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“Vapear”, “vaporar”… Como dizer ‘vape’ em português?

In Defesa da Língua Portuguesa,Enriquecimento da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional on 22 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência Lusa e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

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Em meados de novembro, a equipa de linguistas dos Dicionários Oxford – responsáveis pela pesquisa e elaboração de um dos mais renomados dicionários da língua inglesa – escolheu vape como a Palavra do Ano da Língua Inglesa de 2014.

De acordo com o Dicionário Oxford, os primeiros registros escritos de vape datam de 2009. A palavra, classificada como verbo, é uma abreviação de vapour ou de vaporize, significando “inalar e exalar vapor produzido por cigarro eletrónico ou dispositivo similar”.

Os cigarros eletrónicos (chamados em inglês também como personal vaporizer) são dispositivos com formato semelhante ao de cigarro e que funcionam com pilhas elétricas. Não contêm tabaco, mas contêm nicotina extraída da planta do tabaco. E não geram fumaça no ar, mas liberam um aerosol semelhante a um “vapor”: daí a origem do termo escolhido, inclusive para diferenciá-lo de fumar um cigarro convencional, com tabaco.

A palavra inglesa vape pode ser usada tanto como substantivo quanto como verbo, de acordo com postagem do blogue dos Dicionários Oxford. A definição de vape ficou registada nos dicionários de referência para a lexicografia nos Estados Unidos em agosto de 2014.

Derivado de vape, apareceram também o termo inglês vaping como o ato de “aspirar o vapor produzido por cigarros eletrónicos”, e o termo vaper, designando o “utilizador de cigarros eletrónicos”, como atesta o arquivo Buzzword, do Dicionário MacMillan. Todos estes vocábulos ganharam destaque na imprensa e nas redes digitais de língua inglesa em 2013, ganhando rápido uso corrente em âmbito internacional.

Levando-se em conta a vitalidade das línguas e a necessidade de encontrar nomes para designar novos conceitos, quais seriam os termos recomendados para, neste caso, traduzir vape para a Língua Portuguesa?

–– Aspirando da língua espanhola ––
Para traduzir vape para o português, a consultora do sítio Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, Sara Mourato, defende como termo possível a forma verbal “vapear“, inspirada no espanhol vapear.

O sítio da Fundação do Espanhol Urgente (Fundéu) faz também a observação de que, seguindo a norma espanhola, em vez de vapear, recomenda-se o verbo vaporear que já aparecia dicionarizada na língua castelhana com o sentido de “exalar vapores”, podendo daí abranger o significado de “exalar o vapor produzido por cigarros eletrónicos”.

–– “Vapear”, “vaporar”… ––
Voltando ao português, pergunta-se: que forma usar? Para Sara Mourato, isto “muito dependerá da popularidade deste processo de (não) fumar e do uso das suas denominações” – embora o conceito de vape, para um cigarro eletrónico que exala “vapor”, seja diferente do de “fumar”, para um cigarro com tabaco que exala fumaça.

Além de “vapear”, inspirado no espanhol, há a recomendação da especialista para se usar em português o verbo “vaporar“.

“O espanhol vaporear encontra o correspondente português ‘vaporar‘, que, ainda assim, é um bom candidato a designar esta moda, porque já há muito se encontra registado nos dicionários, na acepção de ‘exalar (vapores, fragrâncias etc.); recender'”, diz a consultora, usando o exemplo do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

Os primeiros registos de “vaporar” na Língua Portuguesa vêm do século XVI, diretamente do latim vaporare, e o termo já se encontrava como verbete dos primeiros grandes dicionários de Língua Portuguesa: o de Morais Silva e o de Caldas Aulete.

–– “Vapeador”, “vaporador”, “caneta vaporadora”… ––
“Quanto à tradução do vaper, é aceitável a forma ‘vapeador‘, mais uma vez com base em ‘vapear‘, mas, estando ‘vaporar‘ disponível, porque não ‘vaporador‘?” A especialista do Ciberdúvidas não recomenda o uso de “vaporizar”, nem de “vaporizador”, que fazem referência não ao “fumante”, mas ao aparelho, que converte líquido em “vapor”.

