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Assim (não) se vê a influência da Língua Portuguesa – Renato Epifânio

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 30 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , , ,

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O presidente do Movimento Internacional Lusófono (MIL), Renato Epifânio, lançou críticas em opinião recentemente veiculada no jornal Público aos resultados de uma pesquisa sobre a influência mundial das línguas, conduzida por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês) dos EUA.

A pesquisa foi realizada mediante elaboração de mapas a partir de três grandes massas multilingues de dados: uma do Twitter, outra do Wikipédia e outra de uma lista de traduções literárias de livros impressos.

“Verificamos que a estrutura destas três redes globais de línguas está centrada na língua inglesa, como um eixo global, e ao redor de um punhado de línguas de um eixo intermediário, que inclui o espanhol, o alemão, o francês, o russo, o português e o chinês”, explicam os autores do estudo publicado em novembro de 2014 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos da América.

Renato Epifânio contesta os resultados desta investigação e alega que “muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão”, pois “estamos a falar de uma Língua com difusão na Europa, nas Américas, em África e na Ásia”.

O autor do artigo lamenta que, em virtude de muita divisão ainda reinante entre os países da Lusofonia no trato com a Língua comum e de muita relutância quanto ao princípio da gestão conjunta da Língua, “são os lusófonos os primeiros a não valorizar devidamente a sua cultura histórica”.

Mas ressalva que, em relação ao papel global da Língua Portuguesa, “o mais importante é essa capacidade ‘pontifícia’ (“construtora de pontes”) que a Língua e cultura portuguesa historicamente tiveram e que ainda hoje é reconhecida”.

Ventos da Lusofonia reproduz a seguir o artigo de opinião de Renato Epifânio, a criticar os resultados do estudo sobre o poder de influência das línguas no mundo. O artigo foi publicado na edição de 29 de dezembro de 2014 do jornal Público, de Portugal.  :::

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–– Assim (não) se vê a influência
da Língua Portuguesa ––

Renato Epifânio,
do jornal Público (Portugal)
29 de dezembro de 2014

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:::  Muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão.  :::

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Num interessante artigo publicado no dia 22 de dezembro (Influência de uma língua mede-se pela capacidade de ligar línguas diferentes), o jornal Público reproduz os dados essenciais de um estudo saído na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Neste, defende-se que “ao contrário do que se poderia pensar, a influência global de uma língua mede-se principalmente pelo seu nível de ligação com outras línguas, e, em particular, pela sua capacidade de mediar a comunicação entre línguas que de outra forma não conseguiriam ‘falar’ entre si”.

Surpreendentemente, porém, à luz dessa premissa, a Língua Portuguesa aparece numa posição “intermédia”, quando deveria aparecer numa posição mais cimeira.

Se a premissa é, como no artigo se enfatiza, a “capacidade de estabelecer pontes entre línguas associadas a culturas por vezes muito diferentes e afastadas do ponto de vista geográfico”, então muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão: falando só dos países de Língua oficial portuguesa, estamos a falar de uma Língua com difusão na Europa, nas Américas, em África e na Ásia.

Se contarmos, como devemos contar, com as várias diásporas lusófonas e com outras regiões que, historicamente, mantiveram laços com o espaço de Língua Portuguesa, essa difusão geográfica alarga-se ainda mais.

Manifestamente, contudo, isso não foi tido em conta neste estudo – o seu coautor português, Bruno Gonçalves, chega mesmo a manifestar a sua “surpresa” pela “ligação [da Língua Portuguesa] à língua malaia”. Como se na Malásia não existisse, ainda hoje, uma significativa comunidade lusófona, em grande parte residente no chamado “Bairro Português de Malaca”, que tem preservado essa ligação à Lusofonia, mesmo com poucos ou nenhuns apoios oficiais.

A este respeito, não pode deixar de ser referida a Associação Coração em Malaca, sediada em Portugal, que, através dos seus membros – desde logo, da sua Presidente, Luísa Timóteo – não se tem cansado de manter essa ponte, que já levou, inclusive, a que alguns membros dessa comunidade tivessem estado recentemente em Portugal.

Este exemplo é, de resto, multiplicável a muitos outros países, sendo que o mais importante nem é sequer isso: o mais importante é essa capacidade pontifícia (“construtora de pontes”) que a Língua e cultura portuguesa historicamente tiveram e que ainda hoje é reconhecida – nomeadamente, no mundo árabe.

Daí o papel que a Lusofonia poderia hoje ter à escala global na resolução de alguns conflitos, inclusive de cariz religioso. Enquanto cultura em que desde sempre conviveram as “três religiões do Livro” – judaísmo, cristianismo e islamismo –, a cultura lusófona poderia dar um importante contributo para a paz mundial.

Infelizmente, contudo – importa reconhecê-lo –, são os lusófonos os primeiros a não valorizar devidamente a sua cultura histórica. Não surpreende, por isso, que muitos não lusófonos não a conheçam e que surjam mesmo estudos internacionais que façam tábua rasa dessa nossa cultura. Assim (não) se vê a “influência da Língua Portuguesa”.  :::

EPIFÂNIO, Renato. Assim (não) se vê a influência da Língua Portuguesa.
Extraído do jornal Público – seção Opinião
Lisboa, Portugal.
Publicado em: 29 dez. 2014.

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Oportunidades e proximidade cultural atraem brasileiros para Angola

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 29 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Michèlle Canes
da Agência Brasil
28 de dezembro de 2014

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Localizada na região ocidental da África, Angola tem 18 milhões de habitantes, de acordo com a embaixada do país no Brasil. Com a história marcada por uma longa guerra civil, os angolanos conheceram a paz em 2002 e precisaram reconstruir o país.

Apesar das dificuldades, muitos brasileiros veem o país como um lugar acolhedor e que oferece boas oportunidades. Hoje, aproximadamente 30 mil brasileiros vivem no país africano, segundo a Embaixada do Brasil em Luanda, capital angolana. O fator que mais atrai brasileiros é o trabalho.

“Hoje a gente tem pessoas em todas as áreas. Desde cabeleireiros, manicures a engenheiros, pessoal de música. Tudo. Fora a mão de obra mais específica para a construção civil, para a área do petróleo”, conta o fotógrafo Sérgio Guerra, que vive há 17 anos no país.

“Inicialmente foi o trabalho que me atraiu. Aqui, a gente consegue entender a sociedade [angolana], as demandas da população.” Sérgio viajou por todo o país e conheceu pessoas e realidades diferentes durante o período de guerra civil. “E isso foi me aproximando do país, da cultura, das pessoas. Eu, que já vinha da Bahia, com uma referência de África muito forte, só fui confirmando essa estreiteza de afinidades.”

–– “Grande significado e respeito” para o professor em Angola ––
O professor e especialista em marketing [análise de mercados] Cláudio de Holanda Santos também foi a Angola para trabalhar, e acabou se apaixonando pelo país. Em Angola há 12 anos, ele conta que chegou logo depois do fim dos conflitos para trabalhar como coordenador de um projeto de reinserção social de ex-militares por meio de formação profissional. O projeto, que contava com o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ajudou na formação de 38 mil ex-militares.

