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Oportunidades e proximidade cultural atraem brasileiros para Angola

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 29 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Michèlle Canes
da Agência Brasil
28 de dezembro de 2014

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Localizada na região ocidental da África, Angola tem 18 milhões de habitantes, de acordo com a embaixada do país no Brasil. Com a história marcada por uma longa guerra civil, os angolanos conheceram a paz em 2002 e precisaram reconstruir o país.

Apesar das dificuldades, muitos brasileiros veem o país como um lugar acolhedor e que oferece boas oportunidades. Hoje, aproximadamente 30 mil brasileiros vivem no país africano, segundo a Embaixada do Brasil em Luanda, capital angolana. O fator que mais atrai brasileiros é o trabalho.

“Hoje a gente tem pessoas em todas as áreas. Desde cabeleireiros, manicures a engenheiros, pessoal de música. Tudo. Fora a mão de obra mais específica para a construção civil, para a área do petróleo”, conta o fotógrafo Sérgio Guerra, que vive há 17 anos no país.

“Inicialmente foi o trabalho que me atraiu. Aqui, a gente consegue entender a sociedade [angolana], as demandas da população.” Sérgio viajou por todo o país e conheceu pessoas e realidades diferentes durante o período de guerra civil. “E isso foi me aproximando do país, da cultura, das pessoas. Eu, que já vinha da Bahia, com uma referência de África muito forte, só fui confirmando essa estreiteza de afinidades.”

–– “Grande significado e respeito” para o professor em Angola ––
O professor e especialista em marketing [análise de mercados] Cláudio de Holanda Santos também foi a Angola para trabalhar, e acabou se apaixonando pelo país. Em Angola há 12 anos, ele conta que chegou logo depois do fim dos conflitos para trabalhar como coordenador de um projeto de reinserção social de ex-militares por meio de formação profissional. O projeto, que contava com o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ajudou na formação de 38 mil ex-militares.

O resultado do trabalho rendeu novas oportunidades, e o administrador ajudou também a fundar a Escola Nacional de Administração, um trabalho conjunto com o governo local e a Fundação Getúlio Vargas [do Brasil].

Ele lembra que um dos pontos que chamam a atenção, mesmo depois de tanto tempo, é o interesse da população angolana pelo desenvolvimento. “Aqui, uma necessidade deles é aprender. O professor passa a ter um papel com grande significado e respeito. Isso me deixou apaixonado, e é a razão de estar aqui até hoje.”

Cláudio também destaca a aposta do país no investimento em educação. “Eles sabem que não basta ter informação: é importante ter o conhecimento. Muitos estrangeiros estão explorando várias áreas, e o angolano precisava ter condições de tocar o seu país. Por isso, eles estão mandando vários jovens angolanos para toda parte do mundo para aprender.”

–– “Tem muita coisa parecida” ––
A cultura, as belas praias e a alegria do povo são pontos de destaque entre as semelhanças entre o Brasil e Angola. Milena Vieira chegou ao país há sete anos para prestar assessoria na área de saúde.

Hoje, a enfermeira virou empresária. “Eu não tive dificuldade nenhuma de adaptação. Morei na Bahia e no Rio de Janeiro, e vejo que aqui, na capital, tem muita coisa parecida. Quando eu estou no Rio de Janeiro, até brinco dizendo que parece que estou em Luanda. Tem muita coisa parecida.”

Por ser um país em reconstrução, as oportunidades surgem a todo o momento. “Eu via que faltava tudo no país. Tinha muita coisa a ser trabalhada. E me chamou a atenção uma vez que eu precisei fazer um carimbo, e o custo era muito alto”, conta Milena. A necessidade virou negócio. Hoje ela vende carimbos e chaves.

–– Cidades inteiras a ser construídas do zero ––
Cláudio destaca que, com o acordo de paz de 2002, o país passou a ter que construir tudo que havia sido destruído pela guerra. “Estão começando as indústrias agora. Estão começando os serviços agora. Tudo está começando.”

A área de construção é uma das que mais chamam a atenção. Sérgio diz que o nível de crescimento do país é grande e que, nos últimos sete anos, novas cidades foram construídas do zero. “São cidades inteiras com edifícios e estrutura urbana, todas feitas nos últimos oito anos, sete anos. São essas possibilidades que dão oportunidades aos brasileiros e às empresas brasileiras.”

–– Angola ainda tem muito a crescer ––
Apesar das oportunidades, as dificuldades ainda são muitas. Brasileiros que vivem no país ressaltam que é possível perceber a melhora na estrutura de Angola, mas que ainda há muito a ser feito. “Problemas básicos. Ninguém consegue se livrar dos geradores, dos problemas com água. Ainda temos muitos problemas com abastecimento”, afirma Sérgio Guerra.

Custo de vida alto, falta de lazer, engarrafamentos e problemas sociais decorrentes da guerra também são constantes na vida dos angolanos. Para os brasileiros, o país ainda tem muito a crescer.

“Viemos com um objetivo: é trabalho mesmo. Ninguém vem para cá desfrutar das belezas naturais, infelizmente, ainda. E acredito que essas coisas devem mudar. Mudou muito. Cinco anos atrás, não tínhamos nada, e mudou bastante. A tendência é que fique melhor com o passar dos anos”, diz Milena.

“Hoje é um país muito diferente daquele que eu conheci. É um país que tem estabilidade econômica, a inflação está controlada, o país tem comprometimento com a institucionalidade, o que abre muitas possibilidades de trabalho e de relações internacionais”, enfatiza Guerra.  :::

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CANES, Michèlle. Oportunidades e proximidade cultural atraem brasileiros para Angola.
Extraído da Agência Brasil.
Publicado em: 28 dez. 2014.

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Língua comum e trabalho fazem angolanos virem para o Brasil

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 28 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Isabela Vieira
da Agência Brasil
26 de dezembro de 2014

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Rio de Janeiro — Bilongo Lando Domingos, 32 anos, é cabeleireiro e há 13 anos mora no Rio de Janeiro. Angelina Sissa João, 26 anos, é estudante e desembarcou há dois anos na cidade para estudar marketing [análise de mercados]. Cabingano Manuel é jornalista, com especialização em administração, e chegou há quatro anos para trabalhar como correspondente de uma emissora de TV. Todos são angolanos e escolheram o Brasil em busca de melhores condições de vida e de oportunidades profissionais.