Com base na dica da consultora, sugere-se aqui ainda uma tradução para vape pen, que é um dos tipos de cigarro eletrónico, com formato assemelhado ao de uma caneta: pode ser “caneta vaporadora” ou “caneta vaporizadora“.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa ––

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Palavra do Ano de 2014 reacende polémica dos estrangeirismos no Português

In Defesa da Língua Portuguesa,Enriquecimento da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional on 15 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: ,

Da Agência Lusa e da Porto Editora

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A Porto Editora promove pela sexta vez o concurso virtual da “Palavra do Ano”. A equipa de linguistas do Departamento de Dicionários da Língua Portuguesa da Porto Editora selecionou as dez palavras a serem votadas pelo público através da Internet como a “Palavra do Ano” de 2014. O anúncio da palavra vencedora ocorrerá em janeiro de 2015.

O objetivo do concurso na Internet é “enaltecer o património da Língua Portuguesa, sublinhando a importância das palavras e dos seus diferentes sentidos no nosso quotidiano”.

A seleção das palavras pela Porto Editora faz retomar um ponto polémico quanto ao léxico da Língua Portuguesa: pode uma palavra estrangeira, sem adaptações gráficas e de pronúncia, ser escolhida como símbolo da Língua Portuguesa?

Em comunicado, a Porto Editora afirma que a lista de palavras foi feita “com base em critérios de frequência de uso e de relevância assumida quer através dos meios de comunicação social e das redes sociais, quer da utilização dos dicionários da Porto Editora”, inclusive nas versões em linha (online) e para a Internet móvel (mobile).

Declara no mesmo comunicado que as dez palavras selecionadas – divulgadas em 1 de dezembro de 2014 – remetem assuntos de política, saúde, a guerra, hábitos sociais e estratégias de comunicação. Embora haja palavras de uso muito comum e costumeiro da Língua, há também as neologias, em que aparecem regionalismos e até uma palavra inglesa.

As dez palavras candidatas são “banco”, “basqueiro”, “cibervadiagem”, “corrupção”, “ébola”, “legionela”, “gamificação”, “jihadismo”, “selfie” e “xurdir”.

–– “Basqueiro” e “xurdir”: regionalismos do norte de Portugal ––
A palavra “basqueiro” aparece na lista, pois “surpreendeu a opinião pública quando foi utilizada pelo atual ministro da Economia num debate parlamentar”, usada em novembro pelo ministro António Pires de Lima na Assembleia da República, o Parlamento português: “‘Que basqueiro!’, como se diz no norte [de Portugal]. ‘Basqueiro’ é um termo utilizado na gíria do Porto, que eu aprendi quando vivi no Porto”, disse na mesma ocasião, explicando que a palavra é sinónima de “frenesim”.

Outro regionalismo que aparece na lista é “xurdir”, usada na região de Trás-os-Montes: “Talvez pelas circunstâncias socioeconómicas que o país atravessa, ou pela riqueza da Língua Portuguesa, verificou-se este ano um aumento significativo da utilização desta palavra, que significa ‘lutar pela vida; mourejar’.”

–– “Ébola” e “legionela”: surtos e infecções ––
A palavra “ébola” fez grande presença na mídia devido ao surto do vírus a atingir notadamente a África Ocidental, em países como Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria. “Tornou-se uma das preocupações das entidades públicas e das populações durante todo o ano”, refere a Porto Editora no comunicado.

Uma forte candidata é a palavra “legionela”, devido ao “inesperado surto” de infecções em Portugal causadas por bactérias do gênero Legionella, o que “fez com que o uso deste vocábulo se tornasse generalizado”.