O resultado do trabalho rendeu novas oportunidades, e o administrador ajudou também a fundar a Escola Nacional de Administração, um trabalho conjunto com o governo local e a Fundação Getúlio Vargas [do Brasil].

Ele lembra que um dos pontos que chamam a atenção, mesmo depois de tanto tempo, é o interesse da população angolana pelo desenvolvimento. “Aqui, uma necessidade deles é aprender. O professor passa a ter um papel com grande significado e respeito. Isso me deixou apaixonado, e é a razão de estar aqui até hoje.”

Cláudio também destaca a aposta do país no investimento em educação. “Eles sabem que não basta ter informação: é importante ter o conhecimento. Muitos estrangeiros estão explorando várias áreas, e o angolano precisava ter condições de tocar o seu país. Por isso, eles estão mandando vários jovens angolanos para toda parte do mundo para aprender.”

–– “Tem muita coisa parecida” ––
A cultura, as belas praias e a alegria do povo são pontos de destaque entre as semelhanças entre o Brasil e Angola. Milena Vieira chegou ao país há sete anos para prestar assessoria na área de saúde.

Hoje, a enfermeira virou empresária. “Eu não tive dificuldade nenhuma de adaptação. Morei na Bahia e no Rio de Janeiro, e vejo que aqui, na capital, tem muita coisa parecida. Quando eu estou no Rio de Janeiro, até brinco dizendo que parece que estou em Luanda. Tem muita coisa parecida.”

Por ser um país em reconstrução, as oportunidades surgem a todo o momento. “Eu via que faltava tudo no país. Tinha muita coisa a ser trabalhada. E me chamou a atenção uma vez que eu precisei fazer um carimbo, e o custo era muito alto”, conta Milena. A necessidade virou negócio. Hoje ela vende carimbos e chaves.

–– Cidades inteiras a ser construídas do zero ––
Cláudio destaca que, com o acordo de paz de 2002, o país passou a ter que construir tudo que havia sido destruído pela guerra. “Estão começando as indústrias agora. Estão começando os serviços agora. Tudo está começando.”

A área de construção é uma das que mais chamam a atenção. Sérgio diz que o nível de crescimento do país é grande e que, nos últimos sete anos, novas cidades foram construídas do zero. “São cidades inteiras com edifícios e estrutura urbana, todas feitas nos últimos oito anos, sete anos. São essas possibilidades que dão oportunidades aos brasileiros e às empresas brasileiras.”

–– Angola ainda tem muito a crescer ––
Apesar das oportunidades, as dificuldades ainda são muitas. Brasileiros que vivem no país ressaltam que é possível perceber a melhora na estrutura de Angola, mas que ainda há muito a ser feito. “Problemas básicos. Ninguém consegue se livrar dos geradores, dos problemas com água. Ainda temos muitos problemas com abastecimento”, afirma Sérgio Guerra.

Custo de vida alto, falta de lazer, engarrafamentos e problemas sociais decorrentes da guerra também são constantes na vida dos angolanos. Para os brasileiros, o país ainda tem muito a crescer.

“Viemos com um objetivo: é trabalho mesmo. Ninguém vem para cá desfrutar das belezas naturais, infelizmente, ainda. E acredito que essas coisas devem mudar. Mudou muito. Cinco anos atrás, não tínhamos nada, e mudou bastante. A tendência é que fique melhor com o passar dos anos”, diz Milena.

“Hoje é um país muito diferente daquele que eu conheci. É um país que tem estabilidade econômica, a inflação está controlada, o país tem comprometimento com a institucionalidade, o que abre muitas possibilidades de trabalho e de relações internacionais”, enfatiza Guerra.  :::

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CANES, Michèlle. Oportunidades e proximidade cultural atraem brasileiros para Angola.
Extraído da Agência Brasil.
Publicado em: 28 dez. 2014.

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Língua comum e trabalho fazem angolanos virem para o Brasil

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 28 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Isabela Vieira
da Agência Brasil
26 de dezembro de 2014

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Rio de Janeiro — Bilongo Lando Domingos, 32 anos, é cabeleireiro e há 13 anos mora no Rio de Janeiro. Angelina Sissa João, 26 anos, é estudante e desembarcou há dois anos na cidade para estudar marketing [análise de mercados]. Cabingano Manuel é jornalista, com especialização em administração, e chegou há quatro anos para trabalhar como correspondente de uma emissora de TV. Todos são angolanos e escolheram o Brasil em busca de melhores condições de vida e de oportunidades profissionais.

De acordo com o Ministério da Justiça brasileiro, vivem no Brasil cerca de 12,5 mil angolanos, sendo 3,7 mil residentes. Boa parte chegou ao Rio e a São Paulo durante a guerra civil naquele país, entre 1990 e o início de 2000, quando o Brasil concedia refúgio àqueles que deixavam o país. É o caso de Bilongo, que saiu de Luanda, capital de Angola, para não ser recrutado.

“Eu queria muito sair. O país estava em guerra, e nós, jovens, naquela época com 16 e 17 anos, com porte físico, éramos alvo, no sentido de que as Forças Armadas do país precisavam de jovens para poder lutar, e eu não queria isso. Aquela guerra não valia a pena”, contou Bilongo, que hoje é cabeleireiro especializado em cortes masculinos estilizados, no centro da capital fluminense.

Ele escolheu o Brasil pela Língua e pela proximidade cultural. “Os brasileiros têm muito respeito por nós, se identificam com a música, as cores, o jeito de ser”, lista.

Angelina Sissa veio em busca de qualificação profissional. Incentivada por parentes que estudaram no Rio e voltaram para Angola, ela se matriculou em marketing. “O Brasil tem mais experiência nessa área.” Há dois anos ela estuda em uma universidade particular e mora na Tijuca, na Zona Norte [da Cidade do Rio de Janeiro]. Para Angelina, a escolha pelo Brasil também se deve à proximidade cultural.

“O ambiente aqui é próximo ao de Angola: a maneira de ser [dos brasileiros] não foge muito [do que é em Angola]. São pessoas abertas, que gostam de conversar, simpáticas”, destacou.

Cabingano Manuel chegou para fazer mestrado em comunicação e cursar pós-graduação em administração. De correspondente internacional no continente americano, ele foi alçado a representante da Televisão Pública de Angola (TPA). Jornalista, revelou que conheceu o Brasil dando palestras na Bahia e há quatro anos resolveu vir para morar com a família. “Minha decisão de vir foi primeiramente acadêmica, só depois disso vieram as outras coisas [o trabalho]”, disse.

Manuel também assegura que as semelhanças entre a cultura brasileira e a angolana foram determinantes em sua decisão. “É muito mais prático reencontrar-me, adaptar-me ao Brasil do que a Portugal ou a outro país: as ruas, as pessoas, os hábitos e costumes são muito parecidos aos de Angola e, particularmente, aos de Luanda”, revelou. Entre seus programas favoritos de fim de semana, estão caminhar na Praia de Copacabana e visitar pontos turísticos.