De acordo com o Ministério da Justiça brasileiro, vivem no Brasil cerca de 12,5 mil angolanos, sendo 3,7 mil residentes. Boa parte chegou ao Rio e a São Paulo durante a guerra civil naquele país, entre 1990 e o início de 2000, quando o Brasil concedia refúgio àqueles que deixavam o país. É o caso de Bilongo, que saiu de Luanda, capital de Angola, para não ser recrutado.

“Eu queria muito sair. O país estava em guerra, e nós, jovens, naquela época com 16 e 17 anos, com porte físico, éramos alvo, no sentido de que as Forças Armadas do país precisavam de jovens para poder lutar, e eu não queria isso. Aquela guerra não valia a pena”, contou Bilongo, que hoje é cabeleireiro especializado em cortes masculinos estilizados, no centro da capital fluminense.

Ele escolheu o Brasil pela Língua e pela proximidade cultural. “Os brasileiros têm muito respeito por nós, se identificam com a música, as cores, o jeito de ser”, lista.

Angelina Sissa veio em busca de qualificação profissional. Incentivada por parentes que estudaram no Rio e voltaram para Angola, ela se matriculou em marketing. “O Brasil tem mais experiência nessa área.” Há dois anos ela estuda em uma universidade particular e mora na Tijuca, na Zona Norte [da Cidade do Rio de Janeiro]. Para Angelina, a escolha pelo Brasil também se deve à proximidade cultural.

“O ambiente aqui é próximo ao de Angola: a maneira de ser [dos brasileiros] não foge muito [do que é em Angola]. São pessoas abertas, que gostam de conversar, simpáticas”, destacou.

Cabingano Manuel chegou para fazer mestrado em comunicação e cursar pós-graduação em administração. De correspondente internacional no continente americano, ele foi alçado a representante da Televisão Pública de Angola (TPA). Jornalista, revelou que conheceu o Brasil dando palestras na Bahia e há quatro anos resolveu vir para morar com a família. “Minha decisão de vir foi primeiramente acadêmica, só depois disso vieram as outras coisas [o trabalho]”, disse.

Manuel também assegura que as semelhanças entre a cultura brasileira e a angolana foram determinantes em sua decisão. “É muito mais prático reencontrar-me, adaptar-me ao Brasil do que a Portugal ou a outro país: as ruas, as pessoas, os hábitos e costumes são muito parecidos aos de Angola e, particularmente, aos de Luanda”, revelou. Entre seus programas favoritos de fim de semana, estão caminhar na Praia de Copacabana e visitar pontos turísticos.

–– “O acolhimento pelo Brasil deu certo” ––
A facilidade de se comunicar – os dois países têm a Língua Portuguesa como idioma oficial – ajudou a atrair os imigrantes, diz Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) –(*)–. Por causa da guerra, o Brasil chegou a receber cerca de 1,7 mil angolanos e, durante muitos anos, eles foram o maior grupo de refugiados no país.

“Essa população [de refugiados no Brasil] foi diminuindo. Hoje, os angolanos são o terceiro maior grupo, entre os cerca de 7,2 mil refugiados, de 80 nacionalidades. A maioria é formada de pessoas vindas da Síria [1,2 mil] e da Colômbia [1 mil]”, informou Godinho. O número de angolanos com refúgio – que atualmente está em 873 – tende a cair mais, uma vez que eles têm trocado essa condição pela residência.

O porta-voz da ACNUR conta que, com o fim da concessão de refúgio, o Brasil fez um programa de repatriação para permitir a volta dos refugiados ao país africano, mas que nenhum angolano se inscreveu. “É um sinal de que o Brasil cumpriu bem seu papel de receber, de fornecer meios para reconstruir a vida e se integrar”, avaliou. “O acolhimento pelo país deu certo.”  :::

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–– Nota: ––
–(*)–  O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) é o órgão das Nações Unidas encarregado de garantir proteção e segurança a refugiados e expatriados de todo o mundo. A sede do órgão localiza-se em Genebra, Suíça, e é presidido pelo antigo primeiro-ministro da República Portuguesa, António Guterres.

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VIEIRA, Isabela. Facilidade com Língua e vagas de trabalho fazem angolanos virem para o Brasil.
Extraído da Agência Brasil.
Publicado em: 26 dez. 2014.

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Universidade brasileira que integra povos de Língua Portuguesa forma sua primeira turma

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 26 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Da Rede Brasil Atual e da Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab)
18 de dezembro de 2014

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Em 12 de dezembro de 2014, a Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), formou 57 estudantes da turma “Luís Inácio Lula da Silva” de seu curso de Bacharelado em Humanidades.

A solenidade, realizada no Campus das Auroras, entre os municípios de Redenção e Acarape, no Ceará (nordeste do Brasil), é repleta de significado: é a primeira formatura da primeira universidade brasileira que em entre suas diretrizes estabelecer, na educação superior, um link [vínculo] entre o Brasil e os países de Língua Portuguesa: em especial os africanos. Sem contar a cooperação internacional Sul-Sul, de maneira colaborativa, solidária, para a formação de quadros e a produção de conhecimento por meio do intercâmbio acadêmico entre estudantes e professores.

“Hoje estou esperando o melhor. Suspiro de alívio, de tranquilidade, de ter conseguido a primeira etapa, que era fazer o bacharelado. Mas não posso falar disso sem falar da minha família, da minha origem, a gente tem que falar de onde vem. Eu venho de Cabo Verde, de uma família humilde, que não tem tradição de escolaridade. Basicamente sou o primeiro a ter um curso, e isso é motivo de orgulho para mim mesmo e minha família”, afirmou o estudante Carlos Santos, de 26 anos.

–– Lula da Silva em carta: “Aposta na integração com a África” ––
Homenageado como patrono externo da turma e emprestando o nome a ela, o ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva não pôde acompanhar a cerimônia, contudo, enviou carta de saudação à reitora da Unilab e aos formandos, que foi lida na solenidade.

“A Unilab nasceu de um sonho e se transformou numa extraordinária realidade”, afirma o ex-presidente, dizendo que a instituição expressa a iniciativa do Brasil de apostar na integração com a África. “Apostar, confiar e acreditar na centralidade estratégica que tem para o Brasil a integração econômica, social, cultural e educacional com os países africanos, particularmente com aqueles que compartilhamos a mesma Língua e uma mesma história de lutas.”

