estavam o vice-reitor, Fernando Afonso Ferreira, o secretário de Educação Superior, do Ministério da Educação do Brasil, Paulo Speller, e a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do mesmo ministério, Macaé Maria dos Santos.

Também assistiram à cerimônia delegações da Universidade Lúrio, de Nampula, e da Universidade Pedagógica, de Maputo, ambas de Moçambique; da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), de Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil; e da Universidade Católica de Pernambuco.  :::

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–– Extraído da Rede Brasil Atual e da Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) ––

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A diversidade nas palavras e sotaques de uma Língua cada vez mais integrada

In Língua Portuguesa Internacional,Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 13 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , , ,

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A Língua Portuguesa é dos poucos idiomas que têm caráter internacional e uso oficial nos cinco continentes. Abrange vasta área geográfica ao redor do mundo e convive com as mais diversas realidades culturais.

Desde o período das Grandes Navegações portuguesas dos séculos XV e XVI, a Língua Portuguesa foi levada para os locais mais remotos do mundo e serviu como canal de comunicação entre culturas distintas. O resultado disso é o facto de ser enriquecida com grande vocabulário e sotaques diversos que dão características locais à Língua em cada região onde é falada.

E, por conseguinte, a “Língua filha ilustre do Latim” fortalece a sua identidade transcultural, como uma Língua de expressão mundial. Mas, ainda assim, é importante que iniciativas sejam dadas para a sua expansão, como o Acordo Ortográfico de 1990 que uniformiza as regras de escrita da Língua Portuguesa em todo o mundo.

A implantação do Acordo permitirá a troca entre os países de materiais escritos na mesma Língua e facilitará o aprendizado da Língua no exterior e a sua adoção por organismos internacionais.

A seguir, uma reportagem da Agência Brasil sobre a variedade do vocabulário da Língua Portuguesa, os aspectos locais que a Língua assume em cada país e a importância da promoção do ensino da Língua e das novas regras internacionais de ortografia.  :::

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–– Regionalismos distinguem português brasileiro do africano ––

Da Agência Brasil

:::  Termos e modo de falar dos países de Língua Portuguesa apresentam variações e enriquecem o idioma tornando-o mais diversificado.  :::

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Camba? Kumbu? Kota? Você pode não saber, mas essas são palavras da língua portuguesa faladas em Angola, país da costa sudoeste da África colonizado por portugueses. Esses são termos usados para designar, respectivamente, “amigo”, “dinheiro” e “pessoa mais velha e respeitável”, e são uma pequena amostra de como a Língua Portuguesa tem variações que podem torná-la incompreensível até mesmo para seus falantes.

Há também casos de palavras que existem no português brasileiro e que podem gerar confusão em uma conversa com um angolano. “Geleira”, por exemplo, que no Brasil significa uma grande massa de gelo formada em lugares frios, em Angola, significa “geladeira”.

Angola é apenas um dos oito países –(1)– de Língua Portuguesa espalhados pelo globo. Além do Brasil, de Portugal e de Angola, o português é a Língua nacional de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, São Tomé e Príncipe e do Timor-Leste, localizado no arquipélago indonésio, entre a Ásia e a Oceania.

Cada lugar tem um falar distinto, que torna o português, assim como outras línguas globais, um idioma rico e diversificado. Em alguns países, o português apresenta variações de sotaque e vocabulário, como é o caso das diferenças na forma de se expressar dos falantes do Nordeste, Sul e Sudeste do país [do Brasil].

O escritor e linguista Marcos Bagno, professor do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, explica que a Língua Portuguesa foi levada para vários lugares do mundo por meio das conquistas marítimas de Portugal. Aos poucos, essa Língua foi assumindo características próprias em cada comunidade.

“O que ainda nos mantém mais ou menos em contato fácil é a Língua escrita formal, que é mais conservadora e tenta neutralizar as diferenças entre os modos de falar característicos de cada país”, destacou. “Faço parte de um grupo cada vez maior de pesquisadores que afirmam que, sim, o português brasileiro é uma Língua diferente do português europeu, depois de mais de 500 anos de divergência.”

–– Acordo Ortográfico e expansão da Língua no mundo ––
Recentemente, houve um movimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para aproximar a escrita desses países. O resultado foi a assinatura de um Acordo internacional para a implantação de uma ortografia unificada –(2)–. Todos os oito países assinaram e sete deles já ratificaram o documento. Apenas em Angola, o Acordo encontra barreiras políticas.

Segundo o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Gilvan Müller de Oliveira, que foi diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) da CPLP por quatro anos (entre 2010 e 2014), o Acordo Ortográfico, o aumento do fluxo de pessoas entre esses países e a expansão do sistema educacional dos países da África e do Timor-Leste deverão ajudar no crescimento do número de falantes.