–– “O acolhimento pelo Brasil deu certo” ––
A facilidade de se comunicar – os dois países têm a Língua Portuguesa como idioma oficial – ajudou a atrair os imigrantes, diz Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) –(*)–. Por causa da guerra, o Brasil chegou a receber cerca de 1,7 mil angolanos e, durante muitos anos, eles foram o maior grupo de refugiados no país.

“Essa população [de refugiados no Brasil] foi diminuindo. Hoje, os angolanos são o terceiro maior grupo, entre os cerca de 7,2 mil refugiados, de 80 nacionalidades. A maioria é formada de pessoas vindas da Síria [1,2 mil] e da Colômbia [1 mil]”, informou Godinho. O número de angolanos com refúgio – que atualmente está em 873 – tende a cair mais, uma vez que eles têm trocado essa condição pela residência.

O porta-voz da ACNUR conta que, com o fim da concessão de refúgio, o Brasil fez um programa de repatriação para permitir a volta dos refugiados ao país africano, mas que nenhum angolano se inscreveu. “É um sinal de que o Brasil cumpriu bem seu papel de receber, de fornecer meios para reconstruir a vida e se integrar”, avaliou. “O acolhimento pelo país deu certo.”  :::

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–– Nota: ––
–(*)–  O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) é o órgão das Nações Unidas encarregado de garantir proteção e segurança a refugiados e expatriados de todo o mundo. A sede do órgão localiza-se em Genebra, Suíça, e é presidido pelo antigo primeiro-ministro da República Portuguesa, António Guterres.

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VIEIRA, Isabela. Facilidade com Língua e vagas de trabalho fazem angolanos virem para o Brasil.
Extraído da Agência Brasil.
Publicado em: 26 dez. 2014.

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Lusófona e chinesa, Macau após 15 anos da transferência à China

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 24 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Da Agência Lusa e da Rádio China Internacional

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Quando a China assumiu o governo de Macau, “havia algumas incertezas quanto ao futuro, mas o desenvolvimento desta Região Administrativa Especial ultrapassou em muito o que as pessoas imaginavam”, disse recentemente um jornalista em transmissão da Televisão Central da China (CCTV), em uma reportagem em direto de Macau.

Desde o “regresso de Macau à Pátria”, como se diz na China, a região teve impressionante desenvolvimento económico, a ponto de o território tornar-se a “capital mundial do jogo”, à frente de Las Vegas. Há 15 anos, “o Lisboa era o melhor e o maior casino de Macau; hoje é o mais pequeno”, salientou o jornal de língua inglesa China Daily.

O legado dos cinco séculos de presença portuguesa é visto em sua herança arquitetónica, como o Farol da Guia, o mais antigo de toda a China, e o Centro Histórico de Macau, com as ruínas da Catedral de São Paulo e o Largo do Senado, classificado como Património Mundial pela UNESCO em 2005.

“Com as suas ruas antigas, áreas residenciais, construções religiosas, arquitetura portuguesa e chinesa, o Centro Histórico de Macau constitui um testemunho único do encontro entre o Oriente e o Ocidente”, assinala o Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista da China.

O passado português convive com as marcas da modernidade pós-transferência: Macau conta com a Torre Panorâmica e com uma rede de 20 quilómetros do Metro Ligeiro, da Península de Macau até Cotai. E em 2016, terá uma gigantesca ponte de 50 quilómetros de extensão sobre a Riviera das Pérolas a ligar Macau, Hong Kong e Zhuhai (na região de Cantão).

“O espírito de ‘Amar Macau, Amar a China’ tem sido a chave do rápido desenvolvimento de Macau nos últimos quinze anos”, proclamou o Diário do Povo.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, concorda: “Nos últimos quinze anos, Macau desenvolveu boas relações com os países de Língua Portuguesa e desempenhou um papel positivo na ligação da China aos países de Língua Portuguesa”, disse ele à Agência Lusa.

“China e Portugal lidaram corretamente com o regresso de Macau [à administração chinesa], através de consultas e negociações em pé de igualdade”, disse ele. Afirmou ainda que a transferência de poderes no território constitui “um marco memorável na História” das relações luso-chinesas.

–– “Um país, dois sistemas” ––
Macau (Ao Men, em chinês) foi integrado na Republica Popular da China no dia 20 de dezembro de 1999, segundo a mesma formula adotada dois anos antes no antigo território britânico de Hong Kong: “um país, dois sistemas”.

Segundo essa fórmula “um país, dois sistemas”, exceto nas áreas de defesa nacional e relações externas, a cargo do Governo central em Pequim, Macau goza de “um alto grau de autonomia”, “é governado por pessoas de Macau”. E o português mantém-se como Língua oficial, a par do chinês.

Desde a transferência da soberania à China, ocorrida em dezembro em 1999, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita de Macau passou de 12,3 mil para 71,2 mil euros, sendo hoje “o segundo mais elevado da Ásia e o quarto do mundo”, realçam os responsáveis chineses.

O rendimento mensal médio em Macau triplicou, para 15 mil patacas (1.500 euros) – cerca de o dobro de Pequim – e o desemprego baixou para 1,6%, referiu um órgão da imprensa chinesa.

Na China, o PIB per capita ronda os 5,7 mil euros e mesmo em Pequim, uma das cidades do país com melhor nível de vida, o salário médio não chega a 6.000 iuanes (800 euros).

“Gosto muito da cidade. Macau é um local especial. Gosto da mistura cultural e arquitetônica”, disse José Matias, nascido em Portugal e que vive na cidade do sul da China. “Gosto da cultura, da comida e dos costumes chineses. Gosto da presença portuguesa e lusófona. Gosto de Macau também pelos bons amigos que fiz aqui.”

E não só fez amigos como casou-se com uma chinesa local e tem dois filhos. “Macau é a minha casa. A segunda casa que se tornou primeira.”, disse Matias, ao repetir o verbo “gostar”, expressando sua paixão por Macau, chinesa e lusófona.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa e da Rádio China Internacional ––

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Curso de tradução das Línguas Portuguesa e chinesa dos Institutos Politécnicos de Leiria e de Macau

In Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 20 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , ,

Da Agência Lusa
20 de dezembro de 2014

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O Instituto Politécnico de Leiria (IPL) e o Instituto Politécnico de Macau (IPM) promovem em parceria há oito anos o Curso de Tradução e Interpretação Português-Chinês e Chinês-Português.

Esse curso especial de tradução já formou 114 tradutores e intérpretes, sendo 44 licenciados portugueses e 70 chineses, colocados em empresas privadas e instituições governamentais, dando-lhes habilidades de comunicação tanto na Língua Portuguesa quanto no chinês mandarim: a versão oficial adotada pela República Popular da China.