–– Conclusão de graduação: uma ruptura emancipatória ––
Em sua mensagem aos formandos, a reitora Nilma Lino Gomes falou da origem humilde. “Muitos dos nossos bacharéis aqui formados representam a primeira geração a cursar o ensino superior na sua família. E para nós que viemos de famílias pobres, com trajetórias de luta por direitos e por inserção social, a conclusão de uma graduação significa muito”, disse.

De acordo com a reitora, a formatura representa a conquista de um direito. “Para as famílias pobres do Brasil, continente africano e Timor-Leste – e eu venho de uma família com estas características –, cursar o ensino superior não é simplesmente a ordem natural das coisas, o caminho posterior ao Ensino Médio. Significa a ruptura com uma história de desigualdade e exclusão. Significa a nossa presença em um espaço e tempo que não foi pensado para os pobres e coletivos sociais diversos, mas, sim, para as elites”, frisou.

A reitora destacou ainda o desafio do projeto da Unilab. Citando o português Boaventura de Sousa Santos – professor de Economia da Universidade de Coimbra –, disse que o projeto acadêmico da Unilab é emancipatório, que busca “formar sujeitos e mentes inconformistas e rebeldes diante da injustiça, das desigualdades, do racismo e de toda forma de discriminação”.

Entre os integrantes da mesa de cerimônia, estavam o vice-reitor, Fernando Afonso Ferreira, o secretário de Educação Superior, do Ministério da Educação do Brasil, Paulo Speller, e a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do mesmo ministério, Macaé Maria dos Santos.

Também assistiram à cerimônia delegações da Universidade Lúrio, de Nampula, e da Universidade Pedagógica, de Maputo, ambas de Moçambique; da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), de Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil; e da Universidade Católica de Pernambuco.  :::

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–– Extraído da Rede Brasil Atual e da Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) ––

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Exposição sobre Agustina Bessa-Luís no Museu da Língua Portuguesa de São Paulo

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 17 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua
16 de dezembro de 2014

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O Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, acolhe, de 16 de dezembro de 2014 a 1 de março de 2015, a exposição Agustina Bessa-Luís, Vida e Obra, concebida pela escritora Inês Pedrosa e pelo realizador de cinema João Botelho.

Para o diretor do Museu, Antonio Carlos de Moraes Sartini, esta é “uma bela oportunidade de aproximar os brasileiros das obras desta importante autora de nosso idioma, mas que ainda não é muito conhecida e lida no Brasil”. “Com a realização desta mostra, o Museu segue cumprindo seu papel de valorização da Língua Portuguesa e da nossa melhor expressão literária”, afirma o mesmo responsável.

A mostra, que permanecerá em exibição no saguão do terceiro andar do Museu da Língua Portuguesa até dia 1 de março de 2015, é uma iniciativa do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, e a sua exibição é fruto de uma parceria com o Consulado Geral da República Portuguesa em São Paulo.

Por meio dos 20 painéis ilustrados com textos e fotografias, a exposição no Museu – situado no prédio da Estação da Luz, no Centro de São Paulo – apresenta ao público a trajetória da grande escritora.

–– Agustina Bessa-Luís, uma “neorromancista” ––
Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa nasceu no dia 15 de outubro de 1922 em Vila Meã, na cidade de Amarante (Distrito do Porto, norte de Portugal) e tornou-se uma escritora mundialmente conhecida sob o pseudónimo literário de Agustina Bessa-Luís.

Chegou ao Porto para estudos em 1935 e fez breve passagem por Coimbra nos anos 1940, onde viveu até ao lançamento do livro de estreia como romancista, a novela Mundo Fechado em 1948.

Em 1950, Agustina voltou ao Porto onde reside até hoje. O sucesso e o reconhecimento vieram em 1954, com o lançamento do romance A Sibila, que já apresenta toda a maturidade do seu original processo criativo.

Situada pelos críticos como “neorromancista”, Agustina transborda um enorme interesse pelo romancista Camilo Castelo Branco (1825-1890).

Graças ao conjunto de sua obra foi agraciada com inúmeros prémios, entre eles a Medalha de Honra da Cidade do Porto e a Ordem das Artes e das Letras da República Francesa no Grau de Oficial. Em 2004, aos 81 anos, recebeu o Prémio Camões, o mais importante galardão literário da Língua Portuguesa.

Autora de várias dezenas de obras, entre romances, contos, peças teatrais, livros infantis e crónicas, a escritora ainda dedicou o seu tempo a outras atividades, tendo sido diretora de 1990 a 1993 do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

As obras de Agustina foram traduzidas para o alemão, espanhol, francês, grego, dinamarquês, italiano e romeno. Alguns romances serviram também de inspiração para vários filmes, principalmente do cineasta português Manoel de Oliveira. Entre eles, os filmes Vale Abraão, de 1993, a partir do romance de mesmo nome (publicado em 1991), e o filme O Convento, de 1995, a partir do romance As Terras do Risco (1994).

Agustina Bessa-Luís afastou-se da produção literária por questões de saúde, em 2006, com o lançamento de seu romance A Ronda da Noite.

A romancista faz parte de importantes instituições como a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Europeia de Ciências, das Artes e das Letras, bem como é membro correspondente da Academia Brasileira de Letras.  :::

• Museu da Língua Portuguesa – São Paulo – Brasil:
<http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/>

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–– Extraído do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) ––

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Brasil pode perder 30% de suas línguas indígenas nos próximos 15 anos

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 16 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Vítor Abdala, da Agência Brasil
11 de dezembro de 2014

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O Brasil corre o risco de perder, no prazo de 15 anos, um terço de suas línguas indígenas, estima o diretor do Museu do Índio, José Carlos Levinho. Atualmente, os índios brasileiros falam entre 150 e 200 línguas e devem ser extintas, até 2030, de 45 a 60 idiomas.

“Um número expressivo de povos, inclusive na Amazônia, tem cinco ou seis falantes apenas. Nós temos 30% [das línguas] dos cerca de 200 povos brasileiros com um risco de desaparecer nos próximos dez ou quinze anos, porque você tem poucos indivíduos em condições de falar aquela língua”, alerta Levinho.

Segundo ele, desde que o Museu do Índio iniciou um trabalho de documentação de línguas dos povos originais, chamado de Prodoclin, em 2009, os pesquisadores do projeto viram dois idiomas serem extintos, o Apiaká e o Umutina.