–– “Banco” e “corrupção”: palavras corriqueiras da Língua ––
Na lista também aparecem palavras de uso corriqueiro da Língua Portuguesa. Os linguistas justificam a inclusão da palavra “banco” por “toda a polémica em torno da situação de uma conhecida instituição bancária, que colocou este vocábulo no centro do nosso quotidiano, levando ao aparecimento de expressões como ‘banco bom’ e ‘banco mau'”.

Outra palavra comum da Língua incluída na lista foi “corrupção”, pois ao longo do ano “foram sendo conhecidos vários casos de suspeita de corrupção em vários sectores da sociedade, envolvendo inclusive entidades e personalidades públicas”.

–– “Gamificação”, “jihadismo”: hibridismos ––
Há na lista hibridismos: palavras portuguesas derivadas de um termo de língua estrangeira. É o caso de “gamificação”. Para a equipa do concurso, “cada vez mais e em inúmeros contextos – educação, saúde, política, etc. – se faz uso de técnicas características de videojogos para resolver problemas práticos ou consciencializar ou motivar um público específico para um determinado assunto, uma estratégia que tem o nome de gamificação”.

O termo “gamificação” é um aportuguesamento do inglês gamification (derivada de game, “jogo”). Para o mesmo sentido em português, há também o termo “ludificação”.

A palavra “jihadismo” é derivada do árabe jihad, em referência à ação de grupos armados, notadamente os que se declaram de fé islâmica. “O afirmar do jihadismo no Iraque e na Síria, através da utilização dos média e das novas plataformas como formas de propaganda à escala global, colocou este movimento no topo da agenda mediática”, explica a Porto Editora.

–– Vida digital, “cibervadiagem” e o polémico “selfie ––
Há termos ligados à informática e à vida digital. A inclusão de “cibervadiagem”, ou o ócio em meio a trabalhos via Internet, explica-se pelo facto de a “utilização de plataformas digitais, como as redes sociais, com fins lúdicos durante o exercício de funções profissionais, ser cada vez mais frequente e um fenómeno que começa a ser objeto de análise jurídica”.

Porém, o mais polémico termo incluído na lista é a palavra inglesa “selfie” (derivada de self-portrait), que pode ser traduzida em português como “autorretrato” ou “autofoto”. Assim a Porto Editora justifica sua inclusão: “mais do que uma moda, mais do que uma tendência, as selfies fazem parte do nosso dia a dia, com presença constante nas redes sociais”.

A votação da “Palavra do Ano” 2014 será através do sítio de Internet Infopédia.pt e ocorre “até ao último segundo” de 31 de dezembro de 2014.

Nas edições anteriores, as palavras escolhidas foram “esmiuçar” em 2009, “vuvuzela” em 2010, “austeridade” (2011), “entroikado” em 2012 e “bombeiro” em 2013.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa e da Porto Editora ––

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“Bombeiro”: a palavra da Língua Portuguesa em 2013

In Enriquecimento da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 4 de Janeiro de 2014 por ronsoar Tagged: ,

Da Agência Lusa
3 de janeiro de 2014

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A “Palavra do Ano” de 2013 é “bombeiro”, que obteve cerca de metade dos votos de 15 mil cibernautas. Este foi o anúncio feito na sexta-feira, 3 de janeiro, na Biblioteca José Saramago, em Loures, no Distrito de Lisboa.

A Porto Editora, que tem uma forte componente de especialização na área dos dicionários e da lexicografia, organizou a iniciativa, já em seu quinto ano.

“Bombeiro” fazia parte de uma lista de dez palavras, escolhidas pela equipa de linguistas do Departamento de Dicionários da Porto Editora, sujeita a votação on-line [em linha] de 2 a 31 de dezembro, e obteve 48% dos votos.

A lista das dez palavras foi feita “com base em critérios de frequência de uso e de relevância assumida, quer através dos meios de comunicação social e das redes sociais, quer da utilização dos dicionários da Porto Editora, nas suas versões online e mobile” [de telemóveis], explicou à Agência Lusa fonte da Porto Editora.