Iniciado em 2006, o Curso de Tradução e Interpretação Português-Chinês e Chinês-Português funciona em paralelo nas duas instituições: o primeiro e quarto ano no país de origem dos alunos e os dois anos intermédios em Portugal, para os chineses, e na China, para os portugueses.

“Essa é uma das mais-valias: potenciar a formação num contexto de imersão linguística”, disse à Agência Lusa a professora da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do IPL, Inês Conde, coordenadora do curso.

De acordo com Inês Conde, empresas privadas da área da tradução em Portugal, Brasil e Angola, órgãos de comunicação social da Região Administrativa Especial de Macau, universidades e entidades representantes do governo da República Portuguesa na China estão entre os organismos que têm garantido saídas profissionais aos alunos.

–– Diferenças de métodos de ensino de línguas ––
Durante as aulas, todos os alunos portugueses e chineses sentem as diferenças nas metodologias de ensino – conforme é praticado em Portugal ou na China –, embora Inês Conde sublinhe ser “mais difícil” aos alunos chineses assimilarem o método português do que o contrário.

“Os professores portugueses usam muito as estratégias criativas ou espontâneas de escrita ou produção oral, e os alunos chineses estão habituados a um sistema de mais memorização, repetição até de conteúdos e de estruturas gramaticais. Eles têm muita facilidade em estudar a gramática e sentem mais dificuldade na produção oral espontânea, sem preparação prévia”, explicou.

Já os portugueses, continuou, embora em geral adorem a experiência de estudar em Pequim e de sentir a “pulsão” da capital do país mais populoso do mundo – “o mar de gente que pulsa em Pequim todos os dias” –, relatam as diferenças encontradas na metodologia chinesa, “um tipo de ensino que requer muita disciplina, muito estudo, muito trabalho, muito treino linguístico”.

O feedback [retorno] que o Instituto Politécnico de Leiria tem dos responsáveis do seu congénere de Macau – com quem a parceria permitiu desenvolver uma “relação muito próxima com docentes e funcionários, quase familiar” – é o de que os alunos portugueses que ali demandam “são muito bons a aprender línguas estrangeiras”.

–– Alunos chineses são “muito respeitadores” e os portugueses, “mais informais” ––
No relacionamento com os professores, os alunos macaenses oriundos do Politécnico de Macau “têm uma relação muito cordial e muito formal”, principalmente no início do ano letivo. “Depois percebem que podem estar um pouco mais à vontade, mas são muito respeitadores, muito bem comportados nas aulas, respondem muito bem às solicitações dos docentes”, refere Inês Conde.

Os portugueses, esses, são mais informais, denotam “algumas características típicas” do país de origem, “nem sempre respeitam as horas de entrada nas aulas”, assinala, com um sorriso, a coordenadora do curso.

“Temos alunos que já falam chinês quase sem as marcas da sua origem, da sua língua materna. Têm-nos dito que trabalham e vão ao encontro das exigências que lhes são feitas na aprendizagem do mandarim”, frisou.

No regresso a Leiria, no quarto ano do curso, os professores de chinês destacados na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais “ficam muito contentes por perceberem que houve uma evolução enorme nos dois anos que passaram na China, e o trabalho que é feito já é de grande complexidade”.

No último ano os estudantes trabalham géneros textuais legais, administrativos, relacionados com a economia ou com a literatura “e conseguem atingir bons resultados”, manifestados, depois, nos estágios profissionais que se realizam no segundo semestre do quarto ano. “Fazem tradução de chinês para português e, se lhes pedirem, também de português para chinês”, revela.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa ––

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A Língua Portuguesa resiste no Mercado Vermelho de Macau

In Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 19 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência Lusa
17 de dezembro de 2014

:::  Na esquina da Almirante Lacerda, todo o pescado é conhecido pelo seu nome português.  :::

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No Mercado Vermelho, o mais icónico de Macau, a língua chinesa é rainha, mas ainda há quem recorra ao português para atrair clientes.

“Batata, tomate, cebola, alface, agrião, brócolos, couve-flor”, enumera Ana Wong, 56 anos, enquanto aponta, um a um, os legumes na sua banca.

Há mais de 30 anos que a vendedora tem o seu negócio no mercado – um dos mais antigos da cidade, estabelecido em 1936, e o único classificado como património cultural de Macau.

O seu português, que hoje não vai muito além dos nomes dos legumes e dos preços, aprendeu-o em aulas noturnas, que frequentou antes da transferência de administração [ocorrida em dezembro de 1999], quando, aos vinte e poucos anos, se mudou de Zhongshan, na China, para Macau.

“Tinha de aprender português porque contactava com os portugueses que iam fazer compras. Se não aprendesse, era difícil”, explica, com o auxílio de um tradutor. “Falo um bocadinho, mas não falo muito bem”, desculpa-se.

Antes de 1999, os clientes que dominavam o idioma eram “muitos”, mas agora são só “dois ou três”. Ainda assim, denota uma nova tendência: Depois da transferência, “muitos portugueses foram para Portugal. Mas agora é diferente: agora muitos vivem em Macau”.

Ao contrário do que acontecia no passado, já “surgem alguns portugueses que pedem os legumes em chinês”, apesar de maioritariamente serem “portugueses de lá casados com macaenses”. “Mas também há muitos portugueses que chegam a Macau e não querem falar chinês”, lamenta.

O negócio de família já correu melhor, diz, culpando o aumento do custo de vida que faz com que o rendimento, de mais de 20 mil patacas [ou 2 mil euros], “não dê para nada”.

Os preços dos legumes também subiram significativamente desde 1999, admite, com destaque para as batatas e hortaliças. “A hortaliça custava duas ou três patacas [20 ou 30 cêntimos], agora custa 16 ou 18 patacas o cate [1,6 ou 1,8 euros por 600 gramas]”, conta.

–– “Amigo, quer peixe?” ––
No andar de cima do mercado, na zona do peixe, fica a banca de Leong Chi Pong. Não há rosto ocidental que o vendedor de 59 anos deixe passar sem tentar a sorte. “Amigo, quer peixe?”, diz, em jeito de cumprimento.

Foi também de Zhongshan que veio, há mais de 30 anos, para Macau, com 26 anos. “Tinha de trabalhar. Por isso vim vender peixe”, resume.

O idioma aprendeu-o com os clientes. “Os portugueses vinham comprar, precisavam de sardinhas ou perguntavam ‘Tem salmão?’. Foi assim que aprendi”, conta.

O português pode falhar em conversas mais gerais, mas, no que toca ao pescado, Leong Chi Pong não erra uma. “Salmão, corvina, lula, choco, polvo, cabeça, filete”, enumera, sorridente, emoldurado pelos icónicos candeeiros vermelhos, típicos dos mercados chineses, que pendem sobre a sua banca.

Os clientes portugueses habituais já não são tantos como antes, apenas “três ou quatro”, mas conhece-os pelo nome, como “o Manel e o Branco”. São também seus clientes os chefs do restaurante do Instituto de Formação Turística.