“Nesses países, uma parte muito grande da população não é falante do português. Eles falam outras línguas. Em Moçambique hoje, 50% da população não falam português. O português passa por um período de crescimento importante, porque finalmente esses países terminaram suas guerras civis, o sistema de ensino foi reestruturado e também os meios de comunicação. Pela previsão das Nações Unidas, todos os cidadãos falarão português nesses países a partir de 2050”, disse Müller.  :::

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–– Notas: ––
–(1)–  Atualmente, são nove os países que tem como Língua oficial o português: em 2011, a Guiné Equatorial adotou o português como uma das Línguas oficiais ao lado do espanhol e do francês.

–(2)–  Trata-se do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que foi elaborado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990 e que unifica as regras de escrita da Língua em todo o mundo.

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–– Extraído da Agência Brasil ––

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“Língua e liberdade”: uma jornada de partilha e de reflexão sobre o Português cabo-verdiano

In Defesa da Língua Portuguesa,Lusofonia e Diversidade on 12 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , ,

Da RTC (Cabo Verde) e do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa
4 de dezembro de 2014

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O tema Língua e Liberdade nomeou a primeira Jornada de Partilha e Reflexão da Língua Portuguesa ocorrida no dia 3 de dezembro de 2014 na cidade da Praia, capital de Cabo Verde.

A reunião foi promovida pelo recém-criado Instituto de Línguas e Protocolos Executivos (ILPE), com o apoio da Casa Verbo e Edições, e teve como meta identificar os desvios que afetam os níveis académicos e profissionais quanto à expressão da Língua falada e escrita no país.

Professores de diferentes níveis de ensino, académicos, estudantes e autoridades da área de educação e cultura, jornalistas, e profissionais de outros sectores reuniram-se para debater o estado da Língua Portuguesa de Cabo Verde.

“Nós pretendemos fazer uma reflexão para além da sala de aula, para além dos nossos organismos institucionais”, disse Augusta Évora Teixeira, coordenadora da Casa Verbo, em entrevista à TVC, a televisão pública de Cabo Verde.

“Somos professores de formação. Então, o objetivo é partilhar, refletir sobre as preocupações que nós temos enquanto falantes e enquanto profissionais da Língua para ver se conseguimos dialogar, porque, como acabou de acontecer aqui, as propostas do Ensino Primário são diferentes das do Ensino Secundário e as propostas do Ensino Superior são diferentes das outras, mas há um ponto em comum em que há uma falta nos três níveis.”

Os promotores da jornada contaram com um debate entre os participantes, de modo a obter propostas de melhoria em todas as vertentes do ensino, como um investimento para uma maior destreza linguística dos cabo-verdianos a médio e longo prazos.

–– “Há falta de oportunidade de praticar a Língua oral” ––
A especialista apontou ainda riscos para a Língua Portuguesa no país, sobretudo quanto à falta de separação de usos linguísticos entre o português e as formas do crioulo cabo-verdiano.

“As maiores preocupações que são idênticas, que são iguais nos três níveis de ensino, são a falta de leitura e a falta de oportunidade de praticar a Língua oral”, explicou Augusta Teixeira. “A questão dos programas que, principalmente no Ensino Superior, há um programa defasado, há uma ausência de manual didático. E em relação aos meios intelectuais, aos políticos e aos jornalistas –que é a área que eu pesquisei–, também tem dificuldades, como todos os cabo-verdianos têm, mas principalmente na questão que denuncia a falta de prática da Língua oral.”

–– Português como Língua Segunda nas escolas e Plano Nacional de Leitura ––
Durante a jornada, o ILPE apresentou um diagnóstico sobre a Língua a recomendar que se deve ensinar mais cedo o português, que os pais devem assumir a Língua Portuguesa em uma vertente lúdica e que deve ser criado um Plano Nacional de Leitura em Cabo Verde. Tal plano nacional estaria a cargo do Ministério da Educação e da Cultura.

“O estudo mostra claramente que a leitura está em relação a qualquer outras da habilidades, a mais prejudicada. Há uma falta de leitura, mesmo em universitários. Isso –como nós não temos o português no dia a dia em outros ambientes a não ser escolares e oficiais– acaba por prejudicar realmente a competência linguística dos falantes, em relação à fala. Quando não há leitura e há pouca prática da oralidade, há uma deficiência grave. E a escrita, mesmo a parte gráfica, está a ser invadida pela escrita dos chats [o bate-papo da Internet]”, referiu Augusta Teixeira.

Quanto à Língua nas escolas, o ILPE recomendou aos professores uma abordagem mais comunicativa e mais aberta, a priorizar o ensino de Português como Língua Segunda.