A escolha do vocábulo “bombeiro” foi justificada pela Porto Editora pelo facto de, no último verão, os bombeiros portugueses “terem demonstrado uma enorme coragem no combate aos violentos incêndios que destruíram florestas e roubaram vidas”.

No ano passado, registou-se em Portugal a maior área ardida desde 2005. Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, os incêndios consumiram 145.385 hectares, 31,8% a mais do que em 2012. Morreram oito bombeiros no combate às chamas.

O ato heroico dos bombeiros de Portugal influenciou 48% dos votantes da Internet a escolherem “bombeiro” como a “Palavra do Ano”.

–– As outras palavras concorrentes ––
No segundo lugar da lista, com 17%, ficou a palavra “irrevogável”, que foi como o ministro dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa, Paulo Portas definiu a sua demissão do governo, que não se concretizou, sendo atualmente o vice-primeiro-ministro.

Com 10%, no terceiro lugar da votação, ficou a palavra “inconstitucional”, cujo uso se incrementou devido aos “chumbos” do Tribunal Constitucional a várias medidas apresentadas pelo Poder Executivo português.

Todas as restantes palavras da lista ficaram abaixo da fasquia dos 10%.

“Grandolada” que, segundo a editora, “surgiu como uma ação de protesto contra a austeridade e o governo, e se afirmou como tal pela sua originalidade”, recolheu 8% dos votos. Em seguida, com 6%, “papa”, uma palavra que foi escolhida pela eleição em março passado do cardeal argentino Jorge Bergoglio para liderar a Igreja Católica, tornando-se o atual papa Francisco.

Seguem-se, com 3% dos votos, cada, as palavras “pós-troika” e “swap”. O previsto fim da intervenção da troika em Portugal em meados deste ano levou a “tanto se falar do pós-troika”, justificou a Porto Editora, e, quanto a “swap”, “apesar de ser uma palavra estrangeira e da sua especificidade, o vocábulo entrou nas conversas dos portugueses por causa das notícias sobre esse tipo de contratos”, segundo a mesma fonte.

Com apenas 2% dos votos, cada um, ficaram os vocábulos “coadoção”, “corrida” e “piropo”.

Segundo a editora, a coadoção por casais do mesmo sexo foi no ano passado alvo de discussão, enquanto “as corridas entraram na rotina de cada vez mais portugueses, que participam em número crescente nas muitas provas”, e “piropo”, é um ato visto por alguns como galanteio e entendido por outros como assédio verbal, tendo sido “um tema que foi debatido por vários setores da sociedade”.

“Bombeiro” como “Palavra do Ano” sucede a “entroikado”, vocábulo eleito no ano passado. Anteriormente, em 2011, “austeridade” foi a palavra escolhida. Em 2010, no ambiente do Campeonato Mundial de Futebol, disputado na República da África do Sul, a palavra escolhida foi “vuvuzela”, e, em 2009, quando a iniciativa da Porto Editora se realizou pela primeira vez, a “Palavra do Ano” foi “esmiuçar”, um termo muito divulgado então por um programa televisivo.  :::

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• Clique aqui para assistir ao vídeo da RTP sobre a escolha de “bombeiro” como “Palavra do Ano” de 2013 pela votação em linha da Porto Editora.

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–– Extraído da Agência Lusa ––

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“Entroikado”: a palavra da Língua Portuguesa de 2012

In Defesa da Língua Portuguesa,Enriquecimento da Língua Portuguesa,O Mundo de Língua Portuguesa on 4 de Janeiro de 2013 por ronsoar Tagged: ,

Da Agência Lusa e da Agência EFE
4 de janeiro de 2013

 

:::  A palavra “entroikado” recolheu 32 por cento dos votos dos cibernautas em uma votação organizada pela Porto Editora. “Democracia”, “desemprego” e “solidariedade” foram outras das palavras que reuniram mais votos.