“Tem também a situação de [línguas faladas por] grupos numerosos, em que você tem um número expressivo de pessoas acima de 40 anos falando o idioma, mas que, ao mesmo tempo, tem um conjunto de jovens que não falam mais a língua e não estão interessados em mantê-la. Então, você não tem condições de reprodução e manutenção dessa língua. A situação é um tanto quanto dramática. Esse é um patrimônio que pertence não só à comunidade brasileira como ao mundo”, destaca Levinho.

–– Uma perda cultural irreparável ––
É uma perda irreparável tanto para as culturas indígenas quanto para o patrimônio linguístico-cultural mundial. Especialistas e indígenas ouvidos pela Agência Brasil afirmam que esses idiomas, que levaram séculos para se desenvolver, são fundamentais para a manutenção de outras manifestações culturais, como cantos e mitos.

Além disso, as línguas são sistemas complexos que, uma vez estudados e compreendidos, podem contribuir para uma melhor compreensão da própria linguagem humana. Indígenas ouvidos pela reportagem também consideram seu idioma materno um instrumento de autoafirmação da sua identidade e da sua cultura.

Quem também acredita que essa extinção possa ocorrer nos próximos anos é o linguista Wilmar da Rocha D’Angelis, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenador do grupo de pesquisas Indiomas, especializado em línguas nativas do território brasileiro. Sua estimativa é que pelo menos 40 línguas sejam perdidas no prazo de 40 anos.

“Nenhum linguista gosta de fazer esse tipo de vaticínio, até porque nosso papel costuma ser o de contribuir para que tais línguas minoritárias se fortaleçam e desenvolvam estratégias de sobrevivência”, destaca D’Angelis. “Eu arriscaria dizer que devem se extinguir, nos próximos 40 anos, a média de uma língua por ano”, completa.

–– Número de línguas indígenas varia no Brasil ––
O número de idiomas falados por indígenas brasileiros varia de uma fonte para outra, já que a definição de fronteiras entre as línguas é um exercício subjetivo, que depende de fatores como critérios gramaticais, linguísticos e até políticos. D’Angelis estima que existam no Brasil entre 150 e 160 idiomas.

No site [sítio da Internet] do Laboratório de Línguas e Literaturas Indígenas da Universidade de Brasília (UnB), há uma lista com 199 idiomas.

O portal Ethnologue.com, que funciona como um banco de dados das línguas faladas hoje no mundo, lista cerca de 170 línguas indígenas com falantes vivos no Brasil. Entre esses idiomas, 37 são considerados “quase extintos”, ou seja, os falantes são idosos e têm pouquíssima oportunidade de usar o idioma. Há ainda 23 línguas consideradas “moribundas”, ou seja, que são faladas apenas pela faixa etária mais velha da população, mas ainda são usadas no cotidiano por essas pessoas.

Excluindo-se essas 60 línguas, sobram cerca de 110 que ainda são usadas pelas parcelas mais jovens da população. Mesmo assim, é preciso considerar que muitas delas têm poucos falantes. D’Angelis diz, por exemplo, que 100 línguas brasileiras têm menos de mil falantes.

O pesquisador lembra que cerca de mil idiomas indígenas brasileiros foram extintos nos últimos 500 anos. “Na esmagadora maioria dos casos, a extinção se deu junto com a extinção da própria comunidade de falantes, isto é, os próprios índios”, afirma o pesquisador.

–– A perda da língua é a perda de uma cultura ––
Segundo ele, hoje o maior risco para a existência desses idiomas não está mais no extermínio da população indígena.

“Ainda que se conserve, em áreas como Mato Grosso do Sul, Rondônia e algumas outras partes da Amazônia, uma situação de violência institucionalizada que ainda tem essa marca genocida, a destruição das línguas minoritárias, no Brasil atual, não depende do extermínio dos falantes. Os processos de escolarização, a exploração da mão de obra indígena e diversos programas sociais, incluindo aqueles que favorecem a entrada da televisão em todas as aldeias, vêm causando impacto considerável.”

Para o diretor da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, no Amazonas, Isaías Pereira, quando um índio deixa de falar sua própria língua, perde-se também uma parte importante de sua cultura. “Com o descobrimento do Brasil [em 1500, durante as Grandes Navegações portuguesas] e a colonização, desde aquela época, começamos a perder nossa cultura. A gente tem que ficar lutando para manter nossa própria cultura, nossa própria fala.”

Já o pesquisador Glauber Romling da Silva, que participa do projeto de documentação do Museu do Índio, compara a perda de uma língua à extinção de uma espécie.

“Quando se preserva uma língua, se está preservando os costumes e tudo que vem junto com isso. Muitas vezes o perigo de extinção não é só na língua em si. Às vezes, a língua até mostra uma vitalidade, mas seus estilos formais, cantos, a parte cultural em que ela está envolvida somem muito rápido. De uma geração para outra, isso pode sumir”, diz.

–– As dificuldades da educação indígena brasileira ––
Romling lembra que a Constituição garante uma educação diferenciada aos indígenas, com escolas próprias, que ensinem o idioma nativo.

No entanto, segundo ele, há uma série de dificuldades que comprometem o ensino do idioma e até a qualidade da escola como um todo, como a falta de professores treinados e de material didático, além de problemas estruturais na própria unidade de ensino. Diante disso, muitos jovens passam a frequentar escolas urbanas.

O diretor do Museu do Índio, José Carlos Levinho, acredita que, da forma como são estruturadas hoje, as escolas nas aldeias não contribuem para a preservação da cultura e da língua desses povos.

“A educação é um processo de socialização, e quando ela é mal fundamentada, cria mais problemas do que soluções. Você encontra aberrações desde a maneira como as escolas são construídas até sua lógica de funcionamento. A estrutura não tem a flexibilidade necessária para dar conta daquela realidade. O grande problema na relação com os índios é não considerar as particularidades”, diz.

Segundo ele, é preciso que os governos dialoguem com os indígenas e levem em consideração a singularidade de cada povo. “É preciso enxergar o outro de verdade, respeitar o outro do jeito que ele é. E criar as condições para que se possa atendê-lo.”