A Jornada foi composta por três grandes painéis: “Diagnóstico, Desafios e Perspectivas de Ensino”, “Leitura: uma Sementeira em Terra Boa” e “Património e Memória”, além de outros temas complementares que foram debatidos como “Ensinar as primeiras letras em Cabo Verde” e “A docência da Língua Portuguesa no Ensino Secundário: experiência e desafios”.  :::

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–– Extraído da RTC (Cabo Verde) e do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa ––

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Comemorações dos 500 anos das relações entre Portugal e Etiópia

In O Mundo de Língua Portuguesa on 2 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , ,

Do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal)
2 de dezembro de 2014

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A Embaixada da República Portuguesa em Adis-Abeba e os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Cultura e Turismo da Etiópia inauguram a 8 de dezembro de 2014, às 18 horas, um amplo e diversificado programa comemorativo do 5º centenário das relações entre Portugal e a Etiópia, com um espetáculo no Teatro Nacional, em Adis-Abeba.

Há 500 anos, em março de 1514, uma embaixada etíope, enviada pela rainha regente Eleni – na menoridade do rei Lebna Denguel – liderada pelo mercador de origem arménia Matewos, na companhia do adolescente de linhagem real Yakob, apresentou carta credencial e um fragmento da Vera Cruz, em Lisboa, ao rei D. Manuel I.

O acontecimento de elevado significado político e simbólico ecoou pela Europa através de cartas remetidas para as cortes europeias e papal, relatando a chegada do embaixador do mítico “Reino do Preste João”, identificado com o Reino da Etiópia.

Este episódio diplomático testemunha a visão política dos governantes etíopes, refletindo a estratégia de inserção da Etiópia em uma lógica global. Na época, Portugal era uma força expansionista, que procurava controlar as rotas do Oceano Índico e do Mar Vermelho, desafiando o equilíbrio regional de poderes, e a Etiópia manifestou claramente a sua posição face a este novo interveniente na região ao explicitar a vontade de estabelecer uma aliança com Portugal, definida em termos políticos, militares e de cooperação tecnológica.

Uma embaixada portuguesa foi, então, despachada com um presente preciosíssimo. Vicissitudes diversas e o falecimento do embaixador Duarte Galvão atrasaram esta legação. Finalmente, em abril de 1520, a embaixada chefiada por D. Rodrigo de Lima entrou em terras da Etiópia pelo porto de Massawa – hoje, na Eritreia. Acompanhavam-no, entre outros, o organista Manuel dos Mares e o pintor Lázaro de Andrade, em uma antecipação do que hoje se chama “cooperação cultural”.

–– Acordo de Cooperação entre Portugal e Etiópia ––
Quinhentos anos mais tarde, em 2014, Etiópia e Portugal inauguram um vasto programa abrangendo as áreas das artes, cultura, património, educação, ensino superior e investigação, tecnologia, desporto e turismo. O programa é baseado em um entendimento comum sobre o desenvolvimento social e humano sustentado. Esse programa enquadra-se pelo Acordo de Cooperação entre Portugal e Etiópia nos Domínios da Educação, Ciência, Ensino Superior, Cultura, Juventude, Desporto, Turismo e Comunicação Social (com base no Decreto n.º 1 de 27 de janeiro de 2009, elaborado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa).

O evento de celebração no Teatro Nacional de Adis-Abeba conta com a participação da jovem pianista portuguesa Vera Estevez, do consagrado pianista e compositor etíope Girma Yifrashewa, e do grupo teatral da Escola de Artes do Teatro da Universidade de Adis Abeba.

As celebrações dos 500 anos das relações entre Portugal e Etiópia têm o apoio do Instituto Camões, da Delegação da União Europeia para a Etiópia, da Universidade de Adis-Abeba e de companhias privadas etíopes com destaque para o grupo BGI e Castel Winery.  :::

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–– Extraído do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) ––

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Sobre a Casa dos Estudantes do Império: uma homenagem à Lusofonia – Vítor Ramalho

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 25 de Novembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Nascido na então Angola do Ultramar português em 1948, o atual secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), o português Vítor Ramalho, lançou artigo em homenagem à Casa dos Estudantes do Império. O que seria originalmente uma instituição do colonialismo português acabou por tornar-se um dos símbolos da formação da Lusofonia, tal como conhecemos hoje

Criada em 1944, a Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa, tinha a função pretendida de instruir os estudantes das colónias portuguesas do então Ultramar dentro da ideologia da ditadura do Estado Novo, de António de Oliveira Salazar (que durou de 1933 a 1974). Porém, a partir do final dos anos 1950, acabou tornando-se o centro irradiador dos movimentos de independência dos países da África Lusófona e de combate ao fascismo e ao colonialismo português.

Pela Casa dos Estudantes do Império, passaram diversos intelectuais da África Portuguesa que conheceram as ideias em defesa dos nacionalismos africanos e entraram em contacto ente si para troca de informações e formação de alianças para, em seguida, darem início aos processos de independência das colónias do Ultramar, através das Guerras de Libertação.