Satisfeito com a profissão que escolheu, explica como usa ainda o pouco português que domina para ensinar aos clientes a confecionar os produtos. “Assado, caldeirada, forno”, exemplifica.

Lamenta que hoje haja menos portugueses a visitar o mercado, em comparação com os que havia há 15 anos. “Os portugueses têm mais o hábito do convívio quando compram, conversam mais, têm mais amizade”, comenta.

Também na sua seção, os preços têm subido “muito”, o que gera reclamações. “De vez em quando as pessoas queixam-se. Dizem :’Vende tão caro’. Mas não é minha culpa, é do fornecedor”, justifica, tentando por uma última vez perguntar: “Não quer peixe?”.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa ––

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A diversidade nas palavras e sotaques de uma Língua cada vez mais integrada

In Língua Portuguesa Internacional,Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 13 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , , ,

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A Língua Portuguesa é dos poucos idiomas que têm caráter internacional e uso oficial nos cinco continentes. Abrange vasta área geográfica ao redor do mundo e convive com as mais diversas realidades culturais.

Desde o período das Grandes Navegações portuguesas dos séculos XV e XVI, a Língua Portuguesa foi levada para os locais mais remotos do mundo e serviu como canal de comunicação entre culturas distintas. O resultado disso é o facto de ser enriquecida com grande vocabulário e sotaques diversos que dão características locais à Língua em cada região onde é falada.

E, por conseguinte, a “Língua filha ilustre do Latim” fortalece a sua identidade transcultural, como uma Língua de expressão mundial. Mas, ainda assim, é importante que iniciativas sejam dadas para a sua expansão, como o Acordo Ortográfico de 1990 que uniformiza as regras de escrita da Língua Portuguesa em todo o mundo.

A implantação do Acordo permitirá a troca entre os países de materiais escritos na mesma Língua e facilitará o aprendizado da Língua no exterior e a sua adoção por organismos internacionais.

A seguir, uma reportagem da Agência Brasil sobre a variedade do vocabulário da Língua Portuguesa, os aspectos locais que a Língua assume em cada país e a importância da promoção do ensino da Língua e das novas regras internacionais de ortografia.  :::

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–– Regionalismos distinguem português brasileiro do africano ––

Da Agência Brasil

:::  Termos e modo de falar dos países de Língua Portuguesa apresentam variações e enriquecem o idioma tornando-o mais diversificado.  :::

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Camba? Kumbu? Kota? Você pode não saber, mas essas são palavras da língua portuguesa faladas em Angola, país da costa sudoeste da África colonizado por portugueses. Esses são termos usados para designar, respectivamente, “amigo”, “dinheiro” e “pessoa mais velha e respeitável”, e são uma pequena amostra de como a Língua Portuguesa tem variações que podem torná-la incompreensível até mesmo para seus falantes.

Há também casos de palavras que existem no português brasileiro e que podem gerar confusão em uma conversa com um angolano. “Geleira”, por exemplo, que no Brasil significa uma grande massa de gelo formada em lugares frios, em Angola, significa “geladeira”.

Angola é apenas um dos oito países –(1)– de Língua Portuguesa espalhados pelo globo. Além do Brasil, de Portugal e de Angola, o português é a Língua nacional de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, São Tomé e Príncipe e do Timor-Leste, localizado no arquipélago indonésio, entre a Ásia e a Oceania.

Cada lugar tem um falar distinto, que torna o português, assim como outras línguas globais, um idioma rico e diversificado. Em alguns países, o português apresenta variações de sotaque e vocabulário, como é o caso das diferenças na forma de se expressar dos falantes do Nordeste, Sul e Sudeste do país [do Brasil].

O escritor e linguista Marcos Bagno, professor do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, explica que a Língua Portuguesa foi levada para vários lugares do mundo por meio das conquistas marítimas de Portugal. Aos poucos, essa Língua foi assumindo características próprias em cada comunidade.

“O que ainda nos mantém mais ou menos em contato fácil é a Língua escrita formal, que é mais conservadora e tenta neutralizar as diferenças entre os modos de falar característicos de cada país”, destacou. “Faço parte de um grupo cada vez maior de pesquisadores que afirmam que, sim, o português brasileiro é uma Língua diferente do português europeu, depois de mais de 500 anos de divergência.”

–– Acordo Ortográfico e expansão da Língua no mundo ––
Recentemente, houve um movimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para aproximar a escrita desses países. O resultado foi a assinatura de um Acordo internacional para a implantação de uma ortografia unificada –(2)–. Todos os oito países assinaram e sete deles já ratificaram o documento. Apenas em Angola, o Acordo encontra barreiras políticas.

Segundo o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Gilvan Müller de Oliveira, que foi diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) da CPLP por quatro anos (entre 2010 e 2014), o Acordo Ortográfico, o aumento do fluxo de pessoas entre esses países e a expansão do sistema educacional dos países da África e do Timor-Leste deverão ajudar no crescimento do número de falantes.

“Nesses países, uma parte muito grande da população não é falante do português. Eles falam outras línguas. Em Moçambique hoje, 50% da população não falam português. O português passa por um período de crescimento importante, porque finalmente esses países terminaram suas guerras civis, o sistema de ensino foi reestruturado e também os meios de comunicação. Pela previsão das Nações Unidas, todos os cidadãos falarão português nesses países a partir de 2050”, disse Müller.  :::

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–– Notas: ––
–(1)–  Atualmente, são nove os países que tem como Língua oficial o português: em 2011, a Guiné Equatorial adotou o português como uma das Línguas oficiais ao lado do espanhol e do francês.

–(2)–  Trata-se do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que foi elaborado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990 e que unifica as regras de escrita da Língua em todo o mundo.

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–– Extraído da Agência Brasil ––

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“Língua e liberdade”: uma jornada de partilha e de reflexão sobre o Português cabo-verdiano

In Defesa da Língua Portuguesa,Lusofonia e Diversidade on 12 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , ,

Da RTC (Cabo Verde) e do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa
4 de dezembro de 2014

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O tema Língua e Liberdade nomeou a primeira Jornada de Partilha e Reflexão da Língua Portuguesa ocorrida no dia 3 de dezembro de 2014 na cidade da Praia, capital de Cabo Verde.

A reunião foi promovida pelo recém-criado Instituto de Línguas e Protocolos Executivos (ILPE), com o apoio da Casa Verbo e Edições, e teve como meta identificar os desvios que afetam os níveis académicos e profissionais quanto à expressão da Língua falada e escrita no país.

Professores de diferentes níveis de ensino, académicos, estudantes e autoridades da área de educação e cultura, jornalistas, e profissionais de outros sectores reuniram-se para debater o estado da Língua Portuguesa de Cabo Verde.

“Nós pretendemos fazer uma reflexão para além da sala de aula, para além dos nossos organismos institucionais”, disse Augusta Évora Teixeira, coordenadora da Casa Verbo, em entrevista à TVC, a televisão pública de Cabo Verde.