–– O projeto Saberes Indígenas na Escola ––
A secretária nacional de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão [do Ministério da Educação do Brasil], Macaé Evaristo, diz que o governo [brasileiro] tem buscado investir na formação de professores indígenas por meio do projeto Saberes Indígenas na Escola, para garantir que o idioma nativo seja passado para as crianças nas escolas.

“Nós organizamos redes com as universidades para atender à diversidade de línguas indígenas. Hoje no projeto Saberes Indígenas estamos trabalhando na formação de professores em 77 línguas indígenas”, explica. “Mas é uma longa caminhada. É uma agenda complexa.”

Segundo ela, o Ministério da Educação também tem investido na pesquisa e documentação de línguas indígenas, na preparação de materiais didáticos e na construção de escolas indígenas.

“Nós partimos do pressuposto da garantia da educação a crianças, adolescentes, jovens e adultos, independente de sua etnia em qualquer lugar do país. Nossa orientação aos sistemas de ensino é que se escute as populações no desenvolvimento do planejamento da oferta educativa. Que [os sistemas] garantam que aquelas populações que têm uma língua própria tenham acesso ao ensino em sua língua materna e acesso ao Português como Segunda Língua”, diz a secretária.  :::

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ABDALA, Vítor. Brasil pode perder 30% de suas línguas indígenas nos próximos 15 anos.
Extraído da Agência Brasil.
Publicado em: 11 dez. 2014.

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A diversidade nas palavras e sotaques de uma Língua cada vez mais integrada

In Língua Portuguesa Internacional,Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 13 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , , ,

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A Língua Portuguesa é dos poucos idiomas que têm caráter internacional e uso oficial nos cinco continentes. Abrange vasta área geográfica ao redor do mundo e convive com as mais diversas realidades culturais.

Desde o período das Grandes Navegações portuguesas dos séculos XV e XVI, a Língua Portuguesa foi levada para os locais mais remotos do mundo e serviu como canal de comunicação entre culturas distintas. O resultado disso é o facto de ser enriquecida com grande vocabulário e sotaques diversos que dão características locais à Língua em cada região onde é falada.

E, por conseguinte, a “Língua filha ilustre do Latim” fortalece a sua identidade transcultural, como uma Língua de expressão mundial. Mas, ainda assim, é importante que iniciativas sejam dadas para a sua expansão, como o Acordo Ortográfico de 1990 que uniformiza as regras de escrita da Língua Portuguesa em todo o mundo.

A implantação do Acordo permitirá a troca entre os países de materiais escritos na mesma Língua e facilitará o aprendizado da Língua no exterior e a sua adoção por organismos internacionais.

A seguir, uma reportagem da Agência Brasil sobre a variedade do vocabulário da Língua Portuguesa, os aspectos locais que a Língua assume em cada país e a importância da promoção do ensino da Língua e das novas regras internacionais de ortografia.  :::

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–– Regionalismos distinguem português brasileiro do africano ––

Da Agência Brasil

:::  Termos e modo de falar dos países de Língua Portuguesa apresentam variações e enriquecem o idioma tornando-o mais diversificado.  :::

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Camba? Kumbu? Kota? Você pode não saber, mas essas são palavras da língua portuguesa faladas em Angola, país da costa sudoeste da África colonizado por portugueses. Esses são termos usados para designar, respectivamente, “amigo”, “dinheiro” e “pessoa mais velha e respeitável”, e são uma pequena amostra de como a Língua Portuguesa tem variações que podem torná-la incompreensível até mesmo para seus falantes.

Há também casos de palavras que existem no português brasileiro e que podem gerar confusão em uma conversa com um angolano. “Geleira”, por exemplo, que no Brasil significa uma grande massa de gelo formada em lugares frios, em Angola, significa “geladeira”.

Angola é apenas um dos oito países –(1)– de Língua Portuguesa espalhados pelo globo. Além do Brasil, de Portugal e de Angola, o português é a Língua nacional de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, São Tomé e Príncipe e do Timor-Leste, localizado no arquipélago indonésio, entre a Ásia e a Oceania.

Cada lugar tem um falar distinto, que torna o português, assim como outras línguas globais, um idioma rico e diversificado. Em alguns países, o português apresenta variações de sotaque e vocabulário, como é o caso das diferenças na forma de se expressar dos falantes do Nordeste, Sul e Sudeste do país [do Brasil].

O escritor e linguista Marcos Bagno, professor do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, explica que a Língua Portuguesa foi levada para vários lugares do mundo por meio das conquistas marítimas de Portugal. Aos poucos, essa Língua foi assumindo características próprias em cada comunidade.

“O que ainda nos mantém mais ou menos em contato fácil é a Língua escrita formal, que é mais conservadora e tenta neutralizar as diferenças entre os modos de falar característicos de cada país”, destacou. “Faço parte de um grupo cada vez maior de pesquisadores que afirmam que, sim, o português brasileiro é uma Língua diferente do português europeu, depois de mais de 500 anos de divergência.”

–– Acordo Ortográfico e expansão da Língua no mundo ––
Recentemente, houve um movimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para aproximar a escrita desses países. O resultado foi a assinatura de um Acordo internacional para a implantação de uma ortografia unificada –(2)–. Todos os oito países assinaram e sete deles já ratificaram o documento. Apenas em Angola, o Acordo encontra barreiras políticas.

Segundo o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Gilvan Müller de Oliveira, que foi diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) da CPLP por quatro anos (entre 2010 e 2014), o Acordo Ortográfico, o aumento do fluxo de pessoas entre esses países e a expansão do sistema educacional dos países da África e do Timor-Leste deverão ajudar no crescimento do número de falantes.

“Nesses países, uma parte muito grande da população não é falante do português. Eles falam outras línguas. Em Moçambique hoje, 50% da população não falam português. O português passa por um período de crescimento importante, porque finalmente esses países terminaram suas guerras civis, o sistema de ensino foi reestruturado e também os meios de comunicação. Pela previsão das Nações Unidas, todos os cidadãos falarão português nesses países a partir de 2050”, disse Müller.  :::

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–– Notas: ––
–(1)–  Atualmente, são nove os países que tem como Língua oficial o português: em 2011, a Guiné Equatorial adotou o português como uma das Línguas oficiais ao lado do espanhol e do francês.

–(2)–  Trata-se do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que foi elaborado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990 e que unifica as regras de escrita da Língua em todo o mundo.