Estiveram na Casa dos Estudantes do Império, entre outros: Amílcar Cabral (1924-1973), líder da libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde; Mário Pinto de Andrade (1928-1990), ensaísta e líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA); Marcelino dos Santos, poeta e membro fundador da Frente de Libertação de Moçambique; e Agostinho Neto (1922-1979), poeta, líder do MPLA e primeiro presidente de Angola.

A Casa dos Estudantes do Império foi fechada pela polícia política do salazarismo em setembro de 1965. Mas isso não freou os movimentos de libertação e de contestação do regime: dez anos depois, ganharam a independência os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, os PALOP.

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A seguir, o artigo de Vítor Ramalho em homenagem à Casa dos Estudantes do Império, publicado no portal África 21 Digital em 3 de novembro de 2014. Segundo ele, a lembrança da Casa dos Estudantes do Império “é tão justa e importante para os povos e países de Língua oficial portuguesa”.

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–– Uma justa e importante homenagem para a Lusofonia ––

Vítor Ramalho
do portal África 21 Digital
3 de novembro de 2014

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Estão em marcha ações promovidas pela UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa – integradas na homenagem à Casa dos Estudantes do Império (CEI) que se iniciam na Universidade de Coimbra.

Não havendo futuro sem memória, a CEI, que existiu entre 1944 e 1965, foi uma escola de formação cívica, cultural e política para muitos dos seus associados, então jovens universitários de todos os territórios e países que se exprimiam em português.

Por ela passaram e intervieram ativamente ou foram por ela registados, personalidades como Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Joaquim Chissano, Pedro Pires, Lúcio Lara, França Van Dunem, Miguel Trovoada, Pepetela, Manuel Rui Monteiro, Óscar Monteiro, Alda Lara, Alda do Espirito Santo, Francisco José Tenreiro, Manuela Margarido.

Tornaram-se mais tarde referências incontornáveis dos países de Língua Portuguesa.

Numa altura em que se endeusam os mercados, é muito importante ter outro olhar para a afetividade, para a solidariedade e para a generosidade, cuidando da memória coletiva comum.

Daí a homenagem, que vai envolver a publicação de 22 livros de bolso que serão reeditados, a partir do dia 31 de outubro e até março de 2015, pelo jornal Sol.

Serão, também, reeditadas as Antologias Poéticas de Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, haverá em maio de 2015 uma grande exposição sobre a CEI, na Câmara Municipal de Lisboa, um Colóquio Internacional na Fundação Calouste Gulbenkian, em 22, 23 e 25 de maio de 2015 e, neste último dia, encerrar-se-ão as homenagens com chave de ouro, com uma cerimónia especial.

Nela intervirão todos os associados da CEI que acabaram mais tarde por ser primeiros-ministros ou presidentes da República – Joaquim Chissano, Pascoal Mocumbi, Mário Machungo, Miguel Trovoada, França Van Dunem, Pedro Pires e Jorge Sampaio. Sobre Agostinho Neto, falará a sua viúva, Maria Eugénia Neto.

É por isso que esta homenagem, iniciada a 28 de outubro deste ano, no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, com a presença, entre outros, do senhor Secretário-Executivo da CPLP, é tão justa e importante para os povos e países de Língua oficial portuguesa.  :::

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RAMALHO, Vítor. Uma justa e importante homenagem para a Lusofonia.
Extraído do portal África 21 Digital – seção Observador Lusófono.
Publicado em: 03 nov. 2014.

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Inocência Mata: há “cinco situações diferentes” de Língua Portuguesa em África

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 26 de Outubro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Da Agência Lusa
23 de outubro de 2014

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A professora Inocência Mata, especialista em Estudos Pós-Coloniais da Universidade de Macau, defendeu que a Língua Portuguesa em África vive entre o paradoxo de ser “construtora” e ao mesmo tempo “propulsora de exclusão”.

A académica, natural de São Tomé e Príncipe, participou em um debate com o tema “Políticas da Lusofonia, Políticas da Língua”, integrado na conferência em torno da Lusofonia, realizada na Universidade de São José, de Macau.

Segundo a professora, há um “paradoxo entre a dimensão construtora da Língua Portuguesa em África e a sua condição propulsora de exclusão”, afirmou.

Esta situação verifica-se pelo facto de o português “continuar a ter um funcionamento dominador sobre as outras línguas, sobre o manto diáfano da construção da nação e de uma pacificação linguística, que mais não tem sido que o prolongamento da sua função colonial”.

Inocência Mata sublinhou que, apesar de o português ser “uma Língua marcada em termos étnicos, em termos sociais, em termos de classe, em termos culturais”, é, nos países africanos, “uma das Línguas de identidade nacional”.

“É-o na medida em que é Língua materna de muitos cidadãos desses países, mesmo que sejam uma minoria, como é o caso evidente da Guiné-Bissau ou de Moçambique”, afirmou.

