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Portugal: principal destino do programa brasileiro Ciência Sem Fronteiras

In O Mundo de Língua Portuguesa on 5 de Dezembro de 2012 by ronsoar Tagged: , , , ,

O Programa Ciência Sem Fronteiras, do Brasil, pretende conceder mais de 100 mil bolsas de estudo a estudantes universitários brasileiros no exterior.


 

O Programa Ciência Sem Fronteiras foi lançado pelo Governo brasileiro em julho de 2011. Foi criado com o objetivo de conceder bolsas de estudos para alunos do ensino superior, de graduação e de pós-graduação, para intercâmbio em universidades no estrangeiro. O programa também visa trazer às universidades brasileiras investigadores de instituições do exterior, sobretudo para pesquisas nas áreas da ciência e das tecnologias de ponta.

A iniciativa governamental brasileira é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo Ministério da Educação. O programa já contemplou mais de 12 mil estudantes do ensino superior e prevê conceder mais de 100 mil bolsas de estudo em um período de quatro anos.

Dentre os destinos do Programa Ciência Sem Fronteiras, Portugal é o mais visado pelos estudantes bolsistas vindos do Brasil. Ventos da Lusofonia mostra, nos dois próximos artigos a preferência dos estudantes e investigadores brasileiros pelas universidades portuguesas, além dos laços importantes que unem o Brasil e a histórica Universidade de Coimbra.

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–– Portugal é principal destino de alunos de graduação do Ciência Sem Fronteiras ––

Gilberto Costa, de Lisboa (Portugal)
da Agência Brasil
1º. de dezembro de 2012

Parque das Nações, em Lisboa: Portugal é o destino favorito dos estudantes brasileiros bolsistas do Programa Ciência Sem Fronteiras. 

Parque das Nações, em Lisboa: Portugal é o destino favorito dos estudantes brasileiros bolsistas do Programa Ciência Sem Fronteiras.

Portugal é o principal destino dos estudantes brasileiros de graduação bolsistas do Programa Ciência Sem Fronteiras. Do total de 12.193 alunos incluídos no programa, praticamente um em cada cinco optou por cursar parte do ensino superior em uma instituição lusitana. Há em Portugal 2.343 alunos do Brasil – 20 a mais do que o número de bolsistas de graduação nos Estados Unidos, principal destino no programa se forem considerados também os pesquisadores (pós-graduandos).

Os dados, referentes a setembro, são do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) [do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação] e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) [do Ministério da Educação].

Os 783 bolsistas da CAPES estão matriculados em mais de uma dezena de cursos (desde a área de saúde à tecnologia espacial) de 41 universidades e institutos portugueses. O CNPq não informou à Agência Brasil a distribuição detalhada dos seus bolsistas. Além dos graduandos, Portugal recebe 329 doutorandos (84 fazendo curso integral no país, com duração de cerca de quatro anos) e mais 103 pós-doutorandos, por meio do programa.

O total de estudantes e pesquisadores brasileiros das áreas de tecnologia e biomédica em Portugal (2.775) é inferior apenas ao dos Estados Unidos (3.898). O número já supera o de destinos tradicionais de pesquisadores brasileiros como a França (2.478), a Espanha (2.261), o Canadá (1.408), a Alemanha (1.111) e o Japão (680).

Aqui, o mapa infográfico do número de estuantes bolsistas brasileiros beneficiados pelo Programa Ciência Sem Fronteiras e os países onde fazem intercâmbio acadêmico.

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Entre os motivos para a escolha de Portugal, está a inexistência de barreira linguística, uma vez que o país não exige exame de proficiência dos brasileiros, diferentemente dos Estados Unidos, por exemplo, que cobram de estudantes estrangeiros o Test Of English as a Foreign Language, TOEFL. Outro fator que atrai estudantes brasileiros é a possibilidade de integração à produção científica na União Europeia. Além disso, Portugal, apesar da crise, mantém subvenções como a oferta de albergues para estudantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e tem custo de vida mais baixo que outros destinos da Europa com atividade econômica mais forte, como a Alemanha, a Inglaterra e a França.

Estudante de Química Industrial na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Aline Pacheco Albuquerque diz que a escolha de Portugal foi motivada pelo fato de o país não exigir fluência em nenhum outro idioma. “É uma universidade boa que não ia exigir domínio de outra língua no processo de seleção”, diz a estudante se referindo à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde é bolsista.

Para o vice-reitor da Universidade de Coimbra, Joaquim Ramos de Carvalho, o estudante do Ciência Sem Fronteiras tem a oportunidade de ter contato com a produção científica europeia. “Estamos muito empenhados para que os estudantes do Ciência Sem Fronteiras não se limitem à presença em sala de aula. Queremos que tenham interação com toda a parte de inovação e transferência de saber e também com a nossa rede europeia de contatos e de projetos.”

Para o embaixador brasileiro Mario Vilalva, Portugal e Brasil "vivem um momento mágico das relações bilaterais".

Para o embaixador brasileiro Mario Vilalva, Portugal e Brasil “vivem um momento mágico das relações bilaterais”.

 

A presença de tantos acadêmicos brasileiros em Portugal muda o patamar de cooperação dos dois países, avalia o Itamaraty [o Ministério das Relações Exteriores do Brasil]. Juntamente com o Ano do Brasil em Portugal, o Programa Ciência Sem Fronteiras tem sido citado pela diplomacia brasileira como um dos principais alavancadores da aproximação entre os dois países. “Não é só a celebração [cultural] que nos aproxima, mas também a modernidade dos dois países”, comentou o chanceler brasileiro Antonio Patriota ao receber em setembro, em Brasília, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas.

Para o embaixador do Brasil em Portugal, Mario Vilalva, os dois países vivem “um momento mágico das relações bilaterais” e “há uma enorme convergência de interesses”, como na área de cooperação científica.

Segundo o edital da CAPES e do CNPq, o Programa Ciência Sem Fronteiras visa a “propiciar a formação de recursos humanos altamente qualificados nas melhores universidades e instituições de pesquisa estrangeiras”. O objetivo é promover a internacionalização da ciência e tecnologia nacional, estimulando estudos e pesquisas de brasileiros no exterior, com a expansão do intercâmbio de graduandos e graduados.  :::

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COSTA, Gilberto. Portugal é principal destino de alunos de graduação do Ciência Sem Fronteiras.
Extraído da Agência Brasil.
Publicado em: 01 dez. 2012.

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–– A matéria continua no próximo artigo, que trata da importância da Universidade de Coimbra para a formação acadêmica no Brasil e a participação de uma das mais antigas Universidades do mundo no Programa Ciência Sem Fronteiras. ––

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