“Somos professores de formação. Então, o objetivo é partilhar, refletir sobre as preocupações que nós temos enquanto falantes e enquanto profissionais da Língua para ver se conseguimos dialogar, porque, como acabou de acontecer aqui, as propostas do Ensino Primário são diferentes das do Ensino Secundário e as propostas do Ensino Superior são diferentes das outras, mas há um ponto em comum em que há uma falta nos três níveis.”

Os promotores da jornada contaram com um debate entre os participantes, de modo a obter propostas de melhoria em todas as vertentes do ensino, como um investimento para uma maior destreza linguística dos cabo-verdianos a médio e longo prazos.

–– “Há falta de oportunidade de praticar a Língua oral” ––
A especialista apontou ainda riscos para a Língua Portuguesa no país, sobretudo quanto à falta de separação de usos linguísticos entre o português e as formas do crioulo cabo-verdiano.

“As maiores preocupações que são idênticas, que são iguais nos três níveis de ensino, são a falta de leitura e a falta de oportunidade de praticar a Língua oral”, explicou Augusta Teixeira. “A questão dos programas que, principalmente no Ensino Superior, há um programa defasado, há uma ausência de manual didático. E em relação aos meios intelectuais, aos políticos e aos jornalistas –que é a área que eu pesquisei–, também tem dificuldades, como todos os cabo-verdianos têm, mas principalmente na questão que denuncia a falta de prática da Língua oral.”

–– Português como Língua Segunda nas escolas e Plano Nacional de Leitura ––
Durante a jornada, o ILPE apresentou um diagnóstico sobre a Língua a recomendar que se deve ensinar mais cedo o português, que os pais devem assumir a Língua Portuguesa em uma vertente lúdica e que deve ser criado um Plano Nacional de Leitura em Cabo Verde. Tal plano nacional estaria a cargo do Ministério da Educação e da Cultura.

“O estudo mostra claramente que a leitura está em relação a qualquer outras da habilidades, a mais prejudicada. Há uma falta de leitura, mesmo em universitários. Isso –como nós não temos o português no dia a dia em outros ambientes a não ser escolares e oficiais– acaba por prejudicar realmente a competência linguística dos falantes, em relação à fala. Quando não há leitura e há pouca prática da oralidade, há uma deficiência grave. E a escrita, mesmo a parte gráfica, está a ser invadida pela escrita dos chats [o bate-papo da Internet]”, referiu Augusta Teixeira.

Quanto à Língua nas escolas, o ILPE recomendou aos professores uma abordagem mais comunicativa e mais aberta, a priorizar o ensino de Português como Língua Segunda.

A Jornada foi composta por três grandes painéis: “Diagnóstico, Desafios e Perspectivas de Ensino”, “Leitura: uma Sementeira em Terra Boa” e “Património e Memória”, além de outros temas complementares que foram debatidos como “Ensinar as primeiras letras em Cabo Verde” e “A docência da Língua Portuguesa no Ensino Secundário: experiência e desafios”.  :::

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–– Extraído da RTC (Cabo Verde) e do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa ––

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Ensino de Português em Macau é “tradicional e silenciador”, diz académico

In Defesa da Língua Portuguesa,Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 10 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , ,

Do jornal Ponto Final (Macau, China)
8 de dezembro de 2014

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Roberval Teixeira e Silva, professor de português na Universidade de Macau, investigou o comportamento dos alunos chineses na sala de aula.

O Ensino do Português em Macau recebeu ontem nota negativa do académico brasileiro Roberval Teixeira e Silva, docente da Universidade de Macau, que criticou a metodologia vigente por ser “extremamente tradicional e silenciadora”.

“O sistema de ensino, em termos de conteúdo, é muito pobre e é muito tradicional, o que impede que os alunos desenvolvam uma série de habilidades e competências como a de analisar e criticar”, disse, à margem do IV Congresso da Associação Internacional de Linguística do Português (AILP), que este ano se reúne em Macau.

O professor, que antes de vir para o território trabalhou no Brasil sobre as questões do ensino do Português como Língua Estrangeira, destacou um “problema de metodologia e de postura em relação a novas possibilidades”.

Entre 2006 e 2011, Roberval Teixeira e Silva observou e registou aulas de português em praticamente todas as escolas da cidade [de Macau] e entrevistou professores, alunos e funcionários, identificando esta “resistência muito forte à mudança”.

“As pessoas estão muito presas a modelos tradicionais de ensino que se focam na gramática, no vocabulário e na tradução. Não saindo dessa tríade – claramente criticada e ineficaz –, o trabalho não vai funcionar. Não adianta se o aluno está exposto à Língua Portuguesa por uma hora ou por cinco horas por semana. A postura é extremamente tradicional e silenciadora”, criticou.

Esta abordagem das escolas encontra eco em uma predisposição dos alunos chineses para o silêncio, um factor que frequentemente causa estranheza entre os professores estrangeiros habituados a audiências participativas.

O “enorme silêncio” das turmas que encontrou na universidade acabou por motivar o docente a iniciar uma investigação sobre o tema em 2007. Além de tentar perceber junto dos seus próprios alunos o que os inibia, o académico passou um ano a acompanhar as aulas de português de crianças do 1º ano, com uma professora cuja língua materna era o cantonês.

Roberval Teixeira e Silva concluiu que o “silêncio chinês” é algo cultivado desde a infância, “projetado pelos professores, pelos pais, pelos colegas”, já que “toda a gente assume que, para se ser bom aluno, é preciso ser assim”.

“Fui percebendo que, se o aluno não for solicitado diretamente para falar [e se o fizer], é interpretado como sendo uma pessoa que quer aparecer, que não respeita os colegas e até o professor”, explicou.

Esta é uma diferença substancial em relação ao ensino ocidental, onde se espera e valoriza uma postura oposta. “Na minha cultura de sala de aula, o silêncio mostra desconexão e desinteresse, porque estamos acostumamos a construir alunos que precisam de superar o professor, colocar as suas perspectivas”, lembrou.

No entanto, “o aluno chinês tem a ideia de que precisa de imitar o mestre. É uma forma de respeito e de atingir um patamar adequado e ideal para os seus objetivos”, esclareceu.

Segundo o professor, a situação pode ser contornada através de estratégias na sala de aula, de modo a atribuir “papéis específicos” a cada aluno em um contexto de debate.

O académico considerou, no entanto, que não é preciso uma preparação especial para ensinar alunos chineses. “Se um professor estiver preparado para a diferença, não precisa de se preparar para o silêncio”, concluiu.  :::

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Ensino do português em Macau é “extremamente tradicional e silenciador”.
Extraído do jornal Ponto Final (Macau, China)
Publicado em: 08 dez. 2014.

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IV Congresso da AILP em Macau: o Português na Ásia e seu caráter de “Língua-legião”

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 9 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , ,

Da AILP – Associação Internacional de Linguística do Português e do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa

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Entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2014, realizou-se em Macau, no sul da China, o IV Congresso da Associação Internacional de Linguística do Português (AILP). O evento foi realizado no Departamento de Português da Universidade de Macau, no novo câmpus da instituição, situado na Ilha da Montanha (ou Hengqin, em seu nome chinês).