Neste sentido, a académica alertou para “o lugar diferente do português” nos países em questão, exemplificando como o idioma assume em Angola o papel de “Língua afetiva”, em Cabo Verde de “Língua solene”, na Guiné-Bissau de “Língua de passaporte”, em Moçambique de “Língua política” e em São Tomé e Príncipe de “Língua irmã”.

“Estamos perante cinco situações diferentes, com especificidades que raramente são consideradas em reflexões sobre o português em África. Essa diferença deverá ditar políticas de Língua diferentes”, sugeriu.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa ––

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Associação Comercial do Porto quer estreitar relações com empresas da CPLP

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 22 de Outubro de 2014 por ronsoar Tagged: , , ,

Da Agência Lusa
21 de outubro de 2014

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A Associação Comercial do Porto (ACP) e a Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP) assinaram em 20 de outubro um protocolo que visa o “estreitamento de relações” entre empresas que congregam no mercado lusófono.

Nas palavras do presidente da ACP, Nuno Botelho, “é fundamental para nós estreitarmos relações que abram caminho em mercados importantes. Pretende-se o aprofundamento das relações comerciais entre os empresários desta região e os empresários da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”, a CPLP.

O Acordo de Parceria foi assinado por Nuno Botelho, da ACP, e por Salimo Abdula, presidente da CE-CPLP. Conforme se lê no documento, a ACP compromete-se a ceder “em condições preferências” à CE-CPLP a utilização de espaços, o que inclui o Palácio da Bolsa do Porto – sede da instituição portuense e local da assinatura do Acordo de Parceria –, “com vista à realização em parceria de eventos de diversas naturezas”.

Segundo o mesmo documento, as instituições “comprometem-se a cooperar no sentido do desenvolvimento, promoção, divulgação e participação nas respectivas atividades e eventos, tendo em consideração a concretização em simultâneo dos objetivos e interesses”.

Brasil, Angola e Moçambique foram alguns dos países lusófonos destacados por Nuno Botelho, como “casos de mercados muito importantes”. Com entrada em vigor imediata, esta parceria tem a duração de um ano, e pode ser automaticamente renovada.

Após a formalização desta parceria, será criado um grupo de trabalho que terá como membros o secretário-geral da CE-CPLP, José Lobato, e o diretor executivo da ACP, Miguel Pinto Maria.

–– Encontros Empresariais da CE-CPLP em Lisboa ––
Ainda, a CE-CPLP promoverá em Lisboa, em 26 de novembro, a primeira edição dos seus Encontros Empresariais. Sob a abordagem da mobilidade e da circulação, o evento deste ano quer ser resultado de melhores práticas, nas dimensões económica, ambiental e social.

A conferência será realizada em sintonia com a CE-CPLP, com a Confederação Empresarial dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (CE-PALOP) e com a Associação Empresarial de Luanda (AEL), e para esse fim estão em andamento os contactos com a CPLP e com as representações diplomáticas dos países envolvidos.

O local desta edição dos Encontros Empresariais será o Salão Nobre do Hotel Ritz, em Lisboa, e o tema é CPLP no Século XXI: Circulação, Abrangência e Potencialidades.  :::

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Clique aqui para mais informações sobre a primeira edição dos Encontros Empresariais em Lisboa no sítio da CE-CPLP na Internet.

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–– Extraído da Agência Lusa ––

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Guiné Equatorial declara-se “empenhada” no uso oficial da Língua Portuguesa

In Língua Portuguesa Internacional,Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 15 de Outubro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Do jornal Correio do Minho (Braga, Portugal)
10 de outubro de 2014

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O representante permanente da Guiné Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Tito Mba Ada, garantiu em Braga, norte de Portugal, que o seu país está empenhado na implementação efetiva da Língua Portuguesa como uma das Línguas de uso oficial.

Tito Mba Ada falava durante a sessão de encerramento da Conferência Perspectivas da Língua Portuguesa, organizada em Braga no dia 9 de outubro de 2014. O evento estava a cargo da Comissão Técnica de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa da CPLP e da Universidade do Minho.

Tito Mba Ada afirmou que a Guiné Equatorial pretende “dar um salto quantitativo na implementação e desenvolvimento da Língua Portuguesa” e espera contar com o apoio dos parceiros da CPLP nesta missão.

A Guiné Equatorial foi admitida como membro de pleno direito da CPLP durante a Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo realizada em Díli, no Timor-Leste.

O representante da Guiné Equatorial realçou que o convite para integrar a conferência em Braga “traduz o reconhecimento” do novo estatuto do país africano. “Este convite abre também a possibilidade de nos juntarmos num momento de reflexão sobre as potencialidades da Língua Portuguesa nas suas variadas vertentes”, frisou.