O resultado foi divulgado hoje na Biblioteca José Saramago, na cidade de Loures, no Distrito de Lisboa, pelos linguistas da Porto Editora, que publica o seu prestigiado Dicionário da Língua Portuguesa.  :::

A “Palavra do Ano” integrava uma lista de dez, escolhidas pela equipa de linguistas do Departamento de Dicionários da Porto Editora, que esteve à votação em linha na Internet desde o início do ano, para a escolha da eleita para marcar 2012.

A lista teve como critérios “a frequência de uso, a relevância assumida ou então, simplesmente, porque se relaciona com algum tema muito marcante”, justificou a editora.

“Entroikado” alcançou 32 por cento dos votos – mais que o dobro de votos da palavra “desemprego”, classificada em segundo lugar com 14 por cento das escolhas. Completa o pódio deste ano a palavra “solidariedade”, com 12 por cento das preferências.

Seguiram-se “bosão” de Higgs, com 11 por cento, “manifestação”, com nove, “cortes”, com oito, e, com quatro por cento, as palavras “imposto” e “refundar”.

Na nona posição, com três por cento, ficou “democracia” e, no último lugar, com dois por cento, “TSU”, a sigla de “taxa social única”, à qual a conjuntura atribuiu quase o “estatuto” de acrónimo.

–– “Entroikado” existe? ––

“Entroikado”, adjetivo derivado de “troika”, é sinónimo de algo “que está em uma situação difícil; enrolado, enfastiado; tramado, lixado”.

Questionado pela Agência Lusa sobre a palavra escolhida, José Manuel Matias, da Sociedade de Língua Portuguesa (SLP), afirmou tratar-se de um “neologismo”, isto é, a criação de uma nova expressão – “o que é legítimo, porque as línguas são dinâmicas e estão em constante transformação”, acrescentou.

“Não é um vocábulo”, prosseguiu o especialista. “Para o ser, tem de constar no dicionário e, a acontecer – o que duvido –, só daqui a dois ou três anos”, argumentou. “Se há neologismos que vingam e continuam, não será, muito provavelmente, o caso deste”, vaticinou o especialista da SLP.

José Manuel Matias reconhece que a escolha é sugerida pela conjuntura económico-social, mas qualificou-a como “uma brincadeira, ou antes, usando as palavras do [escritor moçambicano] Mia Couto, que cria muitos neologismos, isto será uma ‘brinqueação'”.

A escolha do neologismo “entroikado” reflete a crise económica em Portugal. “Obrigado a viver sob as condições impostas pela ‘troika'” é a principal definição da palavra.

A “troika” é uma equipe de credores internacionais que são membros de três instituições – a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional – responsável por propor as duras condições em troca do resgate financeiro do país, vigente desde maio de 2011.

Em uma segunda definição, a palavra é descrita como um adjetivo que, em seu uso coloquial, serve para descrever algo “que está em uma situação difícil; enrolado, enfastiado”.

–– Sobre a “Palavra do Ano” ––
A iniciativa “Palavra do Ano” é da Porto Editora, que tem uma forte componente de especialização na área dos dicionários e da lexicografia. Em 2009, quando se realizou a eleição pela primeira vez, a “Palavra do Ano” eleita foi “esmiuçar”. No ano seguinte “vuvuzela” foi a eleita, e em 2011 a palavra “austeridade” ficou em primeiro lugar, relegando a “esperança” para o segundo posto.

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Clique aqui para assistir ao vídeo da RTP sobre a escolha de “entroikado” como “Palavra do Ano” de 2012 pela votação em linha da Porto Editora.

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–– Extraído da Agência Lusa e da Agência EFE ––

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Português: língua viva, útil, moderna e criativa

In Enriquecimento da Língua Portuguesa on 2 de Maio de 2012 por ronsoar


Palavras em português devem ser formadas para descrever
a complexa realidade do mundo de hoje.

–– A realidade complexa do mundo deve ser expressa em português ––

Uma língua deve saber expressar ao máximo a realidade do mundo atual com todas as suas complexidades. A língua deve ser dotada de mecanismos que permitam citar todos os conceitos de um mundo cada vez mais dominado pelas novas tecnologias. E novos conceitos vão aparecendo aos milhares, aos quais é necessário nomeá-los para bem entendê-los.