Um dos grandes objetivos do Congresso da AILP é investigar a presença da Língua Portuguesa na Ásia nos chamados “ambientes de superdiversidade”, com o fim do contexto colonial e o surgimento do conceito de Lusofonia.

O evento reuniu cerca de 150 linguistas, professores de português, pesquisadores e diretores de institutos de Língua Portuguesa dos mais variados países da Ásia, que abordaram sobre o ensino e a promoção da Língua no continente.

–– O Português como uma “Língua-legião” ––
O congresso também destacou o português como uma Língua pluricêntrica. O comunicado oficial da AILP na Internet sublinhou que “a onda mais recente de investigações socioculturais em e sobre a língua portuguesa, desenvolvidas na Ásia especialmente na Universidade de Macau, tem evidenciado novas marcas e tonalidades que evidenciam o português como uma Língua transnacional”.

“É insustentável falar em línguas puras, homogéneas, associáveis a um povo específico e faladas, com exclusividade, em um território circunscrito”, prossegue o comunicado, explicando o que é a “superdiversidade da Língua Portuguesa”.

“Assim, o que sobretudo precisa ser sublinhado é a ideia de uma Língua-legião: porque são muitas as Línguas Portuguesas. E como vêm sendo faladas por sujeitos com heranças linguísticas e culturais imprevisíveis, na Ásia e em outros espaços, vão sendo alimentadas, (re)criadas, e, assim, vão se manifestando saudáveis, mestiças, carregadas com as contradições dos seus falantes”, conclui o texto da AILP.

–– “Como está a Língua Portuguesa na Ásia?” ––
“Este congresso foi pensado para refletir a Língua Portuguesa na Ásia, porque sabe-se muito pouco sobre a região. À exceção de Macau, que é uma referência para toda a Ásia, sabemos muito pouco sobre o que acontece na Indonésia ou Malásia”, declarou no comunicado de abertura do evento o presidente da AILP e professor da Universidade de Macau, Roberval Teixeira e Silva.

“Como a perspectiva dos Países de Língua Portuguesa é cada vez mais promissora em termos mundiais, a Língua vai aparecendo e brotando em mais espaços”, explicou o docente, ao realçar a importância de se saber o “é que está acontecer com a Língua Portuguesa? Como é que funciona e que tipo de imagem existe sobre ela?”

–– Documentos em defesa do Português na Ásia ––
O congresso lançou um movimento inicial para gerar um documento direcionado às instituições de ensino e de pesquisa, públicas e privadas, em apoio às investigações sobre a Língua Portuguesa em seus mais variados usos na Ásia.

“Queríamos trazer pesquisadores de cada país para fazer um documento, que fosse útil para embaixadas, consulados, governos, instituições de fomento, no sentido de apoiar mais iniciativas ligadas à Língua Portuguesa, não apenas em termos de pesquisa, mas também em atividades culturais”, destacou Roberval Teixeira e Silva.

Entre as metas da AILP nesse sentido, pretende-se promover um encontro de líderes asiáticos envolvidos com a Língua Portuguesa, para a elaboração de um documento oficial em português nos diferentes países do continente. Será ainda lançado um livro a reunir as palestras dos especialistas asiáticos presentes ao congresso, cujo título provisório é o tema do evento: A Língua Portuguesa na Ásia sob a Perspectiva da Superdiversidade: Ensino, Pesquisa e Difusão.

–– Sobre a AILP ––
A Associação Internacional de Linguística do Português (AILP), sem fins lucrativos e de caráter científico e de promoção cultural, foi criada em 2001 pelos esforços conjuntos da Associação Brasileira de Linguística e da Associação Portuguesa de Linguística.

Seus congressos anteriores foram realizados na Universidade de Lisboa, em 2003, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2007, e na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, Brasil, em 2010.

O IV Congresso da AILP, na Universidade de Macau, contou também com os apoios do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), da Fundação Oriente (de Macau, China) e da Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira (SIPLE).  :::

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–– Extraído da AILP – Associação Internacional de Linguística do Português e do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa ––

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A preocupante questão da proibição da Língua Portuguesa nas escolas do Luxemburgo

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional,Lusofonia e Diversidade on 30 de Novembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Da Agência Lusa, do jornal Diário de Notícias (Lisboa, Portugal) e da rede TVI (Portugal)

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Um assunto relativo à Língua Portuguesa tem causado preocupações às comunidades lusófonas de um pequeno país da Europa Central caracterizado justamente por sua diversidade linguística.

Creches e ateliês de tempos livres (ATL) públicos no Luxemburgo estão a punir crianças que falarem em Língua Portuguesa, e a decisão se estende aos funcionários imigrantes no país.

“Foi-nos dito que não podíamos falar português com os miúdos e que eles também não podiam falar português entre eles: é uma regra da casa”, disse uma funcionária portuguesa de um estabelecimento público em Esch-sur-Alzette, que inclui uma creche.

As línguas autorizadas neste ATL onde meninos, com idade entre três meses e 12 anos, passam entre “quatro a seis horas por dia”, fora do horário escolar, são apenas as três oficiais do país: francês, alemão e luxemburguês. Elas estão indicadas em um painel “feito em conjunto” com as crianças no início do ano.

“Na creche, as educadoras são um pouco mais flexíveis, mas a proibição existe na mesma”, relatou a funcionária portuguesa. E ela frisou que, apesar de o Luxemburgo ter três línguas oficiais, “há uma exigência de falar luxemburguês em primeiro lugar”.

Para garantir o cumprimento da proibição, o ATL adotou um sistema próprio de castigos aos meninos. “Há o castigo de os separar” para “não poderem falar entre eles, ou o isolamento numa mesa em frente ao escritório” dos funcionários, explica a funcionária. E, nas saídas de grupo, pode chegar até a imobilização forçada. “A criança [que falou em português] tem de se sentar ou ficar quieta durante cinco minutos.”

No ATL de Esch-sur-Alzette, há apenas dois meninos luxemburgueses: os restantes, cerca de meia centena, são portugueses ou cabo-verdianos, e os castigos são aplicados “diariamente”, garante a funcionária.

“Eu própria falo português com as crianças, mas um bocadinho às escondidas, porque às vezes é mais fácil para elas comunicarem e porque precisam de afeto. E é mais fácil transmitir esse carinho na Língua que elas compreendem”, confessa a funcionária. “Eles vêm-me perguntar: ‘Posso-te dizer em português, porque não sei em luxemburguês?’, e eu digo que sim, ‘mas baixinho'”.

–– Criança punida por falar em português na rua ––
Em Rodange, também no sul do país, há também a interdição nos infantários do jardim de infância e na escola primária, disse à Lusa Manuel Santos, que vive no Luxemburgo há quase 12 anos e tem um filho de sete anos. “No infantário era a mesma coisa, nem nós pudemos falar em português com as empregadas, que são portuguesas, e as crianças também não.”