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–– Extraído da Agência Brasil ––

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Portugal celebra publicação da obra completa de António Vieira

In Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 6 de Dezembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência EFE
2 de dezembro de 2014

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A publicação da obra completa do padre jesuíta Antonio Vieira, filósofo e orador português, foi concluída pela editora Círculo de Leitores e foi comemorada em uma conferência na Universidade de Lisboa.

A extensa coleção de 30 volumes é o resultado de um trabalho conjunto feito por mais de 50 especialistas portugueses e brasileiros.

Antonio Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, salientou a importância da obra de Vieira da história portuguesa: “Ninguém antes dele nem ninguém depois dele ele fez tanto com as palavras e através das palavras. Sem Vieira, não teríamos a Língua que temos”, escreveu ele no prefácio da coleção.

“Nesse difícil século XVII de nossa história, Vieira abriu e difundiu a Língua Portuguesa, fez dela uma cultura, marcou o seu lugar no mundo”, disse.

António Vieira foi uma pessoa influente na política e na sociedade de sua época, no século XVII, tanto em Portugal quanto no Brasil, onde defendeu os direitos dos povos indígenas, com quem conviveu até mesmo devido a suas atividades jesuíticas.

A Companhia de Jesus exerceu grande importância no Brasil, sendo a grande responsável por levar o cristianismo ao país sul-americano, então colónia de Portugal.

Também conhecido como “Paiaçu” (“o grande pai”, em língua tupi), Antonio Vieira escreveu uma série de Sermões que se considera que tiveram uma influência importante para a literatura do Barroco no Brasil, e deixou um legado lusófono reconhecido por personalidades da literatura portuguesa, como José Saramago e Fernando Pessoa, que chegou a chamá-lo de “o imperador da Língua Portuguesa”.

António Vieira nasceu em Lisboa, em 6 de fevereiro de 1608, e viveu como missionário católico, diplomata e orador, entre Portugal e Brasil, onde faleceu na cidade de Salvador, na Bahia, em 18 de julho de 1697.

Da sua extensa obra, destacam-se os Sermões e o seu livro História do Futuro, estreitamente relacionado com o mito do sebastianismo, segundo o qual o rei português D. Sebastião, que morreu aos 24 anos de idade na batalha de Alcácer-Quibir em Marrocos em 1578, voltaria para estabelecer seu reino.  :::

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–– Extraído da Agência EFE ––

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Capoeira e cante alentejano são Patrimónios Culturais da Humanidade da UNESCO

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 27 de Novembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência Lusa, da Agência Brasil e do Ministério da Cultura do Brasil
27 de novembro de 2014

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Nesta mesma semana de novembro de 2014, a Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (UNESCO) reconheceu a capoeira, do Brasil, e o cante alentejano, de Portugal, como integrantes da lista de Património Cultural Imaterial da Humanidade.

–– A capoeira: arte marcial afro-brasileira ––
A capoeira, uma arte marcial afro-brasileira que ainda engloba dança e música, entrou para a lista do Património Cultural da Humanidade no dia 26 de novembro.

A manifestação cultural “tem raízes africanas que devem ser cada vez mais valorizadas por nós. Agora, é um património a ser conhecido e praticado em todo o mundo”, destacou a ministra interina da Cultura do Brasil, Ana Cristina Wanzeler, que acompanhou a votação em Paris.

A capoeira teria surgido na Bahia, por volta do século XVII, durante o período da colonização portuguesa, enquanto ainda vigorava a escravidão de africanos no Brasil. Ela desenvolveu-se como uma forma de socialização e resistência física e cultural entre os escravos.

As lutas eram proibidas nas senzalas; com isso, os escravos reuniam-se em torno de rodas em campos abertos, com pouca vegetação, chamados de “capoeiras” – daí a origem do nome. Ali puderam realizar movimentos de artes marciais, mas sem contato físico com o adversário e com o embalo de música, o que conferiam à luta ares de dança.

Até hoje, um capoeirista completo deve dominar a musicalidade e saber tocar o berimbau, instrumento típico afro-brasileiro constituído de um arco com uma única corda de metal, que dá o ritmo aos movimentos do jogo de capoeira.

A prática da capoeira foi proibida no Brasil até à década de 1930, por ser considerada perigosa e subversiva, mas em 1937 foi declarada desporto nacional pelo então presidente da República Getúlio Vargas.

O reconhecimento eleva o número de manifestações culturais brasileiras que constam no Património Cultural da Humanidade da UNESCO, que já inclui duas danças: o frevo, dança do carnaval de rua de Recife e Olinda, e o samba de roda do Recôncavo Baiano, além da arte de pintura corporal do povo indígena Kusiwa, do Estado do Amapá, e o Círio de Nazaré, manifestação religiosa típica de Belém, capital do Estado do Pará.

“O reconhecimento representa um tributo à capoeira como manifestação cultural importante, que durante séculos foi criminalizada, além de dar visibilidade internacional. Além disso, reconhece que o Brasil tem políticas públicas para cuidar do seu patrimônio cultural”, disse, em entrevista à imprensa na sede da UNESCO em Paris, Jurema Machado, presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do Ministério da Cultura do Brasil.

–– O cante alentejano: o cantar da terra camponesa ––
E na sexta-feira, 27 de novembro, a UNESCO reconheceu o cante alentejano como parte da lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade. O próprio órgão da ONU havia reconhecido a candidatura do cante alentejano como “exemplar”.

A candidatura do cante alentejano a Património Cultural da Humanidade, explica tratar-se de “um canto coletivo, sem recurso a instrumentos e que incorpora música e poesia”, associado geograficamente ao Baixo Alentejo. “Historicamente, nenhuma informação documental parece provar a existência de canto coral sem instrumentos no Baixo Alentejo antes de 1907”, quando foi formado o Orfeão Popular de Serpa e começaram a surgir grupos corais como existem na atualidade, indica a candidatura enviada à UNESCO em março deste ano.

Ainda de acordo com o texto da candidatura, a origem do cante alentejano, o “(can)to da (te)rra”, era a sua interpretação sobretudo por homens das classes trabalhadoras, “consideradas rurais e camponesas no passado, mas que eram proto-industriais ou industriais, porque trabalhavam na agricultura com máquinas ou em explorações mineiras, como a de Aljustrel, onde, em 1926, foi criado o primeiro grupo coral, Os Mineiros de Aljustrel”.