Tito Mba Ada afirmou que também vai contribuir para o desenvolvimento do bloco lusófono, pois “apesar de pequeno, conta com muitos recursos que são colocados à disposição desta parceira no âmbito da CPLP”.

Fátima Fonseca, representante da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, que integrou a organização, realçou que a conferência foi enriquecedora e vincou a importância de se incrementar o potencial da Língua Portuguesa, nomeadamente ao nível da produção científica e da cooperação académica entre os países da CPLP.

E o reitor da Universidade do Minho, António Cunha, afirmou que sua instituição está empenhada no desenvolvimento dos países da CPLP. “A construção do futuro assenta em parcerias”, sustentou.  :::

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–– Extraído do jornal Correio do Minho (Braga, Portugal) ––

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Mia Couto: “Escrever em Português é uma afirmação de diversidade quase subversiva”

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,Lusofonia e Diversidade on 28 de Setembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , ,

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O consagrado escritor moçambicano Mia Couto esteve no Brasil no começo de setembro de 2014 para ministrar uma aula magna com o tema Guardar Memórias, Contar Histórias e Semear o Futuro, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

O vencedor do Prémio Camões de 2013 concedeu uma entrevista ao jornal Zero Hora em que declarou que seus contos são “um espaço de resistência”. “São os africanos que têm que contar a sua história, e ter a sua própria voz, como a voz que importa e que é respeitada. Em lugar de pedir aos outros, a África tem que fazer isso a partir de dentro”, diz o escritor que é sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras.

“A militância existe em toda língua”, diz Mia Couto, “como afirmação de sua própria interioridade. […] E fazer isso em português, num mundo em que a língua inglesa é a língua global, é uma afirmação de diversidade quase subversiva.”

Abaixo, alguns trechos da entrevista concedida a Letícia Duarte e publicada na edição do Zero Hora, de 7 de setembro de 2014 – aliás, data emblemática para os dois países por ser o mesmo dia em que se comemoram a independência do Brasil e o Acordo de Lusaca, que consolidou a independência de Moçambique.

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:::  O senhor vem de um dos dez países mais pobres do mundo, e essa temática dos desvalidos é marcante em sua obra. Ao mesmo tempo, a esperança também é recorrente. Mesmo em Terra Sonâmbula [romance publicado em 1992], o seu livro que retrata o contexto da guerra civil em Moçambique, isso aparece. Na obra, o senhor escreve que o que faz andar a estrada é o sonho. Como cultivar a esperança em meio à aspereza da realidade?  :::

Mia Couto – De uma forma coletiva, temos dificuldade em encontrar um caminho. No Brasil, em Moçambique, no mundo, nós nos sentimos um pouco perdidos, porque as forças que hoje comandam o mundo são pouco visíveis, não têm um rosto concreto. Como operar a mudança sem entender é muito complicado. Mas a resposta começa a partir de cada um. Não podemos abdicar desse outro modo de viver em que os outros são importantes, e é preciso perceber que esse sentido coletivo, essa negação do mundo sem lugar, de um mundo sem história, tem de ser feita em cada um de nós. Não só contar e receber histórias, mas vivermos uma história. E essa história tem que ser produzida por nós, não pode ser consumida. Não pode ser algo como a gente vai ao cinema, lê um livro, e assimilamos as histórias dos outros, que os outros fazem para nós. Temos de ser produtores de histórias. Assim conservamos o papel de sujeitos.

:::  O senhor critica a visão arrogante do Ocidente, que imagina ter a receita para salvar o continente africano, sem considerar toda a complexidade cultural. Qual o primeiro passo para que os ocidentais possam ter uma visão mais realista do continente africano?  :::

MC – É preciso dizer que essa arrogância não é só da cultura ocidental. Todas as culturas que se querem hegemónicas têm a mesma arrogância. Mas, uma vez que essa cultura ocidental se tornou tão hegemónica, não se pode pedir a essa outra cultura que tenha atenção. É preciso impor a partir de dentro. São os africanos que têm que contar a sua história, e ter a sua própria voz, como a voz que importa e que é respeitada. Em lugar de pedir aos outros, a África tem que fazer isso a partir de dentro. Isso já começou. Não se pode esquecer que um dos únicos políticos do mundo que devolveu esperança ao mundo e resgatou a nobreza de fazer política foi um africano: Nelson Mandela. É um grande orgulho para a África ter esse caso singular no mundo, de alguém que fez política para servir, no sentido de sua abdicação pessoal.

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:::  O senhor se define como uma criatura de fronteira — que é biólogo e escritor, tem origem europeia, mas é africano, trabalha com a ciência e a arte. Num mundo tão intolerante como o nosso, essa visitação a diferentes realidades é cada vez mais rara. Por que nossa sociedade teme tanto ultrapassar suas fronteiras?  :::

MC – Essas sociedades são fundadas no medo. Temos hoje uma forma de governo que é administrar uma espécie de caos produzido pelo próprio sistema. Isso envolve sempre um aparato policial, policiamento das ideias, de anulação da criatividade, tudo feito em nome do medo, de uma ameaça que não sabemos bem o que é. Então, é preciso essa aceitação de que esse outro está dentro de nós.