Em outubro, uma criança foi castigada com trabalhos de casa suplementares por ter falado em português com um colega. O incidente ocorreu durante uma visita da turma do 2º ano da escola primária de Rodange à capital – a Cidade do Luxemburgo –, para ver um concerto de música clássica.

“Falou na rua. Não foi na sala de aulas”, queixa-se o pai. “Achei uma injustiça numa classe em que são quase todos portugueses. É normal que falem a Língua dos pais, e só não reclamei porque tenho quase a certeza que o miúdo ia ser prejudicado”, diz Manuel Santos.

–– Há discriminação a quem fala português? ––
Em julho, o ministro da Educação do Luxemburgo, Claude Meisch, anunciou em entrevista ao jornal L’Essentiel, a intenção de criar creches gratuitas bilingues (em francês e luxemburguês). O objetivo, segundo ele, é evitar que “as crianças de origem portuguesa, francesa ou servo-croata frequentem creches privadas onde o pessoal só fala francês”, de modo a que aprendam também o luxemburguês – um dialeto germânico local reconhecido como idioma oficial do país em 1984.

O presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL), José Coimbra de Matos, garantiu à Agência Lusa que os casos não são únicos no Luxemburgo, e confirmou que há mesmo creches em que a Língua Portuguesa é proibida. “Pessoas que trabalham em creches públicas informaram-nos que as crianças são punidas se forem apanhadas a falar português”, contou ele à Lusa, dizendo que a medida discrimina sobretudo a comunidade portuguesa. O presidente da CCPL questionou: “Será que os que falam inglês ou italiano têm o mesmo tratamento?”

–– “Dois pesos e duas medidas” do Governo luxemburguês ––
Em postagem de seu perfil no Facebook, a ministra da Família e da Integração do Luxemburgo, Corinne Cahen, defendeu a promoção da aprendizagem de várias línguas “desde o ensino precoce”.

No dia seguinte, em comentário à postagem da ministra, uma mãe disse que temia que “o tiro saísse pela culatra”, e acrescentou: “Na turma do sétimo ano da minha filha, 14 dos 20 alunos são portugueses, e o diretor de turma decidiu que não podem falar português nas aulas, mas que o luxemburguês é obrigatório”. A ministra, porém, respondeu ao comentário, dizendo: “Decisão acertada do diretor de turma”.

Para o presidente da CCPL, o comentário da ministra mostra que há “dois pesos e duas medidas” na política do Executivo luxemburguês.

“O próprio Ministério da Educação do Luxemburgo diz que é importante valorizar a Língua materna e quis que o português fosse incluído no boletim escolar, e agora surge este caso que, ainda por cima, é aprovado por alguém com responsabilidades no Governo”, lamentou o dirigente associativo.

A postagem na página do Facebook da ministra da Família, a que a Agência Lusa teve acesso, foi entretanto apagada. A Agência Lusa tentou ouvir a ministra sobre este caso, mas fonte do seu gabinete informou na ocasião que Corinne Cahen estava fora do país.

A Agência Lusa questionou também a autora do comentário na rede social que denunciou o caso da proibição de falar português, mas a mãe da aluna do 7° ano (o primeiro ano do Ensino Secundário no Luxemburgo) recusou revelar em que liceu o caso se passou ou prestar declarações.

–– Diplomacia portuguesa expressa preocupação ––
Também em postagem no Facebook feita no início de novembro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa declarou ter diligenciado “junto do Ministério da Educação do Luxemburgo, no sentido de esclarecer a existência de normas que pretensamente proibissem a utilização da Língua Portuguesa nas creches e escolas daquele país”.

De acordo com a diplomacia portuguesa, as autoridades do Luxemburgo reiteraram “a política de diversidade linguística em vigor no sistema educativo público daquele país, incluindo o ensino da Língua Portuguesa”. Elas também asseguraram que “o recurso à Língua materna dos alunos continua […] a ser incentivado como elemento de integração e facilitador de aprendizagem”.

A chancelaria portuguesa prometeu que continuaria a acompanhar o caso, bem como pretende informar-se sobre o assunto das escolas através da embaixada de Portugal no Luxemburgo.

–– Grande presença lusófona no Grão-Ducado ––
No Luxemburgo há cerca de 100 mil portugueses e emigrantes de outros países lusófonos, que representam cerca de 20% da população no país.

Segundo dados do Ministério da Educação do Luxemburgo, o português é a segunda Língua materna mais falada nas escolas do país, com 28,9% de falantes, a seguir ao luxemburguês, com 39,8%, mas à frente dos outros dois idiomas oficiais do Grão-Ducado, francês (11,9% de falantes) e alemão (2%).

Os alunos lusodescendentes representam mais de vinte por cento dos estudantes em todos os níveis de ensino no país – uma percentagem que no Ensino Secundário técnico ronda os 28%, segundo dados do Ministério da Educação de 2012/2013.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa, do jornal Diário de Notícias (Lisboa, Portugal) e da rede TVI (Portugal) ––

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Maioria da população dos países lusófonos tem cerca de um terço de jovens

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 29 de Novembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Da Agência Lusa
18 de novembro de 2014

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Cerca de um terço da população da maioria dos países de Língua oficial portuguesa tem entre 10 e 24 anos e pode “transformar o futuro” do seu Estado, segundo o relatório do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) divulgado em 18 de novembro.

“O Poder de 1,8 Mil Milhões de Adolescentes e Jovens e a Transformação do Futuro”: este é o título do estudo sobre o estado da população mundial em 2014, que defende que o atual número de jovens no mundo – um recorde – pode impulsionar o desenvolvimento socioeconómico, com o adequado investimento na sua educação, na saúde e na proteção de direitos.

Dos nove lusófonos, apenas em Portugal e no Brasil os jovens não representam atualmente cerca de um terço da população: são 16% no país europeu e 25% no país sul-americano, embora neste caso ascendam ainda assim a 50,9 milhões.

Entre os restantes membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Timor-Leste apresenta o maior número de jovens, com 38% da população entre os 10 e os 24 anos, seguido de Angola e de Moçambique, ambos com 33% (7,2 milhões e 8,7 milhões respectivamente).

Cabo Verde e Guiné-Bissau têm 32% de jovens entre os 10 e os 24 anos, São Tomé e Príncipe tem 31% e a Guiné-Equatorial 30%.

O diretor-executivo do FNUAP, o nigeriano Babatunde Osotimehin, salientou, em um comunicado de divulgação do estudo, a oportunidade que a existência de um grande número de jovens representa para os países. Mas advertiu, no entanto, que “eles só podem transformar o futuro se tiverem competências técnicas, saúde, poderem decidir e fazer escolhas”.

O “dividendo demográfico” – que ocorre quando a população em idade ativa é maior do que a dependente e mais jovem – “tem o potencial para retirar centenas de milhões de pessoas da pobreza e elevar os padrões de vida, lançando as economias”, afirma o relatório do FNUAP.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa ––