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Angola: diretor do Ministério da Cultura defende Estatuto das Línguas Nacionais

In Lusofonia e Diversidade, O Mundo de Língua Portuguesa on 6 de Agosto de 2013 by ronsoar Tagged: , , , , ,

Da Agência AngolaPress e do Jornal de Angola (Luanda, Angola)

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José Domingos Pedro: aprovados alfabetos e transcrição para seis línguas dos povos de Angola.

Benguela — O diretor do Instituto de Línguas Nacionais (ILN), do Ministério da Cultura de Angola, José Domingos Pedro, declarou-se defender a aprovação urgente do projeto lei sobre o Estatuto das Línguas Nacionais de Angola, para promover a inclusão social e fortalecer a unidade na diversidade etnolinguística.

Durante o III Conselho Consultivo Alargado do Ministério da Cultura, realizado na segunda semana de julho em Benguela, o diretor deu conta de que a aprovação do projeto lei, tal como outras ações, visa garantir o cumprimento do Programa de Governação 2012-2017, no domínio das línguas nacionais faladas em Angola.

De acordo com José Domingos Pedro, Angola como país plurilingue, caracterizado pela coabitação entre a Língua Portuguesa e as línguas nacionais, deve promover o ensino destes idiomas e a sua utilização em todas as esferas da vida quotidiana e na comunicação social.

O diretor recomenda o estudo e a análise das línguas por fases, conforme o número de falantes e a formação de pelo menos dois especialistas em linguística africana e, especialmente em línguas bantu e em khoisan. Para essa análise, planeia-se a assinatura de protocolos com instituições de ensino angolanas e do estrangeiro.

Sublinhou constar das linhas prioritárias de atuação a formação de especialistas em línguas nacionais e a execução de projetos de investigação, como o mapeamento linguístico de Angola, a uniformização ortográfica das línguas nacionais, a sua descrição gramatical e a elaboração de léxicos temáticos e de dicionários.

Segundo o responsável, a tradição oral e a educação plurilingue estão entre as prioridades definidas pelo ILN, assim como a organização de uma parceria à volta das línguas nacionais para o combate ao analfabetismo, inclusive pela alfabetização em línguas nacionais.

–– Aprovada análise para regras de línguas nacionais em Angola ––
José Domingos Pedro revelou ainda que o Conselho de Ministros já aprovou seis línguas nacionais que vão ser estudadas. Uma resolução do Conselho de Ministros aprova os alfabetos e as regras de transcrição do quimbundo, umbundo, quicongo, chokwé, oshi-cuanhama e Mbunda.

O diretor do ILN revelou que um outro estudo recomenda o reconhecimento de alfabetos e a respectiva transcrição do ganguela, herero e khoisan. “Os estudos destas línguas estão concluídos e aguardam pela aprovação dos seus alfabetos”, anunciou.

Relativamente ao mapa linguístico de Angola, o diretor do Instituto de Línguas Nacionais refere que os utilizadores dos grupos khoisan, pré-bantu e bantu consideram as respectivas línguas igualmente como línguas nacionais.

A inserção das línguas nacionais no sistema de ensino depara-se com diversos entraves, uma vez que os seus utilizadores consideram as variantes igualmente como línguas nacionais. Como experiência piloto da inserção das línguas nacionais no sistema de ensino, o instituto começa sempre pela variante padrão, enquanto realiza estudos sobre as outras variantes.

–– Em busca da harmonização gráfica ––
Segundo José Domingos Pedro, o trabalho de harmonização da grafia das línguas conta com o apoio do Centro de Estudos Avançados da Sociedade Africana – com sede na Cidade do Cabo, na África do Sul – que colocou à disposição do ILN de Angola investigadores da Zâmbia e Namíbia.

A instituição sul-africana produziu recentemente alguns trabalhos sobre léxicos de base, léxicos temáticos e gramáticas técnicas. Os trabalhos contam com o apoio da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto, de Luanda, e de especialistas de países como República Democrática do Congo, Zâmbia, Congo-Brazzaville e Namíbia.  :::

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–– Extraído da Agência AngolaPress e do Jornal de Angola (Luanda, Angola) ––

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As línguas nacionais de Angola: uma vitória sobre o preconceito – 24 de dezembro de 2012

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