Aqui no Brasil é uma coisa muito notória: 90% dos brasileiros nem sabem bem como se combinaram histórias, continentes, raças, dentro de si mesmos. E essa mestiçagem é o lugar certo: a aceitação profunda de que o outro existe dentro de nós. Em vez de a África ser procurada em África, provavelmente os brasileiros encontram a África fazendo essa viagem interior, em sua própria história.

:::  Em seus textos, o senhor reafirma que “a Língua Portuguesa é um espaço de resistência”. E que, “na periferia, a palavra precisa lutar para não ser silêncio”. Em que medida escrever é uma forma de militância?  :::

MC – Escrever em qualquer língua é sempre uma forma de militância. Escrever no sentido de fazer literatura, porque hoje há muito livro que se edita que não parece que seja exatamente literatura. E a militância existe em toda língua porque o que o escritor faz é dizer assim: “eu produzo pensamento, eu produzo arte”, num universo em que não se espera que as pessoas produzam desta maneira, como afirmação de sua própria interioridade. Espera-se que se consuma. E fazer isso em português, num mundo em que a língua inglesa é a língua global, é uma afirmação de diversidade quase subversiva.

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:::  A sua escrita cheia de invenções, que mescla registros da fala popular de Moçambique, onde se falam 25 línguas, e também tem influência de escritores brasileiros: é muito celebrada. Como o senhor vê essa questão da linguagem?  :::

MC – Isso tem de ser visto do ponto de vista de que Moçambique percebia que o português de Portugal servia, mas não bastava. Nós precisávamos introduzir nesse português uma marca de mudança, de identidade própria. É muito complicado fazer na Língua do outro uma afirmação de nós próprios. O Brasil ajudou muito, não só do ponto de vista literário. Antes de nós, vocês já tinham percorrido um processo, de autonomia, de fazer uma espécie de identidade brasileira dentro da Língua Portuguesa. Quando africanos de Língua Portuguesa tomaram contacto com a literatura brasileira, foi uma catarse, principalmente Jorge Amado. Foi uma espécie de caução literária. Meus grandes mestres estão aqui.

:::  Seria uma espécie de retroalimentação?  :::

MC – O Brasil é um grande produtor e exportador de Língua Portuguesa. E não só por causa da dimensão da população, mas também das novelas. Infelizmente, o livro não chega tanto, mas as novelas produzem grande influência. Eu recordo que fui uma vez a Tete [província na região central de Moçambique] — e a [companhia mineradora] Vale do Rio Doce tem uma grande presença por lá. Eu entrei no hotel e os empregados moçambicanos cumprimentavam-me com “Namastê, Namastê!” E eu não percebia o que era aquilo. Vim a saber mais tarde que havia uma novela, Caminho das Índias, e aquilo alterou a maneira de as pessoas se cumprimentarem, entre os próprios moçambicanos. :::

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• Confira na íntegra a entrevista do autor moçambicano Mia Couto à reportagem de Letícia Duarte no sítio do jornal Zero Hora, de Porto Alegre (Brasil).

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Com base em
DUARTE, Letícia. Mia Couto: “O grande crime do racismo é que anula, em nome da raça, o indivíduo”.
Extraído do jornal Zero Hora – Porto Alegre, Brasil.
Publicado em: 07 set. 2014.

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CPLP ajudará Guiné Equatorial a “assimilar valores”, diz Murargy

In O Mundo de Língua Portuguesa on 27 de Setembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência Lusa
20 de setembro de 2014

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A Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) vai acompanhar a Guiné Equatorial para que este novo Estado-membro possa “rapidamente assimilar os valores” da Comunidade, ao nível da Língua Portuguesa e dos direitos humanos, garantiu o secretário-executivo da organização.

A Guiné Equatorial aderiu formalmente ao bloco lusófono em julho, na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP em Díli. Durante a Cimeira, “houve uma recomendação de que seria importante que a CPLP apoiasse a Guiné Equatorial na sua integração, aconselhando – não é monitorizar –, fazendo uma assistência para que eles possam rapidamente assimilar aqueles aspectos fundamentais que constituem os princípios e valores”, referiu o responsável, Murade Murargy, em entrevista à Agência Lusa.

Uma recomendação feita por iniciativa de Portugal e que o secretário-executivo recusou apelidar de “exigências”.

A entrada do país presidido por Teodoro Obiang desde 1979 havia sido condicionada nos últimos anos ao cumprimento de um roteiro que incluía a abolição da pena de morte e a adoção do português como Língua oficial – o espanhol é a língua mais falada.