Segundo a Moda – Associação do Cante Alentejano, o canto a vozes tradicional do Alentejo “nasceu no afã” das longas caminhadas dos trabalhadores do campo entre as aldeias onde moravam e os locais de monda ou ceifa, onde era “forçoso” estar ao nascer do sol.

Em entrevista nesta semana ao jornal digital Observador, Tomé Pires, presidente da Câmara Municipal de Serpa, no Alentejo, disse que a chancela da UNESCO ao cante alentejano podia abrir muitas portas. Ao objetivo de salvaguardar e transmitir o cante, é preciso também “começar a pensar em tornar este ativo cultural num ativo económico, para ajudar a sustentabilidade do cante e o desenvolvimento da nossa região”, disse.

O , que retrata a “ligação umbilical do trabalhador com a terra-mãe”, nasceu entre gentes das planícies, tornou-se a “marca identitária” da cultura do Alentejo e pode tornar-se Património da Humanidade.

Há exatamente três anos, a 27 de novembro de 2011, Portugal celebrou a eleição do fado como Património Cultural Imaterial da Humanidade. E em 2013, a dieta mediterrânica foi escolhida para ingressar na lista, através da candidatura conjunta de Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Croácia, Chipre e Marrocos.  :::

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–– Extraído da Agência Lusa, da Agência Brasil e do Ministério da Cultura do Brasil ––

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Seleção de estudantes brasileiros para Ensino de Língua Portuguesa na França

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional on 22 de Novembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Do CIEP – Centro Internacional de Estudos Pedagógicos (Paris, França)
20 de novembro de 2014

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A Embaixada da República Francesa no Brasil lançou edital do Programa Assistentes Brasileiros de Língua Portuguesa na França para o ano letivo 2015-2016. O programa francês é aberto para todos os estudantes brasileiros matriculados em Letras ou em outros cursos superiores na área de ciências humanas.

Para a inscrição, o candidato deve ter completado, pelo menos, dois anos do seu curso superior até sua chegada à França e possuir conhecimento da língua francesa Nível 1B (de acordo com o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas). Apenas poderão se inscrever na seleção estudantes que vivem no Brasil e estudam em instituições brasileiras.

O programa visa oferecer uma oportunidade a estudantes brasileiros de familiarização com a língua e a cultura francesa, e em troca estes deverão levar às escolas e aos estabelecimentos de ensino franceses a riqueza da Língua Portuguesa e da cultura brasileira.

Os selecionados receberão estatuto de funcionário temporário do Estado francês, e ainda terão a oportunidade extra de se inscrever em alguma universidade da França, desde que a atividade ou o curso não atrapalhem a função de assistente, de 12 horas semanais.

–– Inscrições do programa de Língua Portuguesa na França ––
Os formulários poderão ser consultados e retirados do sítio do CIEP – Centro Internacional de Estudos Pedagógicos (do governo francês), onde cada candidato poderá indicar a cidade de sua preferência de acordo com as academias escolares participantes do programa.

As instituições brasileiras serão as responsáveis pelas decisões sobre os locais onde serão selecionados os candidatos. Os estudantes interessados deverão enviar seu dossiê a ser recepcionado pelo Serviço de Cooperação e Ação Cultural da França até o dia 3 de dezembro de 2014.

O programa, de cunho bilateral, está a cargo do Ministério da Educação Nacional francês, que determina, todos os anos, por volta do mês de março, o número de vagas para os assistentes de línguas estrangeiras atribuídos a cada país. Em 2014, 18 vagas foram ofertadas para os assistentes da Língua Portuguesa no Brasil. O programa terá a permanência de sete meses de duração, de 1º de outubro de 2015 a 30 de abril de 2016.

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–– Extraído do CIEP – Centro Internacional de Estudos Pedagógicos (Paris, França) ––

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Programa brasileiro ensina Português para Estrangeiros e outras seis línguas

In Defesa da Língua Portuguesa,Língua Portuguesa Internacional on 21 de Novembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , , , , ,

Do Ministério da Educação do Brasil (Brasília, Brasil)
17 de novembro de 2014

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:::  O Ministério da Educação brasileiro lançou programa que oferece pela Internet aulas de Português para Estrangeiros, além de inglês, francês, espanhol, italiano, japonês e chinês mandarim.  :::

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O Ministério da Educação do Brasil lançou nesta segunda-feira, 17 de novembro, o programa Idiomas Sem Fronteiras voltado para a formação e a capacitação de estudantes, professores e corpo técnico-administrativo de instituições de educação superior e de professores de idiomas da rede pública de educação básica.

O programa é direcionado aos estudantes e professores que precisam melhorar a proficiência em línguas como inglês, francês, espanhol, italiano, japonês, chinês mandarim, alemão e Português para Estrangeiros.

A iniciativa, complementar ao Ciência Sem Fronteiras e às demais políticas públicas de internacionalização, vai dar bolsas de estudos aos estudantes e professores que queiram estudar línguas.

Serão publicados editais específicos para cada idioma, com os requisitos a serem preenchidos para a participação nos diferentes cursos e testes ofertados. As aulas são presenciais e pela Internet.

Para a execução do programa, poderão ser firmados convênios entre o governo e entidades privadas. Também poderão ser utilizadas parcerias já firmadas no programa Ciência Sem Fronteiras e de outros programas do governo brasileiro voltados à cooperação internacional na educação superior.

“As parcerias entre instituições de ensino superior estrangeiras e brasileiras deverão ser estimuladas, permitindo o intercâmbio de estudantes, professores e corpo técnico-administrativo, com foco no ensino de línguas no Brasil e de Língua Portuguesa no exterior”, diz o comunicado do Ministério da Educação.

Desde 2013, têm sido publicados editais para cursos de língua inglesa, no âmbito do programa pioneiro Inglês Sem Fronteiras. Atualmente, estão abertas as inscrições para o exame TOEFL-ITP (Test of English as a Foreign Language/Institutional Testing Program) e para o curso pela Internet My English Online. Ainda para o mês de novembro, está previsto o início das inscrições para cursos on-line (em linha) de francês.

–– Para universitários e para professores até da educação básica ––
O programa atenderá professores, técnicos e alunos de graduação e pós-graduação (stricto sensu) das instituições de educação superior, públicas e particulares, com regras específicas para a participação em cada uma das ações que integram o Idiomas Sem Fronteiras.