Esta é hoje a missão das grandes línguas de cultura do mundo para que estejam aptas a comunicar sobre todos os assuntos dos tempos de hoje, para que permaneçam como línguas vivas e ativas.

É necessário que os profissionais saibam não somente dominar as novas técnicas como também saber expressá-las ao público em sua língua e de forma precisa.

Da mesma forma, os tradutores deverão saber como traduzir os termos técnicos corretamente em português. A língua portuguesa, que sempre foi transversal a culturas, deve ser capacitada para expressar toda a complexidade da realidade que hoje vivemos, qualquer que seja o assunto e a área técnica.


A língua portuguesa deve expressar de forma precisa todos os conceitos para evitar barreiras de compreensão.

 

–– A língua portuguesa deve ser apta para descrever as realidades do mundo ––
Trata-se de um processo histórico das línguas, de sua natureza dinâmica, de amoldar seu vocabulário a todas as evoluções do mundo contemporâneo. Porém, sempre foi um processo naturalmente gradual.

Atualmente, esse mesmo processo não consegue acompanhar na mesma velocidade a entrada maciça de novos termos de outras línguas, que são às vezes difíceis de se pronunciar ou de se escrever para a grande maioria do público e que nem sempre são bem compreendidos por todas as pessoas.

Mais preocupante torna-se esse aspecto ao se verificar que esse fenômeno se concentra na expressão dos domínios da tecnologia de ponta, da economia e da avançada pesquisa científica. A língua portuguesa vê-se hoje no real risco de perder sua capacidade criativa de expressão.

Em vista disso, é importante a tarefa de criar termos em língua portuguesa para expressar o mundo real de hoje e para evitar que haja lacunas e espaços vazios no vocabulário da língua. Não somente isso como difundir os termos novos e os termos equivalentes que já existem na língua portuguesa.

Essa tarefa de dinamismo linguístico deve ser encorajada e facilitada através de órgãos oficiais da Lusofonia que cuidam da produção terminológica. E, de preferência, que os poderes públicos dos países lusófonos, com a coordenação da CPLP e do IILP, criem tais órgãos para facilitar a comunicação e a tradução desse fluxo de conceitos novos para a língua portuguesa – língua de trabalho e de expressão intercontinental.

–– A língua portuguesa é também viva, útil, moderna e criativa ––
A seção Enriquecimento da Língua Portuguesa defende esse importante trabalho da língua, para inspirar os órgãos da língua portuguesa a empreenderem o trabalho técnico de pesquisa terminológica e neológica. Para que esse trabalho linguístico seja aplicado e difundido pelos governos e que sirva como referência para a comunicação técnica e para a tradução. Por fim, para que os novos termos entrem mais facilmente no uso da língua comum, tornando-se, com o tempo, familiares aos que se expressam em português.

Que esse trabalho siga a metodologia de pesquisa e coleta de dados lexicais, além da aplicação dos processos de formação lexical para o português, para difundir e trazer ao grande público termos precisos e confiáveis em língua portuguesa para uso nas mais diversas áreas profissionais.

Isso será de grande valia para a administração pública, para as mídias, para a imprensa, para os círculos acadêmicos, para os tradutores e para os organismos internacionais em que o português é língua oficial de trabalho. Bem como para a elaboração e preparação de dicionários, glossários e manuais técnicos.

O foco desse trabalho linguístico está no vocabulário técnico profissional, até porque os jargões das áreas científicas e acadêmicas acabam sendo veiculados pelas mídias e entrando frequentemente na língua comum de nosso dia a dia.

A missão do enriquecimento lexical da língua portuguesa é pela renovação da língua, para que expresse o mundo. Que os povos lusófonos possam com segurança expressar o conhecimento na nossa língua, para preservar o lugar da língua portuguesa no mundo em constantes mudanças.

Por Ronaldo Santos Soares – Enriquecimento da Língua Portuguesa