Murade Murargy salientou alguns avanços já anunciados pelo regime de Obiang – nomeadamente a legalização dos partidos e a realização de um diálogo com todas as forças políticas.

–– Língua Portuguesa é a “pedra angular” da CPLP ––
Na Cimeira, foi realçada a ideia de que a Guiné Equatorial “é membro” da CPLP, mas “não está totalmente integrada”, disse.

O secretário-executivo exemplificou com a questão da Língua: “Nem todos falam português. Estamos todos em integração. Em Angola, Moçambique, o analfabetismo é enorme. Em Timor-Leste ainda é mais gritante”.

O português – que “é de todos e não só de Portugal” – é a “pedra angular” da Comunidade. “Os estatutos falam nisso: todos os países que adotarem a Língua Portuguesa podem integrar-se na CPLP”, referiu.

–– “Gafezinha” de protocolo ––
Na abertura da Cimeira de Díli, o presidente equato-guineense, Teodoro Obiang, foi chamado para o palco, onde já se encontravam os chefes de Estado dos restantes países da CPLP. Questionado sobre se houve uma falha protocolar, Murargy negou.

“O país anfitrião tem toda a liberdade de convidar e colocar um chefe de Estado onde entender. Não vejo nenhum inconveniente ele [Obiang] estar ali sentado. Se viesse outro chefe de Estado, teria acontecido o mesmo. Protocolarmente, é uma questão de cortesia do Estado anfitrião”, considerou.

Já sobre o facto de, naquele momento, a Guiné Equatorial ter sido anunciada como “novo membro” da comunidade, ainda antes da reunião em que os oito chefes de Estado e de Governo iriam aprovar a entrada do nono membro, o secretário-executivo disse ter-se tratado de uma “‘gafezinha’ do protocolo”, que classificou de “lamentável”.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa ––

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Angola: III Congresso Internacional de Língua Portuguesa de Luanda

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,Lusofonia e Diversidade on 18 de Setembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , ,

Das Agências Lusa e AngolaPress

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Entre os dias 18 e 20 de setembro de 2014, ocorre o III Congresso Internacional de Língua Portuguesa de Luanda, cujo tema é Unidade na Diversidade. O local é a Universidade Jean Piaget de Angola, situada no município de Viana, na província de Luanda.

O comunicado de imprensa do evento esclarece que o encontro pretende divulgar os mais recentes estudos linguísticos da Língua Portuguesa, discutir sobre a diversidade linguística em Angola nos países lusófonos, analisar a associação da competência gramatical dos falantes das línguas africanas e do desempenho na Língua Portuguesa e, ainda, identificar a relação existente entre as literaturas africanas e a Língua Portuguesa da África.

Alguns dos temas em análise: a Língua Portuguesa e a hermenêutica dos textos orais africanos; a normalização linguística perante a inovação; os estrangeirismos; a fixação do vocabulário técnico; o Acordo Ortográfico; a Língua Portuguesa no ensino e na investigação; o Ensino de Português em Angola; a educação em ambiente de multilinguismo.

–– A Língua como instrumento de afirmação do povo de Angola ––
No discurso de abertura do Congresso, a ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, destacou que o povo angolano tornou a Língua Portuguesa mais adequada aos contextos culturais do país. “A Língua Portuguesa em Angola fez uma trajetória de afirmação do património partilhado, na medida em que desde os primórdios, até ao período mais crítico da sua história, os angolanos transformaram-na na principal arma da luta contra o sistema opressor”, disse.

“Nessa medida, a Língua Portuguesa alcançou estatuto, tal como versa a Constituição angolana. Ela merecerá melhor tratamento dos estudiosos para que o seu ensino se revele cada vez mais apropriado, bem como o seu conhecimento. Esse exercício deverá ser feito em paralelo com as demais línguas nacionais com que convive e que lhe deram a força que adquiriu hoje”, acrescentou a ministra.

Rosa Cruz e Silva salientou que o aprendizado da Língua Portuguesa deverá estar no mesmo patamar de importância do das demais línguas nacionais, a fim de que seja utilizada por todos os interlocutores do país.

“Sem qualquer mácula, deve permanecer o diálogo, já que a diversidade linguística do país constitui a sua grande riqueza na validade e diversidade cultural”, afirmou.

–– Resposta sobre o Acordo será “no devido momento” ––
O ministro da Educação angolano, Pinda Simão, disse que o país está a trabalhar sobre o Acordo Ortográfico, que ainda não foi subscrito por Angola, embora o país seja um dos signatários originais.

O ministro que coordena este processo no país, disse que “no devido momento será tomada uma decisão”, mas escusou-se a adiantar datas. “O país está a trabalhar. Depende de Angola, de quando Angola decidir”, respondeu Pinda Simão. :::

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–– Extraído das Agências Lusa e AngolaPress ––