Professores de idiomas da rede pública da educação básica também serão beneficiados por ações do programa com lançamento de editais próprios. Além disso, o programa irá capacitar professores e estudantes universitários no exterior para a aprendizagem da Língua Portuguesa.  :::

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–– Extraído do Ministério da Educação do Brasil (Brasília, Brasil) ––

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Faleceu o poeta brasileiro Manoel de Barros

In Lusofonia e Diversidade,O Mundo de Língua Portuguesa on 18 de Novembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , ,

Da Agência Brasil e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal)

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Faleceu aos 97 anos, na manhã do dia 13 de novembro de 2014, o poeta brasileiro Manoel de Barros, em Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do Sul.

Manoel Wenceslau Leite de Barros foi também advogado e fazendeiro. Nasceu em Cuiabá, no Beco da Marinha, às margens do rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916. Publicou o seu primeiro livro aos 21 anos, Poemas Concebidos Sem Pecado, em 1937.

Chegou a integrar o Partido Comunista Brasileiro por pouco tempo, mas mostrou-se pouco afeito à política partidária. Assim, desde a década de 1950, conciliava a prática poética com a gestão da fazenda que herdou dos pais, na região do Pantanal Matogrossense.

Sua poesia é conhecida pela linguagem coloquial e por sua inspiração em temas simples do cotidiano. Seu último volume, Escritos em Verbal de Ave, saiu em 2011. Ele era considerado um dos principais poetas da Língua Portuguesa dos tempos recentes.

Em novembro do ano passado, a Editora Leya lançou a obra completa do poeta, sob o título A Biblioteca de Manoel de Barros. São, ao todo, 18 volumes. A edição especial incluiu um poema até então inédito, “A turma” (2013), o último escrito pelo autor. A coleção também trazia os cinco livros infantis escritos pelo poeta.

O perfil do poeta na página eletrónica da Leya Brasil destaca que em 1966 ele ganhou o Prémio de Poesias com “Gramática Expositiva do Chão”. Em 1998, foi distinguido com o Prémio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura brasileiro, pelo conjunto da obra.

Ao longo da sua carreira de sete décadas, ganhou o Prêmio Jabuti duas vezes, em 1990 e 2002, com as obras O Guardador de Águas (1989) e O Fazedor de Amanhecer (2001). Em 2000, recebeu o Prêmio Academia Brasileira de Letras pelo livro Exercícios de Ser Criança.

Ainda segundo a Editora Leya, Manoel de Barros teve a sua obra publicada em Portugal, Espanha, França e Estados Unidos. Em 2008, foi tema do documentário Só Dez por Cento É Mentira, de Pedro Cezar.  :::

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–– Extraído da Agência Brasil e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) ––

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Programa pan-americano da OEA concede bolsas de mestrado e doutorado no Brasil

In Língua Portuguesa Internacional,O Mundo de Língua Portuguesa on 16 de Novembro de 2014 por ronsoar Tagged: , , , ,

Da Organização dos Estados Americanos (Washington, EUA)
11 de novembro de 2014

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A Organização dos Estados Americanos (OEA), o Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras (GCUB) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), com o apoio da Divisão de Temas Educacionais do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, publicaram na terça-feira, 11 de novembro, uma lista com mais de 450 candidatos selecionados para receber bolsas de estudo do Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação (PAEC) OEA-GCUB 2014.

Os candidatos selecionados vêm de 26 países membros da OEA e, a começar no primeiro ou no segundo semestre de 2015, estarão em programas de estudos de mestrado ou de doutorado em uma das 46 universidades brasileiras participantes.

As bolsas a serem destinadas para os primeiros 125 candidatos selecionados abrangem os custos de inscrição, mais uma bolsa mensal para as despesas pessoais, outra para aprendizagem da Língua Portuguesa nas universidades de destino e um subsídio único para despesas de deslocamento.

Para esta quarta edição do programa, cerca de 75 bolsas de estudo serão oferecidas especificamente a estudantes na área da saúde, como resultado de acordo assinado entre a OEA e a OPAS em fevereiro de 2014.

Desde a primeira edição até a atual, o programa entregou cerca de mil bolsas de estudo para estudos de mestrado e de doutorado em mais de 50 universidades. De 2005 até hoje, o número anual de bolsas de estudo concedidas pela OEA mais que triplicou, de 570 para 1.855.

O programa de bolsas OEA-GCUB 2014 é um dos maiores e mais importantes da OEA. Esta iniciativa visa integrar ainda mais as universidades brasileiras com os demais países da região, bem como estimular o intercâmbio científico e cultural, a internacionalização e mobilização dos estudantes das Américas e a promoção do desenvolvimento humano.

O Comité Consultivo de Avaliação do PAEC OEA-GCUB, composto por professores de alto nível de universidades de diferentes regiões do Brasil, reuniu-se na sede da OEA em Washington, Estados Unidos da América, entre 27 e 31 de outubro para avaliar e classificar as milhares de solicitações recebidas e para selecionar os bolsistas.

A Comissão tomou a decisão final a considerar os critérios de distribuição geográfica ampla e equitativa para o benefício de todos os Estados membros da OEA, assim como as maiores necessidades das economias menores e relativamente menos desenvolvidas, com especial atenção aos que vêm de países com baixos Índices de Desenvolvimento Humano, segundo critérios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), assim como à diversidade de gênero e ao impacto potencial do candidato quando retornar ao país de origem.

A sessão de abertura da Comissão em Washington contou com a presença do representante interino do Brasil junto à OEA, Breno Dias da Costa; da secretária executiva para o Desenvolvimento Integral da OEA, a norte-americana Sherry Tross; da diretora do Departamento de Desenvolvimento Humano, Educação e Emprego da OEA, Marie Levens, do Suriname; da diretora executiva do GCUB, Rossana Valéria de Souza e Silva; e da assessora de Pesquisas sobre Promoção e Fortalecimento de Sistemas de Saúde da OPAS, Eleana C. Villanueva, do Peru.  :::

Mais informações neste sítio da Organização dos Estados Americanos (em espanhol) do Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação OEA-GCUB 2014.

• Organização dos Estados Americanos:
<http://www.oas.org/pt>

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–– Extraído da Organização dos Estados Americanos (Washington, EUA) ––